Encontro conscientiza sobre a luta antimanicomial na capital

Rede de Saúde Mental da região Santana/Jaçanã promoveu atividades no Parque da Juventude

“O Caps, basicamente, segura a minha mão quando o resto do mundo a solta”. É com essa frase que a jovem Letícia Russi Gauna Batista, 22 anos, define o suporte que recebe do Centro de Atenção Psicossocial (Caps), serviço especializado em saúde mental dentro da Secretaria Municipal da Saúde (SMS). A paciente utiliza o serviço há 15 anos e tem construído, ao longo desse tempo, uma relação importante para a busca de autonomia e desenvolvimento pessoal.

“Eu utilizo os serviços do Caps desde 2009, quando tinha apenas sete anos de idade. Comecei no Infantojuvenil e hoje, devido à maioridade, passo pelo Adulto (Jaçanã) e o Álcool e Drogas (AD - Santana). Antes, eu me sentia institucionalizada e acredito ter alcançado mais autonomia. Desde então, a minha vida tem sido dentro e fora do equipamento, que se tornou um espaço para todos os momentos da minha vida, de crises ou não”, avalia Letícia.

Esse resultado reflete as ações do Movimento da Luta Antimanicomial no município, que busca garantir às pessoas com sofrimento mental o direito fundamental à liberdade, a viver em sociedade, além do acesso a cuidados e tratamentos. No reforço a essa proposta e conscientização, a Rede de Saúde Mental do território Santana/Jaçanã e o Centro de Referência Especializado de Assistência Social para a população em situação de rua (Centro Pop) - Santana promoveram, nesta quarta-feira (29), a II Feira do Cuidado: Virada Antimanicomial, na Biblioteca São Paulo, no Parque da Juventude, zona norte da capital.

O psicólogo João Vitor Lemos França, do Caps Adulto Mandaqui, explica que o mês de maio é marcado pela defesa dos direitos das pessoas com sofrimento mental. “Esse encontro chama a atenção sobre a importância da garantia dos direitos à população diagnosticada com sofrimento mental, a fim de relembrarmos o histórico do que foram os manicômios no país e sobre a estruturação do que é hoje o cuidado em saúde mental nos territórios, por meio dos Caps, unidades de acolhimento, serviços residenciais terapêuticos e o cuidado em saúde mental baseado na coletividade”, destaca o profissional.

Ao longo do dia, foram realizadas diversas atividades, como experimentações lúdicas, declamação de poemas, sarau com dança, além de uma feijoada que foi servida no horário do almoço. Mais de 100 pessoas participaram do encontro, entre pacientes, familiares e profissionais da área, reforçando o trabalho da rede de saúde mental no território.

“A Rede de Atenção Psicossocial (Raps) conta com Unidades Básicas de Saúde (UBSs), pontos de urgência/emergência, serviços estratégicos de saúde mental, além de serviços residenciais terapêuticos, unidades de acolhimento e centros de convivência e cooperativa (Ceccos). É uma ampla estrutura para cuidar das pessoas com transtornos mentais, em sofrimento e com problemas em decorrência do uso de álcool e drogas”, conclui a terapeuta ocupacional Adriane Henderson, que atua no apoio técnico aos serviços de saúde mental do território gerenciados pela organização social Sociedade Brasileira Caminho de Damasco.