Dia Mundial Sem Tabaco: 31 de maio lembra os perigos do consumo da substância

Saúde da capital oferece programa antitabagismo, que inclui suporte multidisciplinar, grupos de apoio e tratamento medicamentoso para pessoas com elevado grau de dependência da nicotina

O dia 31 de maio foi estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como dia Mundial Sem Tabaco. O objetivo da data é alertar para os perigos do uso da substância. De acordo com a instituição, o tabaco é responsável pela morte de mais de 8 milhões de pessoas por ano no mundo. Dessas mortes, cerca de 1,3 milhão é de fumantes passivos.

Dentre os países que participam da OMS, o Brasil é um dos que mais se destaca no combate ao tabagismo, obtendo uma redução relativa de 35% desde 2010. Uma das razões para isso é o oferecimento, desde 2001, do tratamento do antitabagismo no Sistema Único de Saúde (SUS).

Iris Cardoso dos Santos, de 57 anos, fumava desde os 15 anos de idade. Ela conta que nunca entendeu que o consumo era um vício e achava que poderia parar facilmente a qualquer momento. Mas quando tomou essa decisão, percebeu que essa seria uma tarefa desafiadora e procurou ajuda no grupo antitabagismo da Assistência Médica Ambulatorial/Unidade Básica de Saúde (AMA/UBS) Integrada Jardim Paulistano, na zona norte da capital.

“Como o abandono do vício depende de mudança de hábito, o índice de sucesso é muito maior quando o indivíduo participa de grupos do que quando ele apenas faz uso de medicamentos”, afirma Liamar Ferreira, da Coordenação de Controle ao Tabagismo da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).

Iris confirma: "O grupo tem sido essencial; aqui eu fui abraçada, como todas as pessoas no grupo são”. Ela, que começou o tratamento em março deste ano, disse que fumava como um mecanismo de fuga, mas que no grupo pode aprender que “o cigarro não é resolutor, ele é causador da problemas”.

Cibele Graciano Coelho Sampaio, enfermeira que coordena o grupo antitabagismo da (AMA/UBS) Integrada Jardim Paulistano, na zona norte, desde 2015, esclarece que, além de ensinar técnicas para deixar o tabaco e dar suporte aos participantes, o grupo “visa melhorar a saúde como um todo”.

Marilene Damaceno, de 66 anos, fumou por mais de 40 anos. Em 2019, iniciou o tratamento e está prestes a comemorar cinco anos sem o uso do cigarro. Para ela, todo o processo gerou um “aprendizado muito bom”, além de ter sentido que o grupo era como uma família. Ela relata ainda que sentiu um forte impacto financeiro: “Ajudou até nas minhas economias, agora eu tenho dinheiro.”

Programa Nacional de Controle do Tabaco
A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) oferece acompanhamento dentro do protocolo do Programa Nacional de Controle do Tabaco e todas as 471 unidades básicas de saúde estão preparadas para acolher os tabagistas, em primeiro lugar mobilizando o indivíduo para que pondere a possibilidade de deixar de fumar. Em 209 unidades da rede também são realizadas atividades específicas de combate ao fumo.

Ao todo, são três meses de tratamento e um ano de acompanhamento. O tratamento consiste em avaliação clínica e reuniões em grupo onde o paciente, por meio da auto observação, entende porque fuma e como esse hábito afeta sua saúde. Ele também recebe informação sobre os riscos de fumar, os benefícios de parar de fumar e define a melhor forma de parada. O tratamento fornece ainda orientações para que o fumante possa lidar com síndrome de abstinência, com a dependência psicológica e os condicionamentos associados ao hábito de fumar, utilizando técnicas de relaxamento e autocontrole para resistir à tentação e prevenir recaídas, além de apoio medicamentoso, se necessário.

Os fumantes que poderão se beneficiar da utilização do apoio medicamentoso são aqueles que, além de participarem (obrigatoriamente) do tratamento intensivo, apresentam um grau elevado de dependência à nicotina. Os medicamentos prescritos, após avaliação médica, são terapia de reposição de nicotina, adesivo transdérmico, goma de mascar e cloridrato de bupropiona. O foco do tratamento é terapêutico. A medicação é a última escolha, como apoio aos casos mais complexos.

Quem quer deixar de fumar deve se dirigir a uma UBS e será encaminhado a uma unidade de referência para tratamento intensivo ao fumante. A localização de todas as unidades está disponível na plataforma Busca Saúde. 

Problemas do Tabagismo
O tabagismo está associado ao surgimento de diversas doenças. Segundo Ministério da Saúde, os fumantes, comparados aos não fumantes, apresentam um risco 10 vezes maior de adoecer de câncer de pulmão, cinco vezes maior de sofrer infarto, cinco vezes maior de sofrer de bronquite crônica e enfisema pulmonar e duas vezes maior de sofrer derrame cerebral. O vício também contribui para o desenvolvimento de tuberculose, infecções respiratórias, úlcera gastrintestinal, impotência sexual, infertilidade, osteoporose, catarata e entre outras doenças.

É válido lembrar que os fumantes passivos também podem sofrer consequências. Mesmo que não haja contato direto com a fumaça, a fuligem que fica impregnada em peças de roupa, por exemplo, pode causar alergias, doenças pulmonares e cutâneas.

A maior parte das doenças são causadas pelo fumo do tabaco, incluindo os chamados cigarros eletrônicos ou vapes, mas os produtos que não produzem fumaça, como o rapé, também estão associados ou são fator de risco para o desenvolvimento de câncer de cabeça, pescoço, esôfago e pâncreas, assim como para muitas patologias buco-dentais.