Francis conta como foi liderar a equipe do Samu no resgate a vítimas de enchentes no RS

O médico pediu demissão de outro emprego que conciliava com o atendimento no Samu e passou 14 dias na missão da prefeitura

A foto mostra Francis, um homem japonês, de cabelos pretos, usando o uniforme do Samu. Ele está parado em frente e uma ambulância do serviço.
O médico liderou a equipe do Samu na missão da prefeitura ao Rio Grande do Sul. (Foto: Diuvlgação/SMS)

O médico Francis Albert Fujii, 45, atua há 16 anos no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Criado em uma família simples, em que o pai conseguiu estudar até a 3º série do 1º grau, ele imaginava que seguiria alguma profissão na área de exatas pela sua facilidade com cálculos e números na época da escola, mas sente que foi escolhido pela medicina antes do vestibular.

Durante o curso superior, na Faculdade de Medicina de Marília (Famema), já tinha preferência pelo atendimento de urgência. “Eu sempre gostei de sala de pronto-socorro, de poder ajudar a salvar um paciente crítico chegando. A grande beleza do atendimento pré-hospitalar é você atender o paciente aonde ele está, aonde ele precisa.”
 
Apesar da difícil decisão de precisar pedir demissão de outro emprego que conciliava com o atendimento no Samu, Francis não teve dúvidas diante da situação no Rio Grande do Sul (RS) e, ao saber da missão da prefeitura, decidiu imediatamente integrar a força-tarefa e partiu no comboio do município à frente da equipe do Samu.
 
Baseados na cidade de Canoas, uma das mais afetadas pela tragédia, a 18km de Porto Alegre, eles atuarem durante 14 dias no resgate de pessoas em locais de risco. O trabalho local sensibilizou o olhar do médico para o sofrimento alheio. “Não teve um dia em que a gente não chorou. As pessoas estão sofrendo, perderam tudo aquilo que elas tinham de material. Perderam a sua referência, que é a sua casa, o seu conforto, a sua zona de segurança.”
 
Incansáveis, prestaram o atendimento e cuidaram das vítimas das enchentes. A falta de rotina para o sono, a alimentação e o contato frequente com o mundo externo eram desafios o tempo todo, mas a cada resgate realizado, a motivação se restaurava. “Foi muito bonito perceber que no meio de tanta dor pode haver espaço para a esperança, a resiliência e a força de vontade.” Segundo o médico, o reconhecimento das famílias durante os resgates os emocionava.
 
Pai de Arthur e Rafael, de 11 e 8 anos de idade, Francis diz que “encontra no carinho e na preocupação dos filhos o incentivo para continuar”. Para ele, o exemplo que transmite com ações como essa são importantes para os pequenos. “No final, o que importa é ser uma referência positiva de conduta para eles”, conclui.
 
A foto mostra Francis junto com os dois filhos na Avenida Paulista após participar da São Silvestre.
Francis com os dois filhos após correr a São Silvestre, em 2023. (Foto: Acervo pessoal)
 
Q+ 
O esporte ganhou um papel de destaque na vida de Francis. Praticante de ioga, natação, corrida e musculação, ele concilia os horários de trabalho e dedica o seu tempo para atividades que cuidem do corpo e da saúde mental. 
 
 
Para conhecer mais um pouco mais Francis, assista: