Especialista em saúde pública, Selma colhe os frutos do trabalho que a fortalece diante dos desafios da vida

A servidora está há 18 anos no SUS e conta sobre sua atuação na rede municipal

Há 18 anos, a fonoaudióloga, doutora pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Selma Anequini Costa, 57, trabalha no Sistema Único de Saúde (SUS) na capital paulista. Antes da trajetória como servidora, conheceu o SUS de um outro ângulo. “Como professora universitária, levava meus alunos para estágios em Unidades Básicas de Saúde (UBSs), em comunidades, hospitais, e comecei a conhecer o SUS desse ponto de vista. Logo percebi que queria estar dentro do sistema, atuando de fato”, conta.
 
A partir dessa curiosidade pulsante, estudou e passou no concurso da Saúde, entrou logo em uma vaga na Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa). “Como outros profissionais da saúde, ainda não tinha clareza do que faria ali e nem noção da abrangência da vigilância”, explica. Poucos meses foram suficientes para que ela não apenas entendesse o funcionamento da área, mas também para que se apaixonasse pela vigilância. Na época, seu filho mais novo, Eduardo, estava com apenas seis meses e Pedro com 5 anos de idade. “Eu conseguia conciliar a maternidade com o trabalho, porque sempre tive o auxílio da minha mãe e marido. É fundamental poder contar com uma rede de apoio.”
 
A foto mostra Selma, uma mulher branca, de cabelo castanho escuro. Ela está sorrindo. Ela usa uma camiseta preta e um colar
A servidora está há 18 anos no SUS (Foto: Divulgação/SMS)
 
Selma conta que uma fase muito importante em sua carreira foi a atuação como técnica e, posteriormente, como coordenadora na Unidade de Vigilância em Saúde (Uvis) Jabaquara/Vila Mariana. Por lá, enfrentou a pandemia do H1N1 e atuou no trabalho de controle da sífilis congênita. No Centro Especializado em Reabilitação (CER) Ceci também atendeu crianças com sífilis congênita. De volta à Covisa, ela atuou em surtos de dengue, febre amarela, sarampo e Covid-19, já com a experiência adquirida no território.
 
Nesse processo, o filho Eduardo adoeceu. Foram poucos dias entre o diagnóstico e o falecimento do caçula aos 11 anos. O trabalho, então, passou a ser seu refúgio, além de sustento. Como diretora da Divisão de Vigilância Epidemiológica (DVE), ela entrou de cabeça na espiral da pandemia de Covid-19. “O trabalho sempre foi um grande aliado, me fortaleço trabalhando. Foi muito difícil lidar com a pandemia, na fase sem vacina, e criar protocolos de enfrentamento de uma doença sobre a qual havia poucas informações científicas. A chegada da vacina foi um alívio, mas trouxe o desafio de priorização dos grupos. Sentir que, junto com a equipe, estávamos fazendo tudo que estava ao nosso alcance, foi o que nos deu força”, conta.
 
Experiência reconhecida
Na Coordenadoria de Atenção Básica (CAB), ela aplicou tudo o que aprendeu de vigilância em saúde. E uma das coisas que a pandemia revelou é a importância de fortalecer a rede e prepará-la ainda mais para situações que exigem resposta rápida. Foi então que iniciou a implantação dos Núcleos de Vigilância em Saúde (Nuvis-AB), nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs). Antecipou a meta de 2025, consolidou os 473 Núcleos, e essa experiência concorre agora como finalista na categoria Larga Escala do Premia Sampa, iniciativa da Prefeitura de São Paulo que reconhece projetos de alcance em toda a cidade. “Nesse trabalho com o território, eu acredito em uma liderança empática, com firmeza e clareza do ponto de vista técnico, mas com delicadeza e carinho, o que aproxima as pessoas e as coloca dentro do processo”, destaca.
 
A foto mostra Selma de pé orientando seis pessoas que estão sentadas em um círculo. O grupo é composto por 5 mulheres e um homem.
Nas oficinas com integrantes dos Nuvis, finalistas do Premia Sampa (Foto: acervo pessoal) 
 
Q+
A dança e um animal de estimação, aliados recentes na vida da servidora. “Desde 2022, faço aula de dança em vários ritmos. É bem cedinho, às 7h já estou lá”, diz. Com incentivo do filho Pedro, a família adotou uma gatinha, a Petra. Tudo isso foi importante para amenizar o sofrimento. “Entendi que a vida tem que ter trilha sonora. Se ela exige coragem de nós,
como diz Guimarães Rosa, também pode ser mais leve com a música.”
 
Para conhecer mais da história de Selma, assista: