Saúde apresenta linha de cuidado pioneira para infarto agudo do miocárdio

Área hospitalar da SMS realiza ações para redução no tempo do atendimento, diagnóstico precoce e uso de trombolítico, com expressiva redução da mortalidade. A capital é pioneira no uso de trombolítico na rede pré-hospitalar

A Secretaria Municipal da Saúde (SMS), por meio da Secretaria Executiva de Atenção Hospitalar (SEAH), formalizou a linha de cuidado do infarto agudo do miocárdio na cidade de São Paulo, durante o I Fórum da Linha do Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), voltado a profissionais e instituições parceiras da SMS. O evento aconteceu na última segunda-feira (24).

A estimativa é de que com a implementação do protocolo único para as unidades de saúde municipal, que vem sendo estruturado nos serviços de urgência e emergência da rede municipal na última década, o número de óbitos decorrentes de IAM na rede tenha sido reduzido de 30% para 4%.

“Este evento é um marco para registrar esta história que é feita no dia a dia dos serviços, e que é toda baseada em ciência”, comenta a secretária executiva de Atenção Hospitalar (SEAH) da SMS, Marilande Marcolin, ressaltando que ao longos dos anos a gestão municipal tem investido significativamente na rede de urgência e emergência por meio de inovação tecnológica, ampliação de unidades de saúde e equipamentos, melhorando a oferta de leitos e de serviços, além de protocolos, insumos, medicações, capacitações e aumento de recursos humanos.

A foto mostra uma mesa em um evento, composta por vários homens e mulheres (ao fundo, vê-se um painel onde está escrito "Fórum da Linha de Cuidados do IAM

Profissionais da SMS compõem a mesa do Fórum da Linha de Cuidado do IAM (Acervo/SMS)

Como funciona a linha de cuidado
Marilande explica que a linha de cuidado do IAM se constitui em um “fluxo” que toda pessoa que sofre um infarto segue ao chegar em qualquer das unidades de urgência formada por hospitais gerais, Samu, unidades pré-hospitalares e de alta complexidade.

A rede pré-hospitalar é hoje a principal porta de entrada para urgência e emergência da cidade. Compreendida pela Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e Prontos-Socorros (PSs), ela é responsável pelo encaminhamento dos casos urgentes para os grandes hospitais da cidade, e possui capacidade estrutural, equipe de profissionais, insumos de medicamentos e ambulâncias que possibilitam realizar os procedimentos necessários em tempo oportuno.

Uma vez que um paciente chega à unidade com queixa de dor toráxica, ele passa pelo acolhimento e classificação de risco, sendo imediatamente encaminhado para a realização de um eletrocardiograma, que permite ao médico confirmar se ocorreu o infarto. A partir daí os pacientes podem seguir dois caminhos: os casos de infarto com supra de ST (condição médica grave que ocorre quando há um bloqueio repentino do fluxo sanguíneo para uma parte do músculo cardíaco) considerados elegíveis realizam trombólise com o trombolítico Tenecteplase, sendo encaminhados para o cateterismo em até 24 horas. O Infarto sem supra, o menos grave, também necessita de cateterismo, mas com menos urgência, por isso o paciente é encaminhado para o hospital de referência para realizar o procedimento em até 72 horas.

Capital é pioneira no uso de trombolítico na rede pré-hospitalar
Uma das grandes novidades da linha de cuidado é que a rede municipal de São Paulo garante, de forma pioneira, que as pessoas que sofreram infarto agudo recebam o medicamento trombolítico ainda na rede pré-hospitalar, com a cobertura dos custos garantida pelo município (o Sistema Único de Saúde banca o produto apenas na rede hospitalar).

Outro passo importante foi o estabelecimento de um convênio com o Hospital Beneficência Portuguesa, para a realização do cateterismo no prazo recomendado, e, caso haja alteração nos resultados do exame, para a realização dos procedimentos necessários.

Segundo Marilande, por mês são atendidos dentro do protocolo cerca de 80 pacientes que necessitam do uso do trombolítico e da realização do cateterismo com urgência; outros 600 se enquadram nos casos de menor urgência. Destes, no entanto, cerca de 100 necessitam passar por uma angioplastia, que também é realizada pelo Beneficência Portuguesa. “Esse fluxo, que hoje cumprimos em poucos dias, já chegou a demorar mais de dois meses”, ressalta a secretária executiva da Atenção Hospitalar.

"Fizemos um grande investimento na área da cardiologia com o objetivo de diminuir o número de mortes por infarto na cidade. Isso mostra o avanço da Saúde em São Paulo e, se hoje temos resultados positivos, muito se deve ao esforço de todos”, afirma o secretário municipal da Saúde, Luiz Carlos Zamarco, que esteve presente ao evento.

O sucesso nos resultados com a linha de cuidado para IAM na cidade de São Paulo chamou a atenção da Sociedade Paulista de Cardiologia, que validou o protocolo e deve promover a sua implantação em outros locais.

Unidade Amiga do Coração
“Chegamos a receber 80 pacientes por dia com dor torácica e diagnóstico de infarto com supra e que foram atendidos e trombolisados em tempo; a linha de cuidado permite encaminhamento e resolução rápida dos casos”, comenta a supervisora técnica da UPA Tito Lopes, Marta da Rocha Silva, acrescentando que uma das preocupações na unidade pré-hospitalar é justamente o diagnóstico dos pacientes que chegam. “Trabalhamos permanentemente com os funcionários para melhorar a nossa comunicação, de forma que logo ao entrar o paciente receba o diagnóstico”.

Durante o I Fórum da Linha do Infarto Agudo do Miocárdio, a SMS também lançou o selo Unidade Amiga do Coração, que estará nos 77 equipamentos da rede pré-hospitalar e hospitalar. O selo indica a implantação da linha de cuidado em cada uma das unidades e o treinamento do seu corpo de profissionais. Iniciado em 2019, o trabalho de capacitação da rede pré-hospitalar alcança cerca de cinco mil profissionais por ano, e teve continuidade inclusive durante a pandemia de Covid-19. Hoje, 100% das unidades fazem parte da linha de IAM e estão capacitadas.