“Julho Amarelo”: Mês de luta contra as hepatites virais

A hepatite viral é uma grande ameaça à saúde global, com cerca de 296 milhões de pessoas vivendo com hepatite B crônica e 58 milhões de pessoas vivendo com hepatite C crônica em todo o mundo, em 2019.

O Dia Mundial da Hepatite (World Hepatitis Day) é comemorado anualmente em 28 de julho, aniversário do Dr. Baruch Blumberg (1925-2011). O Dr. Blumberg descobriu o vírus da hepatite B em 1967 e dois anos depois desenvolveu a primeira vacina contra a hepatite B, e por essas conquistas, recebeu o Prêmio Nobel de Medicina em 1976.

O Dia Mundial da Hepatite é um dos oito dias oficiais de saúde mundiais específicos para doenças designadas pela Organização Mundial da Saúde. A observância anual concentra a atenção no enorme impacto da infecção por hepatite viral globalmente - com mais de 350 milhões de pessoas em todo o mundo vivendo com hepatite B ou C crônica.

Organizações em todo o mundo usam o Dia Mundial da Hepatite para aumentar a conscientização sobre o problema e o que precisa ser feito para fortalecer os esforços na prevenção, triagem e controle da hepatite viral.

No Brasil, a campanha “Julho Amarelo” ocorre durante todo o mês de julho e foi instituída pela Lei nº 13.802/2019 que tem por finalidade reforçar as ações de vigilância, prevenção e controle das hepatites virais.

A Secretaria Municipal da Saúde (SMS), por meio do Programa Municipal de Hepatites Virais (PMHV), órgão da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (COVISA), intensificará as ações de testagem, com teste rápido ou sorologia para hepatites B e C, e a vacinação de hepatite B em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBSs). As ações fazem parte da campanha Julho Amarelo, que visa conscientizar e alertar a população sobre os riscos e a importância de prevenir as hepatites virais.

Além disso, as Unidades de Vigilância em Saúde (UVIS) também promoverão treinamentos para os profissionais de saúde da rede municipal para atualizar e ampliar os conhecimentos sobre o tema.

As hepatites virais, que são o objeto da campanha Julho Amarelo, são inflamações do fígado causadas por vírus denominados pelas letras do alfabeto em A, B, C, D e E.

Vale ressaltar que, a hepatite também pode ser causada por outros vírus ou pelo uso de alguns medicamentos, álcool e outras drogas, assim como por doenças autoimunes, metabólicas ou genéticas.

Nem sempre a doença apresenta sintomas, mas quando aparecem, estes se manifestam na forma de cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.

Hepatite A: Está diretamente relacionada às condições de saneamento básico e de higiene. Na maioria dos casos, a hepatite A é uma doença de caráter benigno, contudo a sintomatologia e a gravidade aumentam com a idade, podendo apresentar evolução para hepatite fulminante. Não existe tratamento específico, apenas tratamento sintomático. Existe vacina, incluída no calendário nacional de vacinação infantil, disponível nas unidades básicas de saúde, e para adultos e adolescentes, em serviços especializados, centros de referência em infecções sexualmente transmissíveis (ISTs)/AIDS e nos Centros de referência em imunobiológicos especiais (CRIEs).

Hepatite B: A Hepatite B é uma doença com importante número de casos; atinge maior proporção de transmissão por via sexual e contato sanguíneo. A melhor forma de prevenção para a hepatite B é a vacina, associada ao uso do preservativo.

Hepatite C: Tem como principal forma de transmissão o contato com sangue. A hepatite C é a principal causa de transplantes de fígado. Não tem vacina.

Vale salientar que tanto a Hepatite B como a C podem evoluir para cirrose ou câncer de fígado na sua forma crônica. Mas a Hepatite A não apresenta forma crônica.

Saiba mais sobre a Hepatite A

Saiba mais sobre a Hepatite B e C

Formas de contágio

No Brasil, as hepatites virais mais comuns são causadas pelos vírus A, B e C. Existem ainda, com menor frequência, o vírus da hepatite D (mais comum na região Norte do país) e o vírus da hepatite E, que é menos frequente no Brasil.
A hepatite A é transmitida pelo contágio fecal-oral, pela ingestão de água e/ou alimentos contaminados com fezes, especialmente em locais com condições precárias de saneamento básico e rede de esgoto.

A hepatite B tem transmissão importante pela relação sexual desprotegida. As hepatites B e C são transmitidas pelo contato com sangue contaminado, através do compartilhamento de seringas, agulhas, lâminas de barbear, alicates de unha e outros objetos perfurocortantes. A transmissão da mãe para o filho (transmissão vertical) ocorre principalmente no momento do parto. A transmissão por transfusão de sangue ou hemoderivados foi uma forma de transmissão importante no passado, mas, atualmente é considerada rara, tendo em vista o maior controle e a melhoria das tecnologias de triagem de doadores, além da utilização de sistemas de controle de qualidade mais eficientes.

As hepatites A, B e C apresentam a forma aguda quando acontece a infecção, e em geral curam espontaneamente. Mas as hepatites B e C podem não curar, ficando crônicas, sendo estas as formas que podem evoluir para cirrose ou câncer de fígado, contribuindo para alta mortalidade. Assim, os esforços globais priorizam a eliminação das infecções por hepatite B e C.

A baixa cobertura de testagem e tratamento é a lacuna mais importante a ser abordada na campanha do “Julho Amarelo“ para atingir as metas da Organização Mundial da Saúde na eliminação das hepatites até 2030.

O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece diagnóstico e tratamento para as hepatites B e C, segundo os critérios de testagem e tratamento do Ministério da Saúde.

A falta do conhecimento da existência da doença é o grande desafio, por isso, a recomendação é que todas as pessoas com 40 anos ou mais de idade, façam o teste, gratuitamente, em qualquer posto de saúde e, em caso de resultado positivo, façam o tratamento que está disponível na rede pública de saúde.