Neste primeiro semestre, as portas do Teatro do CEU Inácio Monteiro se abriram para receber os ícones da dramaturgia brasileira, a atriz Fernanda Montenegro com o espetáculo “Viver Sem Tempos Mortos” e o ator Reynaldo Gianecchini com a apresentação da peça “Cruel”.

Cerca de 1000 pessoas apreciaram os espetáculos e na ocasião se emocionaram com “Viver Sem Tempos Mortos”, peça baseada nas memórias de Simone de Beauvoir e nas cartas que ela escreveu a Jean-Paul Sartre, e também com a peça “Cruel”, de autoria do sueco August Strindberg, que trata de uma trama que mistura drama e suspense, ao explorar as relações, como amor, ódio, desconfiança e paixão.

“Viver Sem Tempos Mortos”

Dirigido por Felipe Hirsch e sob direção de arte de Daniela Thomas, o texto da peça é uma colagem de trechos dos escritos de Simone, que foi produzido em conjunto por Fernanda Montenegro e pelo tradutor Newton Goldman.
No palco, um cenário quase todo preto, com apenas uma cadeira e um ponto de iluminação, a atriz Fernanda Montenegro, durante 60 minutos, faz um monólogo que prende a atenção de todos, com seu dom de interpretar com paixão, energia e audácia, a história da escritora Simone de Beauvoir, considerada a mulher que revolucionou a visão do universo feminino, e que por isso esteve à frente de seu tempo no século XX e ainda hoje permanece com pensamentos sobre a existência e a essência feminina. Ao formar um dos casais mais célebres do século, Simone foi ao lado de Jean-Paul Sartre uma expoente da liberdade.
Sem omissões, sem disfarces, sem floreios, sem justificativas, Fernanda não precisou de outros artifícios para vestir sua personagem. Bastou pequenas alterações de voz e olhares para dar conta da essência da vida de uma das mulheres mais influentes do século passado. Os fragmentos do pensamento de Simone, refletidos em palestras, debates, documentários, exposição e livros, também não foram esquecidos durante o espetáculo, inclusive de que “ninguém nasce mulher, torna-se mulher independente, submissa e pressionada pela sociedade. A diferença entre a mulher e o homem, não é física e nem biológica e sim cultural”, interpreta Fernanda Montenegro.

“Cruel”

Sob adaptação e direção de Elias Andreato, a peça tem no elenco os atores Reynaldo Gianecchini que interpreta o personagem Gustavo considerado um homem movido pela vingança, capaz de conduzir situações para conquistar seus objetivos. Com isso, o personagem se aproxima da ex-mulher, a sedutora Tekla (papel de Maria Manoella), para manipular seu atual marido, o inseguro pintor Adolfo, vivido por Erik Marmo, que acaba caindo nas armadilhas do egocêntrico e cruel Gustavo, que o leva à morte.