A canalização de rios e córregos favorece enchentes

Desastre em BH comprova que a estratégia pode ser mais prejudicial

É comum as subprefeituras receberem pedidos para canalizar rios e córregos. Para muitos é a solução contra margens cheias de mato e lixo, mas a explicação para o recente desastre registrado em Belo Horizonte, além do excesso de chuva (choveu o triplo da média esperada para janeiro, 935,2 mm), está justamente nessa prática que se alastrou pela capital mineira.
No município de São Paulo essa estratégia foi abandonada.No passado, o córrego Saracura, que segue vivo nos subterrâneos da avenida 9 de julho, foi contido numa galeria. Isso explica os tormentos que a região enfrenta ainda hoje na região do Anhangabaú e Praça das Bandeiras, quando chove em excesso. O saracura é sú um  exemplos. Há outros.

A criação e parques lineares e os recentes “jardins de chuva” são mais baratos é seguem o ritmo da própria natureza. Marcus Vinícius Polignano, do projeto ambiental Manuelzão, ligado à Universidade Federal de Minas (UFMG), diz que o "encaixotamento" dos córregos transforma cursos d'água em "canhões hidráulicos". "No modelo da natureza, sabiamente, os cursos d'água são sinuosos, serpenteiam, para quebrar a força da água. Na canalização, coloca-se o córrego retilíneo e o concreto, o que torna a velocidade da água muito maior."
Outra ideia defendida por alguns é obrigar as construtoras a incluir em seus projetos caixas coletoras de água com capacidade igual a que o terreno teria se mantivesse a permeabilidade.
Individualmente, entretanto, cada proprietário de imóvel poderia espontaneamente manter uma parcela do terreno apenas com cobertura vegetal para a absorção da água da chuva. Infelizmente, especialmente nas grandes cidades, ocorre o inverno. Essas áreas são cada vez mais raras e as enchentes mais frequentes.