Investimento da Prefeitura em ações de combate a enchentes bate recorde na cidade de São Paulo

Valor investido entre 2021 e 2024 é maior do que soma dos 18 anos anteriores e pode chegar a R$ 7,6 bilhões até o fim deste ano

 

Os investimentos da Prefeitura de São Paulo para contratação e manutenção de ações de combate a enchentes nos últimos quatro anos foram os maiores já registrados na capital. De acordo com dados da execução orçamentária, o investimento foi de R$ 2,1 bilhões em 2023, valor recorde para um único ano - e que representa uma execução de mais de 90% do orçamento.

Ao todo, o orçamento da Prefeitura para o período 2021 a 2024 prevê investimentos que podem chegar a R$ 7,6 bilhões até o fim deste ano. Deste total, R$ 5,9 bilhões já foram aplicados na contratação de obras e serviços, valor superior a todo o investimento realizado nos 18 anos anteriores (2003 a 2020), que foi de R$ 5,3 bilhões.

O percentual de empenhos sobre o valor orçado chegou a 78,7% do total, maior percentual de execução para um quadriênio desde o período 2005 a 2008, e que deve crescer até dezembro.

Os valores liquidados, ou seja, que já foram pagos aos fornecedores e prestadores de serviços, também foi maior entre 2021 e 2024 do que a somatória dos pagamentos realizados entre 2003 e 2020. Foram R$ 4,9 bilhões pagos até a primeira semana de maio, ante R$ 4,8 bilhões nos 18 anos anteriores.

Entre 2003 e 2008 os empenhos e liquidações alcançaram percentuais de mais de 90% em relação aos valores orçados, mas os investimentos anuais desse período ficaram abaixo de R$ 150 milhões. De 2009 a 2012, os empenhos chegaram a 66% e os pagamentos atingiram 64%.

Entre 2013 e 2016, o valor orçado pela Prefeitura chegou a R$ 4 bilhões. No entanto, nem metade disso foi efetivamente liquidado e apenas 51% foi contratado. Já no período de 2017 a 2020, os valores empenhados e liquidados chegaram a 76% e 59%, respectivamente.

Os investimentos mencionados englobam obras, serviços, manutenções, intervenções no sistema de drenagem, sistemas de monitoramento e obras e serviços nas áreas com riscos geológicos - como inundações e deslizamentos.

O levantamento foi feito a partir de informações disponíveis no Portal de Dados Abertos da Prefeitura, atualizadas em 6 de maio; e os valores descritos são os da época dos investimentos.

 

Piscinões ampliam capacidade de armazenamento de águas
Os novos piscinões que a Prefeitura constrói na capital desde 2021 ampliarão, ao todo, em 1,7 bilhão de litros de água a capacidade de armazenamento de volumes excedentes de água em dias de chuva.

O total investido na construção desses piscinões chega a R$ 800 milhões, dos quais R$ 144 milhões são das obras já finalizadas e R$ 656 milhões das construções em andamento.

 

Já finalizados

- Reservatório Taboão: 188 mil m³ de água
- Reservatório da Lagoa Aliperti: 110m³ de água
- Reservatório Paciência: 106 mil m³ de água
- Reservatório R3 Aricanduva: 6 mil m³ de água

Em execução

- Reservatório Morro do S: 192 mil m³
- 4 reservatórios em Perus: 791 mil m³ de água
- Reservatório Antonico: 133,5 mil m³ de água
- Reservatório Lapenna: 33,3 mil m³ de água
- Reservatório Parque do Carmo: 36 mil m³ de água
- Reservatório Água dos Brancos: 192 mil m³ de água


Além dos piscinões, a Prefeitura investe ainda em outras obras, como na construção de galerias, e na drenagem ou canalização de córregos. Entre as obras já finalizadas para drenagem, canalização e construção de galerias, destacam-se as do Córrego Anhanguera, no Córrego Dois Irmãos, no Rio Aricanduva, na Rua Augusto Farina, na Rua Rosa Mendes, na Rua Ibiporanga, na avenida dos Sertanistas e no Parque Chico Mendes. Também estão em execução várias outras obras em toda a capital:

- Córrego São Luiz - Novas galerias
- Córrego Piraporinha - Novas galerias
- Córrego Pirajuçara - Adequação do canal
- Córrego Veleiros - Canalização
- Av. Caboré - Canalização e requalificação urbana
- Rua Jacofer - Novas galerias
- Av. Nossa Senhora do Ó - Novas galerias
- Jardim Vila Minerva - Novas galerias
- Córrego Itaquera - Canalização
- Córrego Rola Moça - Canalização
- Córrego Lajeado - Canalização
- Córrego Água Vermelha - Canalização
- Av. dos Semaneiros - Novas galerias
- Rua Manoel Bolívar - Novas galerias
- Córrego Água dos Brancos


Além da zeladoria constante na cidade, existem diversas iniciativas da Secretaria Municipal das Subprefeituras (SMSUB) para mitigar os impactos da chuva na capital, como programas para predição da chuva, maior aumento de permeabilidade do solo e contenção de enchentes:

Jardim de Chuva
Os jardins de chuva são um sistema de pequenos reservatórios que servem para diminuir os impactos das grandes chuvas, são jardins onde a água permeia o solo através de uma rede de drenagem subterrânea. Sua vegetação filtra os poluentes da chuva e ajuda a entregar uma água mais limpa para os rios e córregos. O primeiro Jardim de Chuva foi implantado em 2017 na cidade e, atualmente, conta com 337 jardins espalhados por todas as regiões da capital.

Bosque de Conservação
Os bosques de conservação são mini florestas com remanescentes de biomas ameaçados (Mata Atlântica e Cerrado), que funcionam como “pulmões”, com o objetivo de ampliar permeabilidade, mediante a captação de águas de chuva; reconstituir habitats naturais; recuperar ecossistemas; aumentar a cobertura vegetal e preservar a flora e fauna nativa da cidade e contribuir para a diminuição da poluição do ar ao transformar parte do gás carbônico em oxigênio.

Atualmente existem nove bosques na cidade, sendo sua maioria ao longo da marginal Tietê devido ao grande tráfego ininterrupto de veículos na região.

Sistema Urano
Desde janeiro de 2022, o Município passou a contar com o Sistema Urano, que usa os dados meteorológicos para agir de forma preditiva durante as chuvas. O sistema é um módulo de gestão que usa a inteligência artificial para análise dos dados capturados em diversas bases climáticas. A ferramenta norteia 24 horas todas as ações, além de monitorar o volume dos piscinões.

O Urano tem um status privilegiado no sistema de gerenciamento de zeladoria. Assim que detecta o alagamento, instantaneamente é aberta uma ordem de serviço para pronto atendimento. Um exemplo é o serviço de hidrojato, com o uso de alta pressão para desobstruir a sujeira que não permite o pleno escoamento da água da chuva.

Em 2023, a Secretaria instalou 100 sensores em áreas alagáveis e as 30 estações meteorológicas novas, se somam ao que a cidade já tinha, com monitoramento em tempo real. A instalação começou em julho e segue em andamento. Com o cruzamento de dados, como temperatura, umidade relativa do ar, direção do vento e acumulação e intensidade das chuvas, o Urano emite dois tipos de alertas:

1- Alagamento Ativo: Emissão de Ordem de Serviço automática de Bombeamento Emergencial e acionamento de equipes de zeladoria.
2- Após-Alagamento: Emissão de Ordem de Serviço automática de Hidrojateamento (limpeza de galerias de drenagem) e acionamento de equipe de zeladoria.