Tecnologia ajuda a tornar reciclagem mais eficiente em central de triagem

Utilização de máquinas permite separação de até 250 toneladas de materiais por dia

A Central Mecanizada de Triagem Carolina Maria de Jesus, em Cidade Ademar, tem nos resíduos descartados no dia a dia, sua matéria-prima para tornar a cidade de São Paulo mais sustentável.

Responsável pela coleta, transporte e destinação adequada de resíduos domiciliares, a concessionária EcoUrbis, que presta o serviço à Prefeitura de São Paulo, atende 19 Subprefeituras e administra o local.

Vidro, plástico, papelão, materiais ferrosos e não-ferrosos, papel, PEADs (polietileno de alta densidade) - geralmente utilizados em mangueiras e canos para limpeza e construção -, garrafas PET e filmes são os materiais encaminhados à Central pelos caminhões de coleta seletiva.

Ao chegarem ao espaço, em área de 4.820,97m², os sacos são rasgados mecanicamente. O conteúdo é encaminhado às esteiras, até um equipamento que separa os materiais por tamanho. A partir dessa etapa, são novamente direcionados a diferentes esteiras. O material é conduzido, então, a sensores óticos que discriminam o que recebem por peso e formato – 2D [papel, papelão] ou 3D [tubos, garrafas, embalagens longa vida]. Quase chegando a seu destino final, passam pela cabine de triagem realizada por agentes ambientais – agindo como controle de qualidade, ao retirarem eventuais impurezas. Na última etapa, os materiais chegam aos silos automáticos. Reunidos pelo mesmo tipo, são prensados e comprimidos, formando fardos destinados às indústrias de transformação da capital.

A Central tem capacidade para separação de até 250 toneladas de materiais por dia. “Essa quantidade, infelizmente, não costuma ser atingida. Precisamos que haja maior adesão à separação correta de materiais para coleta seletiva”, diz Elisângela Leal, coordenadora de Educação Ambiental da EcoUrbis.

Essa separação deve respeitar algumas condições: toda vez que descartamos materiais como garrafas PET e embalagens contaminados com líquidos, engorduradas ou com restos de comida, torna-se impossível realizar a reciclagem – e temos mais lixo para os já saturados aterros da cidade.

Elisângela ressalta, ainda, o trabalho de conscientização realizado junto aos moradores de bairros atendidos pela coleta seletiva, e a divulgação de horários e datas do recolhimento no site a Ecourbis.

“Estamos atuando, também, em escolas. Temos de construir, a longo prazo, a necessidade de consciência ambiental na base”, finaliza.

Sobre Carolina Maria de Jesus

A Central Mecanizada de Triagem foi nomeada em homenagem à poeta mineira Carolina de Jesus, mulher simples, semi-analfabeta e catadora, que construiu seu próprio barraco com materiais que encontrava.

Alguns, contudo, guardava com carinho: eram livros e cadernos com folhas em branco em que anotava suas impressões críticas sobre as desigualdades sociais de seu tempo.
Escreveu “Quarto de Despejo”, livro que vendeu mais de 80 mil cópias no Brasil traduzido para mais de 40 idiomas.