Exposição 'Nossas Raízes' leva a beleza indígena à Praça das Artes

Até sexta-feira (20), visitantes podem conferir a mostra que reúne imagens do evento anual realizado na Unidade Básica de Saúde (UBS) Aldeia Indígena Jaraguá, em celebração a cultura do povo Guarani.

Da Secretaria Especial de Comunicação:

A Prefeitura de São Paulo, por meio da Coordenadoria Regional de Saúde (CRS) Norte e da Aldeia Jaraguá-Kwarãy-Djekupé (STS Pirituba), promoveu nesta terça-feira (17), a abertura da mostra fotográfica Nossas Raízes. A mostra é sobre a preservação da cultura dos povos indígenas atendidos pela Unidade Básica de Saúde (UBS) Aldeia Indígena Jaraguá, da rede municipal de saúde.

O fotógrafo e servidor público da Saúde, Jonathan Muniz, responsável pelo registro do 7º Dia da Beleza Indígena, disse que foi conquistado pela receptividade, carinho, olhar e, principalmente, pela sinceridade dos moradores da aldeia do Jaraguá. “Essa mostra é resultado do sentimento despertado em mim pelo povo Guarani. Essa exposição valoriza os povos indígenas que vivem na cidade de São Paulo. Eles, que são os verdadeiros donos dessa terra. Eles são nossas raízes”, disse.

O acervo ficará exposto ao público, na Praça das Artes (Avenida São João, 281, Centro) até sexta-feira (20), das 8h às 20h, com fotografias que retratam o evento anual Dia da Beleza Indígena, realizado pela Coordenadoria Regional Norte da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de São Paulo para celebrar a cultura da população atendida pela Saúde na UBS.

“O evento de hoje remeteu-me ao dia em que estive na aldeia. Lá, senti-me leve, senti-me em paz. Isso porque eu estava no meio de pessoas que se preocupam com pessoas. Eles têm o verdadeiro senso de comunidade. É uma única família, onde um cuida do outro, um verdadeiro elo. Elo este que nós, brancos, perdemos no dia a dia agitado da cidade grande. Ao visitar a aldeia e reviver todas as emoções neste dia de abertura, pude recuperar esse senso de união. Pra mim tem sido uma evolução, um crescimento muito grande”, comentou Muniz.

‘A cultura indígena não morreu’

 Entre os indígenas que participaram do Dia da Beleza Indígena estava Djera Retemirim Marcia, mãe de Poty’I Lauane, de sete meses e que foi uma das modelos da exposição. Para ela, essa é uma forma de mostrar que a cultura indígena não morreu.

“Fico muito feliz em ver as fotos expostas ao público. Dessa forma, é possível mostrar que a cultura indígena não morreu. A cultura indígena existe aqui em São Paulo. Temos nossas tradições, nossas vestimentas e pinturas que são de grande importância pra nós. Fico feliz em ver que as pessoas estão valorizando nossa cultura”, disse.

Segundo a assistente social Para Mirim Jaciara, a exposição ajuda a divulgar a resistência Guarani, mostrando que existem indígenas vivendo na capital paulista. “Essa mostra traz visibilidade para a comunidade e cultura indígena. Esses tipos de ações deveriam acontecer mais vezes, pois mostram um pouquinho do que é a nossa cultura”, comentou.

 Para o líder da aldeia Jaraguá e apoiador de Saúde Indígena, Karai Dje Kupe Thiago Henrique, a visibilidade que esse tipo de evento traz para a comunidade é importante, pois representam o último povo indígena da cidade. “No Pateo do Colégio tem a história do povo Guarani que iniciou a cidade de São Paulo e a gente nunca teve esse respeito. A língua Guarani nunca foi oficializada no município. A gente vive há anos aqui. Mas é boa a oportunidade de participar desse evento hoje”, afirmou.

Beleza Indígena

Na edição deste ano, realizada no dia 26 de junho, mais de 600 pessoas acompanharam a programação do Dia da Beleza Indígena, que contou com orientações sobre os cuidados com a saúde, apresentações de música e dança, exposição de artesanato produzido na aldeia e o tradicional desfile dos aldeões.

Entre as atividades do evento podemos destacar a palestra sobre alimentação saudável, degustação do Mbaipy, prato da culinária guarani, apresentação da banda local Teko Porá e da dança Xondaro, que além de expressar a manifestação cultural da aldeia desenvolve o equilíbrio do corpo e promove a saúde.

Outra tradição mantida pelos indígenas do Jaraguá é a prática do arco e flecha, que o público pôde experimentar com a supervisão dos guerreiros locais. O desfile das seis aldeias da região do Jaraguá, com roupas confeccionadas pelas mulheres das tribos, foi protagonizado pelos homens, mulheres e crianças das comunidades.

Os modelos também exibiram acessórios, pintura típica facial e corporal e os tradicionais cocares da cultura dos povos preservados nessa região. O coral formado por crianças e jovens da aldeia guarani interpretou músicas cujo tema foi a paz.

Saúde indígena

A UBS Aldeia Jaraguá atende 650 indígenas por mês, com serviços nas áreas de saúde bucal, atendimentos médicos, psicológicos e de enfermagem. As equipes realizam também visitas domiciliares, além do trabalho da assistência social e grupos educativos.

A UBS é composta por cirurgião dentista, farmacêutico, médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, saúde bucal e administrativo, Agente Indígena Comunitário de Saúde, Visitador Sanitário, Agente de Promoção Ambiente e Assistente Social, Conta ainda com o apoio da equipe Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF), com Terapeuta Ocupacional, Fisioterapeuta, Nutricionista, Fonoaudiólogo, Psicólogo, Médico Pediatra, Assistente Social e Médico Ginecologista.

A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de São Paulo tem duas unidades básicas dedicadas ao atendimento dos povos indígenas. A UBS Aldeia Indígena do Jaraguá e as UBS Krukutu Tenondé Porã, em Parelheiros, sob a gestão da Coordenadoria Regional Sul.