Escola Estufa atrai a comunidade

São mostrados tópicos como agricultura alternativa orgânica

 

A professora prepara a sala enquanto os alunos vão chegando. Todos se acomodam para mais um dia de atividades, contudo aqui algo é diferente. As disciplinas não são tradicionais como português e matemática, mas sim adubação, agricultura alternativa orgânica, cultivo em recipientes recicláveis, aproveitamento integral das hortaliças e identificação, controle de pragas e ervas aromáticas. É dia de aula na Escola Estufa Lucy Montoro, cuja unidade de Santana foi inaugurada no dia três de outubro e tem atraído um número cada vez maior de interessados. O Projeto Escola Estufa Lucy Montoro foi criado em 2009 pela Secretaria Municipal de Participação e Parceria (SMPP) com o objetivo de instituir espaços de convivência, educação e exercício para produção de mudas de árvores nativas, espécies para paisagismo e atividades agrícolas. As 31 Subprefeituras da capital já receberam suas unidades e estão em funcionamento. Na região de Santana/Tucuruvi a Escola Estufa está instalada na Rua Álvaro de Abreu, no setor de Áreas Verdes da Subprefeitura com as aulas ministradas por Julhiana Costal. Formada em Artes Plásticas pela Belas Artes em 2008 ela é também Educadora Ambiental e seus trabalhos de criação a levaram a se conectar com os elementos da natureza, fazendo com que conhecesse a Permacultura. “Uma definição mais resumida desse termo é ”cultura permanente" e é a observação do funcionamento dos ciclos naturais, dos padrões da natureza e a transferência desses padrões para o ambiente planejado abrangendo diversas áreas como bio-construção, produção de alimentos sem agredir o meio ambiente, aproveitamento de energias locais e de fontes renováveis, buscando o fechamento de ciclos, sem gerar resíduos e a auto-suficiência”, diz ela. Após o primeiro contato com a Permacultura, a educadora fala que passou a buscar mais informações sobre o tema e a se interessar pela produção de alimentos nas cidades e fazendo inúmeros cursos de agricultura e horticultura. Segundo Costal sua experiência como artista plástica lhe permite usar a criatividade na Permacultura desenvolvendo desenhos interessantes esteticamente e que sejam funcionais. “Quando conseguimos sair do quadrado e usar nosso poder criativo construímos novas formas e passamos a ter uma nova visão do mundo, percebendo que a simplicidade é o melhor caminho para uma qualidade de vida melhor”, enfatiza. As aulas são divididas entre teoria e prática e, de acordo com Julhiana Costal, uma complementa a outra, com os alunos tendo um envolvimento maior nas atividades práticas. Para ela o contato com a terra é pleno o qual é dificultado pela vida nas grandes cidades. “Somos carentes desse contato, pois foi sufocado pelo asfalto que nos impede de respirar. E quando temos a oportunidade de se reconectar, percebo o quanto isso faz bem às pessoas”, afirma. A primeira turma do curso em Santana/Tucuruvi é composta por dez alunos, todos adultos, cujo interesse maior é à busca de soluções simples e fáceis para desenvolver uma horta em pequenos espaços. No tocante às crianças Julhiana diz haver um trabalho para elas, inclusive com aulas em escolas. “A falta de interesse de projetos que levem a educação ambiental às crianças é a grande questão. Tenho certeza que deveria ser uma matéria como outra qualquer em todas as escolas”, coloca. A colheita das hortaliças é sempre feita ao final do curso o que se constitui um momento de celebração e conscientização social, inclusive com a produção sendo doada pra entidades carentes como orfanatos e creches. Julhiana diz que este ato busca orientar os alunos de que a Escola Estufa é da comunidade e que todos podem participar do programa. A turma da unidade Santana/Tucuruvi tem alunos muito aplicados e, entre eles, estão Keli Neves e Orlando Pereira de Oliveira. Neves enaltece iniciativas como a Escola Estufa, cujos cursos são bem elaborados e que podem integrar várias pessoas de idades, profissões ou nível intelectual diferentes. Seu principal interesse no curso são as ervas medicinais e cultivo orgânico. “Com as técnicas que estão sendo apresentadas será possível fazer uma pequena horta em casa ou no apartamento utilizando vasos ou canteiros. É ótimo para quem tem pouco espaço e, principalmente, a não utilizar agroquímicos”, diz. Ela, afirma ainda, que o curso a fez conhecer pessoas do bairro com interesse comum pelas hortaliças. Por sua vez, Orlando Pereira também enaltece a Escola Estufa. “É uma boa iniciativa em orientação orgânica. Tenho interesse em montar uma horta e aprender mais sobre hortaliças, além do aprimoramento sobre orgânicos”, ressalta. Um outro diferencial da unidade Santana/Tucuruvi são as bancadas altas que facilitam o manuseio das hortaliças para qualquer pessoa, sobretudo as que têm alguma dificuldade física. Julhiana Costal completa dizendo que programas como esse deveriam ser levados para todas as grandes cidades do país. “As práticas saudáveis e simples que podem ser implementadas no cotidiano das pessoas de forma fácil, é só ter a informação e criatividade. Afinal, não é a natureza que tem que ser salva, somos nós”, conclui.

 

Serviço:
Escola Estufa da Subprefeitura Santana/Tucuruvi
Endereço: Rua Álvaro de Abreu, 290 A – Jd. São Paulo – Setor de Áreas Verdes
Informações e inscrições: 3113-9629 ou 3113-9683
www.prefeitura.sp.gov.br/conpares