O exército laranja

Conheça quem são os homens que garantem a limpeza do sistema de drenagem de nossa região

por Taylanne Domingos

Já parou para pensar quem limpa a sujeira que vai para os bueiros? Engana-se quem pensa que são os coletores de lixo doméstico. Também utilizando suas fardas laranja, a exemplo dos coletores, são os bueiristas os responsáveis por esse indispensável trabalho.

Logo cedinho, enquanto muitos ainda nem acordaram, eles já estão lá, nas ruas, para efetuar a limpeza dos bueiros. Uma frota de dois caminhões, um utilitário e um exército de dez homens são o bastante para formar uma boa equipe de higienização. Na maioria das vezes, a ação é feita manualmente, contando com a ajuda de pás, mangueiras. No entanto, em alguns casos, é imprescindível que o profissional entre no bueiro para retirar objetos como garrafas pets e sacolas plásticas. Aparentemente inofensivos, são esses os principais vilões da função dos bueiristas. “Garrafas pets e sacolas plásticas não deveriam ser jogados nos bueiros. Eles têm um grande poder de entupimento, causando transtorno para os próprios moradores quando vem a chuva”, explica Jefferson Gomes de Souza, 33, encarregado de uma das equipes da Subprefeitura, durante ação na Avenida Reverendo Israel Vieira Ferreira, na Vila Medeiros.

Um dia sem limpeza de bueiros em toda a cidade seria o início do caos, principalmente em períodos chuvosos. Infelizmente, nem todo paulistano está ciente dessa realidade. Jefferson confessa que ele e seus colegas sofrem grande preconceito pelas ruas, durante o horário do expediente. “Certa vez entrei no banco com meu uniforme durante o horário de almoço e percebi que as pessoas me olhavam torto. Até um garoto ficou puxando minha roupa e me chamando de lixeiro”, desabafa ele, que não gosta de ter sua profissão confundida com a de outros profissionais, tão dignos quanto.

O que essas pessoas que vêem com menosprezo a função dos bueiristas não sabem é que eles cumprem período diário de 08 horas exaustivas de trabalho lidando com cheiros ruins, dejetos de todos os tipos e, por vezes, situações desagradáveis. “O que a gente mais encontra em bueiros são cachorros e gatos mortos”, revela Jefferson, que também diz ter encontrado até balas de revólver descartadas irregularmente.

Apesar de tantas dificuldades, a equipe cumpre sua função com muito bom humor e alegria. Quando perguntado se gostava do trabalho que realizava, o encarregado afirma que “sim”. “Sempre quis fazer algo para ajudar a sociedade, os cidadãos e acho que consegui. Alguns moradores reconhecem esse nosso trabalho e, em algumas ocasiões, até recebo elogios”, anima-se Jefferson.

Ser bueirista é uma profissão, mesmo que alguns ignorem esse fato. A capacitação de um bueirista não depende de graduação, curso técnico ou profissionalizante, mas apenas de um treinamento que estes recebem, para que possam utilizar o equipamento com segurança. Esta é a história de homens lutadores, que dão um show de simpatia e conhecem a sociedade de outra forma. Eles sabem muito sobre seu lixo e, consequentemente, sobre você.

A população pode contribuir com a manutenção da limpeza não jogando lixo nas ruas. Uma vez acumulado nas valetas e sarjetas, os resíduos lançados irresponsavelmente são conduzidos aos bueiros e galerias, entupindo-os. Em épocas de chuva, a água não encontra caminhos para escoar, sendo represada por esses materiais, levando ao surgimento de alagamentos de grandes proporções. O serviço de limpeza de bueiros é realizado periodicamente e obedece uma programação planejada para atender a todos os bairros. Caso haja necessidade, o serviço pode ser solicitado através do telefone 156, do site HTTP://sac.prefeitura.sp.gov.br ou na Praça de Atendimento (Rua General Mendes, 111).