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Quinta-feira, 6 de Dezembro de 2012 | Horário: 13:30
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Olimpíada de Matemática premia 27 alunos da Rede Municipal de Ensino de São Paulo

Um grupo de 27 alunos da Rede Municipal de Ensino de São Paulo foram medalhistas na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), a maior do mundo.

Eles são bastante jovens. Têm menos de 15 anos e, claro, ainda não escolheram a profissão. Como a maioria dos adolescentes, sonham. Um planeja ser jogador de futebol, outro é fascinado pela obra do cantor Chico Buarque e quer ser escritor e a outra gosta mesmo é de ouvir música e acha que ainda é muito cedo para pensar no assunto. Em comum, um feito e tanto. Por serem feras nos cálculos e no raciocínio, fazem parte do grupo de 27 alunos da Rede Municipal de Ensino de São Paulo, medalhistas da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), a maior do mundo.

 

A OBMEP é um projeto que tem como objetivo estimular o estudo da Matemática e revelar talentos na área. Neste ano, em sua 8ª edição, testou o conhecimento de mais de 19 milhões de alunos. Os resultados são animadores: 4,5 mil ganharam medalhas de ouro, prata e bronze e, a partir de 2013, vão participar do Programa de Iniciação Científica Jr. (PIC). Com isso, estudarão Matemática por um ano, com bolsa de R$ 100 por mês, oferecidas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

 

É ouro!

 

“Eu gosto de desafios, qualquer um eu estou dentro”. Caique Cober Souza tem 12 anos e estuda na Escola Municipal de Ensino Fundamental Amorim Lima (zona Oeste) desde os 7. Este ano conquistou medalha de ouro, depois de menção honrosa em 2011. Com a conquista do ano passado, topou um desafio maior e também conquistou uma bolsa do PIC, o que o levou a estudar Matemática, durante um ano, pelo menos dois sábados por mês, em período integral. Agora, com o ouro na mão, vai usufruir da bolsa do CNPQ até a pós-graduação, caso abrace os números como profissão. “O prêmio é bem interessante para o meu currículo, mas por enquanto o que quero é ser jogador de futebol”.

 

Caique é um dos quatro alunos medalhistas da EMEF Amorim Lima. Seu colega Mauro de Azevedo Marques também levou ouro e outros dois – José Bergamin Rodrigues e Ravi Cavalieri Campos – embolsaram prata e bronze. “O segredo é o projeto que dá autonomia aos alunos e os instiga a ir além daquilo que é exposto em sala de aula”, diz a professora de Matemática Maria Silvia Braga Rios. Ela acrescenta que a participação dos pais e união entre os professores é também fundamental. O projeto da escola foi fortalecido, há três anos, com uma parceria com o Instituto de Matemática e Estatística (IME) da Universidade de São Paulo (USP).

 

Maria Alice conta que já passaram pela escola 50 estudantes da USP, futuros professores de Matemática, que fizeram da Amorim Lima mais que um laboratório de ensino da disciplina. “É um espaço de desenvolvimento, não é experimental, eles criaram novas maneiras de atrair o aluno”, conta a professora. Docentes de outras disciplinas, como Português e Ciências, além de Matemática, participaram de cursos na universidade. Para a professora, isso tem uma consequência direta no aprendizado dos alunos. “O mérito deles é ter embarcado no projeto da escola e terem entendido que podem sempre mais”, diz.

 

É prata!

 

Quando soube que havia passado na primeira fase da Olimpíada, Rafaela Gonzalez Rocha, 12 anos, que estuda no 7º ano da EMEF Professor Almeida Júnior (zona Sul), deixou a música um pouquinho de lado. E fez um plano de estudos com sua professora de Matemática. Duas horas diárias de estudo da disciplina, além do uso das provas dos anos anteriores como teste. “Sentei até na escada de casa para estudar”, lembra feliz. Orgulhosa, a professora Quezia Brandão dos Santos conta que é a primeira vez que tem um aluno premiado e diz que além da dedicação para a Olímpiada os resultados que chegam são por conta de um trabalho integral, que conquista o aluno. “Eles gostam de ser desafiados, mas ainda há receio com a disciplina e, por isso, temos que inovar.” Além de Rafaela, a escola também levou ouro, conquistado pelo aluno João Pedro Salgado Silva.

 

Rafaela, que adora porcentagem e fração, já tem como meta a medalha de ouro e mostra que maneiras de estudar não faltam no dia a dia. “Eu ajudo a minha mãe em casa, no mercado e nas compras”, conta. E garante que Matemática é sua matéria preferida.

 

É bronze!

 

Mal soube de sua premiação na olimpíada, e Victor Thor Rossi Amorim, 14 anos, que estuda na EMEF Assad Abdala (zona Leste), falou com sua professora para, juntos, criarem um plano de trabalho de aula para ajudar os colegas mais novos. A bolsa do CNPQ vai para o projeto. “Estou recebendo muitas oportunidades e pensei em dar um retorno para minha escola”, explica.

 

A escola tem apenas três anos de vida e já vem desenvolvendo experiências significativas, conta a professora Susan Quiles Quisbert. “Fazemos recuperação paralela com os alunos que tenham mais dificuldades e avançamos no ensino com aqueles que apresentem mais habilidades com a disciplina”, diz. Segundo Susan, para quem a formação é tudo, a vitória de Victor é a prova de um bom trabalho feito em equipe e com muito estudo por parte dos próprios professores. “Trabalhamos com pesquisa e levamos nossos estudos para a sala de aula”, garante. Susan compartilha com as outras professoras de Matemática a certeza de que o aluno precisa desenvolver o todo, o raciocínio lógico e não apenas fazer contas.  “A Matemática não é algo robotizado.”

 

E de robô o Victor não tem nada. Ele passa mais de oito horas por dia na escola, participando de todos os projetos que aparecem: aula de italiano, monitor de Sala de Informática, auxiliar do professor de Sala de Leitura e é um dos alunos com uma cadeira na Academia Estudantil de Letras da escola, iniciativa que os alunos se tornam estudiosos de grandes escritores. O dele é Chico Buarque de Holanda.  Ano que vem ele parte para uma escola de Ensino Médio, já pensando em voltar para a Assad Abdala. “Vou sentir saudades, eu passo muito tempo na escola. Pensei em pegar um horário da semana e transmitir o que estou aprendendo para os menores”, informa. “Afinal, tudo o que a gente recebe, tem que retornar à sociedade”, ensina.

 

Confira o nome dos premiados

 

 

 

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