Secretaria Especial de Comunicação

Quinta-feira, 3 de Janeiro de 2008 | Horário: 11:16
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Programa Córrego Limpo já despoluiu sete cursos d'água da Capital

A iniciativa da Prefeitura em conjunto com o governo estadual melhorou as condições de vida mais de 130 mil pessoas com a limpeza de sete cursos d'água em nove meses de trabalho.
Mais de 130 mil moradores da cidade de São Paulo já foram beneficiados pelo Programa Córrego Limpo, uma parceria da Prefeitura com o governo do Estado, por meio da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). Em nove meses de trabalho, a iniciativa já despoluiu sete córregos: Carandiru/Carajás, próximo ao Parque da Juventude; Tenente Rocha, perto do Campo de Marte; Horto Florestal/Ciclovia, nas proximidades da pista de caminhada do parque, em Santana; Charles de Gaulle, em Pirituba; Invernada e Parque do Cordeiro, em Santo Amaro; e Caxingui, no Butantã.

“Nossa meta é melhorar a qualidade de vida dos cidadãos. Para isso, é indispensável reduzir o problema da poluição de rios e córregos da cidade. A limpeza e a recuperação dos 42 córregos selecionados pelo Programa vão beneficiar mais de dois milhões de paulistanos, além de evitar a transmissão de doenças e o mau cheiro”, diz o prefeito de São Paulo.

Os córregos foram escolhidos de acordo com o caráter prioritário e o impacto ambiental gerado na vizinhança de cada um. Até o fim do programa, a Prefeitura e a Sabesp terão investido R$ 200 milhões.

Apesar de não abastecerem diretamente a população, os córregos interferem nas condições de saúde e saneamento. Durante as enchentes, as águas da chuva se misturam com os esgotos não tratados e com o lixo, agravando os prejuízos aos moradores das áreas atingidas. A poluição da água também pode ser a causa de doenças, proliferação de insetos, além de trazer outros incômodos, como o mau cheiro.

Um dos primeiros córregos beneficiado pelo programa, o Charles de Gaulle, no parque São Domingos, por exemplo, está livre do despejo de esgotos e de ligações clandestinas. Canalizado há mais de 20 anos, o córrego conta agora com um sistema de coleta recuperado e ampliado pela Sabesp, com novas redes coletoras e ligações, afastando os esgotos das proximidades das águas. A área de intervenção é de 750 metros quadrados e cerca de 8.500 moradores da vizinhança são beneficiados.

Zulmira Braga, moradora da avenida há 23 anos, percebeu que após as obras o ambiente está melhor: “O cheiro era muito forte e tinha muito rato. Mas agora melhorou bastante”, conta. A Subprefeitura de Pirituba faz, periodicamente, a limpeza manual do córrego, a capinação das margens, instalou 180 metros quadrados de pista de passeio em piso intertravado, construiu mais 1.620 metros quadrados de calçamento e realizou reparos nas interferências da rede de microdrenagem (bocas-de-lobo e galerias).

Parte das margens do córrego também receberam um tratamento paisagístico, com plantio de flores. Manoel Valério Ribeiro Soares, que mora no Parque São Domingos desde 1965, está satisfeito: “Faço caminhadas na área verde que margeia o córrego. As calçadas construídas facilitaram bastante a acessibilidade”.

A despoluição do Tenente Rocha também mudou a vida dos moradores de Santana (Zona Norte). Esse é o caso do administrador de empresas Rinaldo Felix. Durante os últimos anos, toda vez que saía de casa, ele pensava em vender o sobrado que fica na vila onde nasceu, 40 anos atrás. O motivo? O cheiro insuportável vindo do córrego. O “tapete de sujeira”, formada por uma mistura de lodo com esgoto, por onde passavam ratos o tempo todo, deixava claro que o Tenente Rocha estava praticamente morto. Em poucos meses, no entanto, as ações do Programa Córrego Limpo deram vida nova ao Tenente Rocha e Rinaldo viu sua casa ser valorizada como era antes. “A despoluição era um sonho de todos aqui do bairro. Voltar a contar com a natureza na porta de casa não tem preço”, comemora Rinaldo.

Os dois quilômetros do córrego Tenente Rocha, que fica próximo ao Campo de Marte, beneficiam uma população de 40 mil pessoas. A Sabesp executou 600 metros de redes coletoras, 15 interligações de redes e mais de mil metros de interceptores foram projetados. A Subprefeitura de Santana limpou o leito e as margens do córrego e notificou 135 imóveis que estavam com as ligações de esgotos irregulares. O índice de poluição orgânica, utilizado para medir a limpeza do córrego, caiu de 101 miligramas por litro, em maio de 2006, para 25mg/l, em setembro de 2007, o que significa que a água está em boas condições, permitindo até a existência de peixes.

O córrego Caxingui, que fica nas proximidades do Morumbi e abrange uma área de 1,70 quilômetro quadrado de bacia, foi o primeiro córrego da Zona Oeste a ser beneficiado pelo programa. Despoluído no trecho entre a nascente até a avenida Francisco Morato, o Caxingui agora tem as águas limpas e habitadas por peixes. No trabalho de recuperação, a Sabesp executou serviços de desobstrução e limpeza e manutenção de redes coletoras existentes para garantir a perfeita operação do sistema, evitando lançamentos de esgotos para o córrego, execução de prolongamento de rede coletora na praça Renato Cecchia e realização de vistorias em toda a rede coletora e poços de visita. Executou ainda 115 metros de prolongamento de rede coletora de esgoto e quatro ligações domiciliares na rua da praça Renato Cecchia com a rua Sanharó.

Já a Subprefeitura do Butantã, que faz a limpeza periódica do leito e das margens do córrego, roçando e capinando o mato, limpou a faixa no fundo das casas da rua João Scatiotti e multou os imóveis com esgoto irregular. Em paralelo aos serviços operacionais, também são realizadas coletas de amostras para monitoramento da qualidade da água do córregos, atividade que acontece pelo menos uma vez ao mês. O resultado da soma dessas iniciativas foi a significativa queda da carga poluidora do córrego de 95 para 10 Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), o que significa que nesse trecho a água está despoluída.

Os córregos Invernada e Parque do Cordeiro, em Santo Amaro (Zona Sul), que até o ano passado apresentavam águas poluídas e com cheiro ruim em determinadas épocas do ano, agora estão totalmente limpos, beneficiando 5,9 mil pessoas (3,1 mil no Invernada e 2,8 mil no Parque do Cordeiro). A qualidade da água, medida periodicamente pela Cetesb segundo a DBO no caso do Invernada, saltou de 45 miligramas por litro em novembro de 2005 para 5 miligramas por litro em setembro de 2007. No Parque do Cordeiro, o número caiu de 61 miligramas por litro em dezembro de 2005, para 2 miligramas por litro, em setembro de 2007, lembrando que, quanto menor o número, mais limpo o córrego. De acordo com esse índice, as águas dos dois córregos poderiam até ser utilizadas para a rega de hortaliças.

O Invernada foi canalizado depois de 40 anos de reivindicação dos moradores, após a reintegração de posse de uma área cortada pelo córrego, que até então era ocupada pelo Clube da Cidade Amigos de Moema. E, para completar os trabalhos, a rua Confiteor foi reaberta e um ferro-velho que atuava ilegalmente na região foi fechado. As ruas do entorno, tais como Jesuíno Maciel, Vieira de Morais e Zacarias de Souza, foram recapeadas.

“Esse é o resultado de uma luta de anos dos moradores do Campo Belo por uma obra de infra-estrutura que possibilitou uma melhor vazão das águas pluviais e da rede de esgoto, eliminando o cheiro e o acúmulo de sujeira.

Só temos a agradecer a Prefeitura e à Sabesp pela realização do Programa Córrego Limpo. Agora só falta a implantação do Parque Linear”, afirma o presidente da Nova Associação Pró Campo Belo, Silvio de Freitas.

O parque linear nas margens do córrego Invernada, situado entre as ruas Sapoti, travessa Canção Excêntrica e rua Confiteor, no Campo Belo, terá uma área de 4 mil metros quadrados com espécies nativas, tais como alecrim-de-campinas, cedro, guapuruvu, pau-ferro, sapucaia e ipê-roxo. O parque também terá playground, áreas de estar, passarela e caminhos para passeio.

Para manter o córrego limpo, a Sabesp faz o monitoramento da qualidade da água a cada três meses. No processo de limpeza, a empresa realizou obras para melhorar os sistemas de esgoto no entorno das duas áreas, evitando a contaminação dos córregos. No Invernada, foram feitas 55 ligações de esgoto diretas e executados mais de mil metros de redes coletoras. No córrego Parque do Cordeiro, foram 54 ligações diretas e 840 metros de redes coletoras implantados. A limpeza beneficiou 707 imóveis. Além disso, a Subprefeitura Santo Amaro ampliou a galeria da rua Breves para diminuir os riscos de alagamento na região. E ali há outra novidade: a inauguração de um trecho do parque linear (que está sendo construído no local) de 11 mil metros quadrados, com quadra poliesportiva, campo de bocha, ciclovia mirim, pistas de skate, caminhada, com direito a um pequeno lago e um teatro de arena. No total, o parque terá 34 mil metros quadrados e ficará na Chácara Monte Alegre, entre as avenidas Professor Rubens Gomes de Souza e Professor Vicente Rao, incluindo as ruas Breves e Dr. José Ferraz de Oliveira. O investimento total da Prefeitura no parque é de R$ 1,6 milhão.

De modo geral, as 18 subprefeituras envolvidas no Programa Córrego Limpo ficam encarregadas da limpeza manual ou mecânica dos córregos, da revitalização das margens, notificação, autuação, fiscalização e, às vezes, remoção das moradias irregulares. À Sabesp cabe eliminar a emissão de esgotos por meio de obras de prolongamento de redes, coletores e interceptores, aumentar o número de ligações domiciliares de esgotos, além de fazer a manutenção das redes já existentes e monitorar periodicamente a qualidade da água.

Educar para prevenir

Mais do que despoluir e manter os córregos limpos, a parceria entre Prefeitura e Sabesp trabalha na conscientização e educação ambiental da população diretamente beneficiada pelo programa. No bairro do Itaim Paulista, por exemplo, onde fica o córrego Itaim, Sabesp e Subprefeitura promovem visitas às obras do coletor-tronco Itaim, que possibilitará o encaminhamento dos esgotos para tratamento e à Estação de Tratamento de Esgotos de São Miguel, com o objetivo de despertar nos moradores o interesse em ajudar a cuidar do córrego.

Mais de 200 alunos de 4ª a 8ª séries de escolas municipais da região já participaram do programa. “A parceria Prefeitura e Sabesp é boa e as palestras de educação ambiental devem ser intensificadas”, conta a professora Luciana Acorone. Os alunos que participaram também gostaram da iniciativa. “Achei bem interessante porque a gente está fazendo um trabalho sobre a poluição da água e isso está nos ajudando bastante na pesquisa. Eu passava pelo local das obras, mas não sabia o que estava sendo feito. Agora já sei direitinho, quanto tempo vai demorar e para que servirá", diz Patrícia, aluna da 8ª série.

Para manter limpos os córregos que já foram despoluídos e evitar novas invasões nas margens, a alternativa encontrada foi construir parques lineares, com quadras poliesportivas, pistas para caminhadas, ciclovias, mesas para jogos, pistas de skate e muita área verde. Ao todo serão 15 os parques construídos ao longo dos córregos.

O Sapé, por exemplo, já está bastante adiantado. O parque vai desde a rodovia Raposo Tavares até a avenida Engenheiro Politécnico. Em três trechos, de um total de seis, as obras estão em execução. A etapa de construção civil já está acabada nessa área, faltando apenas a parte paisagística, que deve ficar pronta ainda este ano. O projeto contempla ainda a construção de uma passarela, de quadra poliesportiva, pista de caminhada e ciclovia.

“Mesmo antes de ficar pronto o parque já está mudando a nossa vida. Antes eu ficava o dia todo com as crianças dentro de casa porque o parque mais perto fica do outro lado da Raposo Tavares e para atravessar a rodovia com meus filhos pela passarela ficava muito longe. Só íamos mesmo quando o meu marido tinha condições de ir junto, só de domingo. Agora eu os levo para brincar aqui pertinho quase todos os dias”, conta a dona de casa Sueli de Paula, que mora na rua Francisco Gutierrez há mais de 20 anos.


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