Prefeitura de São Paulo

Fabrício – nome fictício – viveu 20 dos seus 45 anos em um hospital psiquiátrico, na capital do estado. Uma história de vida que ganha novo tom neste Natal. O ex-interno marca o início de uma nova etapa com roupa especial. Ele será o Papai Noel numa reunião organizada pelo Centro de Atenção Psicossocial (Caps) de Sapopemba. Na festa de confraternização, que acontece nesta próxima sexta-feira (14/12), ele entregará os presentes. No entanto, o maior de todos já tem dono: "Venci mais um ano. Agora sou livre. Posso tocar minha vida", afirma o rapaz que não chora o tempo que passou.

A reinserção de Fabrício na sociedade exemplifica parte do trabalho realizado pela rede de atenção em saúde mental do município. São 45 Caps, espalhados pela capital, que atendem cerca de 500 mil pacientes por ano. Muitos deles com histórias semelhantes ao do "Papai Noel" de Sapobemba. Boa parte também com um final feliz. Nas unidades, essas pessoas recebem suporte médico e ambulatorial especializado que acompanham nesta jornada em busca do equilíbrio. "Os Caps vieram para mostrar que é possível inserir estes pacientes na sociedade, com acompanhamento e dedicação essas pessoas podem levar uma vida feliz", afirma o coordenador da Área Técnica de Saúde Mental da Secretaria Municipal da Saúde, José Moura.

Nos Caps, as atividades são planejadas com o intuito de resgatar a auto-estima de cada paciente. E isso se estende às famílias e amigos daqueles que são monitorados pelos profissionais que trabalham nas unidades. Com essa interação se busca ampliar a rede de suporte social que permitirá a recuperação dos que seguem um tratamento. O resultado positivo dessa rotina aparece até no tema da festa de confraternização do Caps Sapopemba, que aposta na amizade. Todos (profissionais, usuários e familiares) se consideram vencedores e, por isso, proclamam: "Nós, Amigos Campeões!".

O artista plástico Edgar Ferreira, o Léo, um dos colaboradores que apóia as atividades do Caps Sapopemba, acredita que a frase expressa o sentimento do grupo. "A amizade não pode ser fabricada, pois só se pode ser amigo do outro quem é amigo de si mesmo. O Caps resgata os valores através do grupo de terapia e das atividades de sociabilização. São ações que resgatam a cidadania dos pacientes atendidos", explica. Ele acrescenta que a palavra campeão, enfatizada no tema,vem justamente ressaltar os sucessos alcançados com o grupo: "o resgate dos valores éticos, morais e pessoais, onde todos são campeões, deixando de existir segundo e terceiro lugares".