Secretaria Especial de Comunicação
Esportes ajudam alunos da rede a vencer barreiras
Na maior rede pública inclusiva do país, os alunos com algum tipo de deficiência matriculados no CEU Butantã, localizado na Zona Oeste da cidade, participam de uma aula de Educação Física preparada especialmente para eles. É o projeto Sem Barreiras, criado e coordenado pelo professor Anísio Jorge Neto. O intuito é oferecer uma opção a mais para a prática de esportes, que fosse além das aulas que fazem parte da grade regular da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) do CEU. As aulas, iniciadas em maio de 2012, acontecem às sextas-feiras, das 16h às 17h30, na quadra coberta do Bloco Esportivo e Cultural do CEU.
Ao todo, cerca de 70 crianças com necessidades educacionais especiais estudam na EMEF, sejam eles deficientes físicos, visuais, intelectuais ou mentais. Esse grande número foi o ponto inicial para colocar em prática uma ideia que já acompanhava Anísio desde a faculdade. “No curso temos a matéria esporte adaptado e isso dá um pouco de embasamento sobre o assunto. Foi aí que surgiu a minha inspiração e interesse para trabalhar com esses alunos”, diz o professor Anísio. E essa vontade só cresceu: o projeto, que começou com apenas sete crianças, hoje conta com 18 jovens atletas que desenvolvem novas competências dentro da quadra do centro educacional.
Modalidades
Inicialmente, a ideia era trabalhar quatro modalidades olímpicas: voleibol sentado, natação, tênis de mesa e judô. Mas na hora da prática foi diferente, pois os alunos não estavam preparados, já que, fisicamente, não tinham a estrutura muscular necessária à prática esportiva. “Era um público novo para mim, a gente não conhecia todas as patologias. Já na primeira aula tivemos que mudar a metodologia e trabalhar o sistema motor e lúdico de cada criança”, conta ele.
Atualmente, a equipe é formada por dois professores de Educação Física que pertencem ao Núcleo de Esportes e Lazer do CEU, Anísio e seu braço direito Alfredo Porfirio, além de dois voluntários: o paratleta Cláudio Protilho e a professora Andrezza Aparecida. Para Andrezza, que foi convidada para integrar a equipe enquanto trabalhava no Recreio nas Férias (projeto da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo com atividades gratuitas durante o recesso escolar) em 2012, participar da iniciativa é um enorme prazer. “Sou professora de Educação Física na rede estadual e acredito que esse é um importante enriquecimento profissional, pois todo dia me deparo com crianças especiais e me sinto cada vez mais preparada para trabalhar com elas”, revela.
Já o papel do nadador Cláudio Portilho, que já participou de competições nacionais e internacionais, vai além de ensinar: ele é uma verdadeira motivação para os alunos. O paratleta, formado em Educação Física, ficou paraplégico após um tiro no pescoço e sua reabilitação veio graças ao esporte. “Com a natação eu me reabilitei, nadar é tudo para mim. Eu também pratico outros esportes, como voleibol, atletismo, remo e outros, então quero mostrar a essas crianças que elas também podem”.
Além do desenvolvimento físico destes alunos, professores e coordenadores pedagógicos garantem que o comportamento dentro da sala de aula também melhorou. Os alunos estão mais atentos, participativos e mais abertos para a relação com os colegas. “A integração entre os alunos melhora cada vez mais. Na nossa primeira aula estava cada um no seu universo, ninguém falava com ninguém. Hoje, quando entram no ginásio se entregam à atividade e isso acaba refletindo dentro da sala de aula ou dentro do espaço com a professora, principalmente com relação ao diálogo e à liberdade”, garante o professor Anísio.
O reflexo do projeto Sem Barreiras também é notório em casa. Segundo Ana Cláudia Diniz, mãe de Ana Clara Diniz, de oito anos, que tem Síndrome de Rubinstein-Taybi, depois que a filha passou a frequentar as aulas tudo tem base no esporte. “Ela chega em casa e começa a fazer alongamento e mostra tudo que aprendeu, e antes não tinha isso. Essa motivação para praticar esportes é totalmente nova”. Já Patrícia Regina de Sá, mãe de Julio César Gomes da Silva, de 11 anos, diagnosticado com Síndrome de Dandy Walker, conta que seu filho passou a interagir mais com as outras crianças. “E toda sexta-feira fica ansioso para a hora da aula”, revela.
Hoje, o projeto trabalha questões lúdica, recreativa e esportiva e o resultado tem sido positivo. Segunda a gestora do CEU Butantã, Eliane Aparecida dos Santos Luscri, as aulas trazem um grande benefício aos alunos, não só na questão social, mas também na afetiva. “Eles se desenvolvem, começam a se descobrir, conhecer seus limites, possibilidades e competências. Essa prática esportiva está abrindo outros horizontes para eles”, diz.
Programa Inclui
A Rede Municipal de Ensino de São Paulo conta com o maior programa de inclusão em escolas do país – o Inclui. Hoje, cerca de 18 mil alunos com necessidades educacionais especiais são atendidos por professores qualificados, com material didático adequado e Transporte Escolar Gratuito (TEG) Acessível. Nos últimos cinco anos, mais de 30 mil educadores passaram por formação e outros 700 fizeram cursos de pós-graduação. Nas escolas, 1,3 mil estagiários de Pedagogia atuam com os regentes das classes comuns. Além disso, mais de 700 Auxiliares de Vida Escolar (AVEs) acompanham alunos com deficiências severas e que não têm autonomia para alimentar-se, fazer a própria higiene e locomover-se. E para manter a qualidade do trabalho, supervisores técnicos visitam as escolas, orientando os AVEs e prescrevendo mobiliário adaptado.
A Rede Municipal de Ensino de São Paulo tem ainda com 13 Centros de Apoio e Acompanhamento à Inclusão (CEFAIs), onde atuam mais de 50 Professores de Apoio e Acompanhamento à Inclusão (PAAIs). Eles realizam um trabalho itinerante junto às escolas. Além disso, uma equipe multiprofissional faz avaliação e acompanhamento dos alunos e, juntamente com os CEFAIs, apoiam as famílias e equipes escolares.
Outro avanço na rede são as mais de 380 Salas de Apoio e Acompanhamento à Inclusão (SAAIs), espaços dentro das escolas regulares que têm toda a estrutura necessária para o atendimento dos alunos com necessidades educacionais especiais no contraturno escolar. Para ir à escola e a atividades fora do horário regular de aula, esses estudantes contam com o Transporte Escolar Gratuito (TEG). Além dos convencionais, 210 veículos são acessíveis.
Prefeitura de São Paulo também instituiu as Escolas Municipais de Educação Bilíngue para Surdos (EMEBS), transformando as seis escolas de Educação Especial (EMEEs) em espaços onde a Língua Brasileira de Sinais (Libras) é a primeira língua. As novas escolas bilíngues contam com professores especialistas e Instrutores de Libras que ensinam a língua de sinais para alunos, professores, pais e comunidade. Dos 18 mil alunos matriculados na rede que apresentam necessidades educacionais especiais, 1,3 mil estão matriculados nas escolas bilíngues, entre eles crianças, adolescentes, jovens e adultos com surdez, surdez com outras deficiências associadas e surdocegueira.
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