Secretaria Especial de Comunicação

Sexta-feira, 23 de Agosto de 2013 | Horário: 15:51
Compartilhe:

Métodos de avaliação são discutidos em encontro promovido pelo Mais Educação São Paulo

Debate reuniu o secretário César Callegari e educadores da rede municipal de ensino. A validade da atribuição de notas com valor numérico foi o principal tópico abordado

O modelo de avaliação dos estudantes proposto pelo Mais Educação São Paulo foi o tema debatido no primeiro de uma série de quatro encontros sobre as propostas da reforma de ensino da rede municipal.

Além de eliminar a aprovação automática, o modelo apresentado determina que sejam feitas avaliações bimestrais e a volta dos boletins com notas de 0 a 10, dos relatórios de acompanhamento e da lição de casa. "A nova avaliação terá foco não só na aprendizagem, mas permitirá também que toda a comunidade educacional tenha acesso com propriedade sobre os resultados alcançados por cada aluno", afirmou o secretário de Educação, César Callegari.

Participaram do debate junto com o secretário os educadores Cristóvam da Silva, Ana Lucia de Souza, Helena Cristina Losinno Martins, Andrea Steinvascher, Robson Novaes e Franciele Busico Barozzi, todos da rede municipal.

Um dos principais pontos de discussão tratou exatamente da mudança dos conceitos atuais de "não satisfatório", "satisfatório" e "plenamente satisfatório" para notas com valores de zero a dez. Para Andrea Steinvascher, diretora da João Domingues Sampaio, a alteração pode ser ineficaz, pois as competências e habilidades que cada aluno deve desenvolver ao longo do ensino fundamental passarão a ser avaliadas em um gradativo muito mais extenso: de três níveis para 11 níveis. "Na experiência que a gente tem de discussão com os docentes, o conceito acaba possibilitando um compromisso e uma discussão mais coletiva do processo de formador do aluno", afirma.

A professora da EMEF Silvia Martins Pires, Helena Cristina Losinno Martins, discorda. Para ela, um número mais preciso é fundamental para que os próprios alunos, seus pais e professores tenham uma melhor compreensão do real desenvolvimento deles. Helena comentou que, muitas vezes, os alunos acham injusto terem tirado o mesmo conceito com um número diferente acertos, por exemplo. "Eu sou a favor do conceito numérico porque acho que isso não deve ser visto como um castigo, mas como uma forma de ver onde estão as principais falhas, tanto para os alunos quanto para os professores", diz.

Callegari ressaltou que a mudança não se trata de uma mera substituição de um sistema por outro, mas que os números visam agregar maior clareza aos processos de avaliação. "A nota nunca deixará de ser acompanhada das orientações de natureza conceitual. É claro que isso pode dar um pouco mais de trabalho inicial aos professores, mas eu tenho confiança de que isto aumentará o nível de clareza incorporado no processo", disse. O secretário destacou, inclusive, que mais objetividade deve trazer um maior envolvimento das famílias. "Eles vão valorizar ainda mais as orientações, as observações e os diagnósticos que estarão detalhadamente descritos", afirmou.

Segundo Cristóvam da Silva, supervisor escolar da Diretoria Regional de Educação de Guaianazes, mais importante do que um resultado numérico ou conceitual, é justamente as orientações que são dadas a partir dele a alunos e pais, de modo a comunicar o real valor dos resultados. Para exemplificar, o supervisor citou o suposto caso de uma aluno que tirou 10 em uma prova que avaliou a sua habilidade com contas de adição e subtração e que zerou uma avaliação com operações de multiplicação e divisão. "Somando, ele terá média 5, o que quer dizer que ele sabe mais ou menos somar e subtrair e mais ou menos multiplicar e dividir - conceitos que ele não sabe. É preciso tomar muito cuidado", disse.

O secretário encerrou o debate lembrando que autonomia é fundamental para o bom exercício da educação. "É como uma tradução e expressão de liberdade com responsabilidade. Tolo é aquele que pensa que vai exercer ações governativas sobre o ato escolar. Temos de confiar que a escola pode criar. A nossa responsabilidade é sempre provir os melhores meios e melhores condições para que esse processo se dê. Tenho muita confiança de que vamos dar grandes saltos de qualidade, tornando esta rede mais produtiva, mais feliz, com maior valorização dos profissionais e, sobretudo, dos alunos em todas as suas etapas."

Reorganização curricular
Apresentado na última quinta-feira (15), o Mais Educação São Paulo é um programa de reorganização curricular e administrativa, ampliação e fortalecimento da Rede Municipal de Ensino.

Entre os principais conceitos do novo plano está a divisão dos nove anos do Ensino Fundamental em três ciclos: Ciclo de Alfabetização (1º ao 3º), Interdisciplinar (4º ao 6º) e Autoral (7º ao 9º). Atualmente, a divisão é de apenas dois períodos, Fundamental I (1º ao 5º) e Fundamental II (6º ao 9º). A medida suaviza a mudança entre os ciclos, já que, ao invés de o aluno passar de uma única professora generalista para uma série de especialistas de um ano para outro, a transição será gradativa dentro dos ciclos.

No modelo atual existe a possibilidade de retenção do aluno por falta de aprendizado apenas nos últimos anos dos dois ciclos (5º e 9º). O novo programa propõe ainda a retenção não só no final de cada ciclo, 3º, 6º e 9º ano, mas também no 7º e 8º anos caso o aluno não apresente evolução. A medida impede que, por exemplo, a criança chegue aos oito anos sem estar alfabetizado. Em 2011, com o atual modelo, foi verificado que 38% dos alunos chegaram ao 4º ano sem estarem plenamente alfabetizados.



CRÉDITO: Heloisa Ballarini / SECOM


Foto 1: Debate sobre métodos de avaliação foi o primeiro de uma série de encontros que serão promovidos sobre a proposta de reforma do ensino da Prefeitura

Foto 2: O secretário César Callegari afirmou que o modelo de avaliação proposto tem foco na aprendizagem dos alunos e na sua compreensão pela comunidade

Foto 3: Cristóvam da Silva é supervisor escolar da Diretoria Regional de Educação de Guaianases

Foto 4: Ana Lucia de Souza é também supervisora escolar da Diretoria Regional de Educação de Guaianases

Foto 5: Helena Cristina Losinno Martins é professora da EMEF Silvia Martins Pires

Foto 6: Andrea Steinvascher é diretora da EMEF João Domingues Sampaio

Foto 7: Robson Novaes é diretor da EMEF Recanto dos Humildes

Foto 8: Franciele Busico Barozzi é coordenadora pedagógica da EMEF Ernani Silva Bruno

 

 

collections
Galeria de imagens