Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa

Quinta-feira, 4 de Dezembro de 2025 | Horário: 17:16
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Projeto Contracartografias

Iniciativa da Unifesp/SP, em parceria com coletivos de memória e o Arquivo Histórico Municipal, integra acervo oficial e narrativas comunitárias à plataforma Pauliceia 2.0

O Arquivo Histórico Municipal (AHM) compartilha a conclusão da primeira etapa de sensibilização do projeto Contracartografias neste ano de 2025. A ação consolida uma parceria entre o poder público, a academia e a sociedade civil, unindo o AHM, a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) - por meio do grupo de pesquisa Hímaco (História, Mapas e Computadores) - e os coletivos de cultura e memória Ururay (Penha) e Bom Retiro é o Mundo (Bom Retiro).    

O projeto tem como objetivo a construção de um mapeamento comunitário da história de São Paulo, com foco no período de modernização urbana, entre 1870 e 1940. A metodologia baseia-se no cruzamento de documentos oficiais do AHM com acervos pessoais e a história oral preservada pelos coletivos. Esse processo alimentará a criação de novas camadas de dados na plataforma Pauliceia 2.0 (pauliceia.unifesp.br), sob uma perspectiva contra-hegemônica.    

A ferramenta, de livre acesso e desenvolvida com tecnologia de código aberto em colaboração com o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), permite a espacialização de narrativas historicamente invisibilizadas no mapa da cidade. A parceria mobiliza uma equipe multidisciplinar composta por estudantes e pesquisadores do INPE, do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), da Unifesp e da USP, sob a coordenação do Professor Luis Ferla (Unifesp/Hímaco).    

Esta primeira etapa, realizada ao longo de 2025, teve como intuito principal criar repertórios comuns e aproximar as diferentes dinâmicas e conflitos territoriais que envolvem a preservação da memória na cidade. As atividades de sensibilização incluíram:  

  • Grupos de estudos: encontros para discutir bibliografias específicas sobre a história e o desenvolvimento urbano dos bairros da Penha e do Bom Retiro. 

  • Roteiros mediados: caminhadas nos territórios conduzidas pelos próprios coletivos de memória, apresentando o patrimônio local a partir da vivência dos moradores.   

  • Oficinas de geotecnologia: treinamentos ministrados pelo grupo Hímaco para capacitar os participantes no uso da plataforma Pauliceia 2.0. 

  • Difusão cultural: integração das pautas dos coletivos à programação oficial de difusão do AHM. 

Com o encerramento desta fase de sensibilização, a proposta é dar continuidade e aprofundamento ao projeto no próximo ano, fortalecendo o papel do Arquivo como um polo ativo de cultura, cidadania e construção partilhada do conhecimento. 

Marco Inicial e Articulação em Rede 

A articulação que culminou nesta entrega teve um marco decisivo no encontro "Coletivos de Memória e Cultura Comunitária nos Territórios", realizado em 16 de maio de 2024, no espaço RALO, no Brás. O evento, que integrou a 22ª Semana Nacional de Museus, reuniu diversos grupos independentes, como o Instituto Bixiga, Centro de Memória Queixadas e Museu dos Aflitos, para debater a gestão de acervos contra-hegemônicos e a autorrepresentação nos territórios.    

Na ocasião, representantes do Núcleo de Comunicação e Produção Cultural do AHM estiveram presentes para escutar as demandas e estabelecer vínculos que fortaleceram a atuação comunitária dentro da instituição. Esse movimento de abertura está alinhado às atribuições do AHM definidas pelo Decreto Municipal nº 58.207/2018, que incumbe o arquivo de "desenvolver projetos de ação educativa e cultural, contribuindo para a recuperação da memória coletiva e difusão do patrimônio documental".    

Desdobramentos e Festival Arquivo Aberto 

A sinergia entre o arquivo e os coletivos de memórias resultou também na coorganização de atividades no Festival Arquivo Aberto (FAA). A segunda (2024) e a terceira (2025) edições do evento contou com laboratórios de experiências geridos em conjunto com os coletivos, ampliando a visibilidade de suas pautas.    

A colaboração com o grupo Hímaco/Unifesp, que já possui um histórico de parcerias com o AHM em pesquisas e seminários sobre os antigos emplacamentos de ruas e o Dicionário de Ruas, reafirma o compromisso da instituição em utilizar a tecnologia para democratizar o acesso à história e validar as memórias que constituem a identidade plural de São Paulo.   

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