Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa

Yes, nós também temos musicais!

Fonte: O Estado de S. Paulo
‘Sassaricando’: marchinhas relembram costumes e outros carnavais


Enquanto o Rio de Janeiro exporta as marchinhas de ‘Sassaricando’, São Paulo se torna a sucursal da Broadway no País

Ingresso Rápido

Caio Quero e Erika Riedel

Nenhum paulistano precisa morder o cotovelo de inveja com a chegada do sucesso do musical carioca Sassaricando - E o Rio Inventou a Marchinha (que estréia na próxima quinta-feira no Tom Brasil-Nações Unidas). Isto porque o Guia lembra que Sampa pode não ter inventado a marchinha e ainda levar a má fama pela morte do samba, mas em contrapartida sedia os maiores musicais em cartaz no País e já foi comparada à Broadway, a meca do gênero.

‘Sassaricando’ é apenas mais uma montagem que aumenta o número de espetáculos assim na cidade: só em cartaz são cinco, com mais três estréias previstas para este mês e dois musicais em processo de produção.

Mas não foi por acaso o sucesso todo no Rio: ‘Sassaricando’ utiliza cerca de 100 marchinhas para traçar um painel do comportamento do brasileiro dos anos 20 aos anos 70, quando o ritmo entrou em declínio. A montagem tem um ar de crônica musical e as composições foram agrupadas por temas como política, família e preconceito. E o subtítulo da montagem faz todo o sentido se lembrarmos que no Rio ficava a sede da Rádio Nacional, emissora que lançou a maioria destas marchinhas.

A mesma rádio dá título ao musical que encerra temporada esta semana no Teatro Shopping Frei Caneca. Mas ao contrário de ‘Sassaricando’, Rádio Nacional - As Ondas Que Conquistaram o Brasil utiliza diálogos não-musicados. Na peça, as músicas são intercaladas no roteiro que trata do cotidiano de um casal de ouvintes da rádio.

Sem texto falado e apoiado unicamente nas letras das canções, ‘Sassaricando’ quase se confunde com um show, mas seu diretor, Cláudio Botelho, esclarece: “Não é um show. É um tipo de espetáculo comum na Broadway, que a gente chama de revista, uma das classificações do teatro musical. Não há um enredo propriamente dito, mas um tema”.

Para selecionar as marchinhas que fazem parte do espetáculo, o jornalista Sérgio Cabral e a historiadora Rosa Maria Araújo, idealizadores de ‘Sassaricando’, demoraram cerca de um ano. “Ouvimos mais de 1.000 músicas”, conta Cabral. A dúvida é se o público paulistano vai ser conquistado pelo fenômeno carioca. “Tenho certeza que vai dar certo porque o paulista é animado. E tudo o que é bem-feito funciona em São Paulo”.

De estilo bem distinto são os musicais Peter Pan e Miss Saigon, este último contando a história de um recruta americano que se apaixona por uma jovem vietnamita. O diretor de ‘Sassaricando’, que assina também a adaptação do texto de ‘Saigon’ - com estréia prevista para 12 de julho, no Teatro Abril - explica por que não é possível fazer comparações. “A maior parte das superproduções como ‘Saigon’, ‘Fantasma da Ópera’ e ‘Chicago’ já vem pronta e é montada no mundo inteiro exatamente do mesmo jeito. Só fazemos a tradução e colocamos o elenco brasileiro. A atriz brasileira de ‘Miss Saigon’ faz aqui exatamente a mesma coisa que faz uma atriz alemã. As marcações são as mesmas, o espetáculo já existe há 15, 20 anos.”

Algumas histórias são ainda mais antigas, como é o caso de ‘Peter Pan’, montada pela primeira vez em Londres (1904). A versão que estréia em 27 de julho no Credicard Hall vem da Argentina, terá elenco nacional, mas sofrerá algumas adaptações no Brasil, principalmente na música e na coreografia.

Além dos megaespetáculos importados que recebe, São Paulo pode se orgulhar também das produções nacionais como My Fair Lady, recriada com maestria por Jorge Takla. Em cartaz no Alfa, a montagem que já foi vista por 100 mil pessoas tem 8 cenários, cerca de 300 figurinos e 60 pessoas em cena.

Se não há comparação possível em qualidade, a quantidade dá um parâmetro das diferenças. Alguns números podem exemplificar melhor. Enquanto ‘Sassaricando’ conta com 1 cenário, 6 atores e 7 músicos, ‘Miss Saigon’ tem 8 cenários, cerca de 500 figurinos, 42 atores e 18 músicos.

‘Saigon’ é o que se costuma chamar de ópera rock. E na mesma categoria se encaixa José e seu Manto Technicolor, que entra em cartaz dia 14 no Teatro Sérgio Cardoso. A peça é a segunda criação da dupla Andrew Lloyd Weber e Tim Rice, feita em 1968, antes de ‘Jesus Cristo Superstar’. Baseada na história de José, do ‘Gêneses’, mistura Bíblia com a irreverência do pop da década de 1960.

“Um musical normalmente conta com uma parte teatral seguida de números com música. Neste caso, a música não pára em momento algum”, explica o diretor Iacov Hillel. ‘José...’ vai contar com um elenco de mais de 200 artistas, entre eles, os cantores Fortuna e Gilbert.

A música pop também dá o tom a outro espetáculo. É o caso de A Sessão da Tarde ou Você não Soube me Amar, que usa canções da década de 1980 para contar uma história de amor. Ao contrário das grandes produções, que têm grupos musicais numerosos, ‘ A Sessão da Tarde...’ se utiliza de um recurso comum aos programas de auditório: os atores cantam sucessos da Blitz, de Lulu Santos e Ritchie com playback.

“ Nos inspiramos um pouco no ‘Moulin Rouge’. Nosso texto facilita a entrada das canções quando, por exemplo, um dos personagens revela que o nome da vilã é Zoraide, uma deixa para entrar a música ‘Zoraide’, do Ultraje a Rigor”, explica Marcos Okura, que divide a direção com Fábio Ock e Fezu Duarte.

E as referências à década de 1980 continuam: a coreografia do musical é inspirada em videoclipes de Michael Jackson, Cindy Lauper e nas chacretes.

‘Sessão da Tarde...’ é o lado A de um projeto maior da Cia. de Teatro Rock. O lado B deste disco vai chegar apenas em setembro, com a estréia de ‘Mudaram as Estações’, também no CCSP. “No lado ‘A’ usamos mais o pop, como Kid Abelha, Blitz. No próximo, vamos utilizar canções com mais conteúdo, como do Legião Urbana”, explica Okura.

Em tempos de desembarque de megaproduções estrangeiras, fazer um musical menor pode parecer um desafio. “Não temos patrocínio, o que é uma dificuldade, pois já perdemos atores para ‘Miss Saigon’ e ‘Peter Pan’. Nossa preocupação é fazer um espetáculo que seja realmente brasileiro”, diz Okura.

Tristeza de uns, alegria de outros. Enquanto ele se queixa de perder talentos para os grandes musicais, Henry Maksoud, que assina a direção-geral de Maksoud Plaza - Emoções Que o Tempo Não Apaga, não reclama. Ele herdou Sara Sarres e Rodrigo Miallaret, ambos de ‘O Fantasma da Ópera’, a superprodução que encerrou temporada em abril.

Há, porém, quem tope o desafio sem se preocupar com possíveis intempéries. Em sua terceira temporada, o musical Amor emociona o público com poemas e canções românticas, entre elas, ‘Eu te amo’, de Roberto Carlos, e ‘Pedaço de Mim’, de Chico Buarque.

(SERVIÇO)
Amor

Teatro Imprensa - Espaço Vitrine (45 lug.).
R. Jaceguai, 400, 3241-4203. 5ª e 6ª, 21h.
R$ 50. Até 27/7. nas sessões de 5, 6, 12 e 13/7 O ingresso deve ser trocado por uma lata de leite em pó ou quilo de arroz ou de feijão.


José e Seu Manto Technicolor

Teatro Sérgio Cardoso - Sala Paschoal Carlos Magno (144 lug.). R. Rui Barbosa, 153, Bela Vista, 3288-0136. 4ª a sáb., 21h; dom., 18h. R$ 60 e R$ 90. Estréia prevista para 14 /7.


Maksoud Plaza - Emoções Que o Tempo Não Apaga - Uma Crônica Musical

Teatro Maksoud Plaza (420 lug.). Al. Campinas, 150, Bela Vista, 3145-8000. 6ª e sáb., 21h; dom., 17h. R$ 30 e R$ 60. Até 31/10. YouTube.


My Fair Lady

Teatro Alfa (1.118 lug.). R. Bento Branco de Andrade Filho, 722, Santo Amaro. 5ª e 6ª, 21h; sáb., 17h e 21h; dom., 16h e 20h. De R$ 50 a R$ 160 (5ª e 6ª e 1ª sessão de dom.); de R$ 60 a R$ 185 (sáb. ); de R$ 40 a R$ 140 (2ª sessão de dom.). Ingressos pelos telefones 5693-4000 e 0300 789-3377 (serviço exclusivo do Teatro Alfa. Ingresso Rápido, 2163-2000, (sujeito a cobrança de taxa). Até 21/10.



Miss Saigon

Teatro Abril (1.527 lug.). Av. Brig. Luís Antônio, 411, Bela Vista, 6846-6060. 4ª a 6ª, 21h; sáb., 17h e 21h; dom., 16h e 20h. Ticketmaster: 6846-6000. De R$ 65 a R$ 200.
Estréia prevista para 12/7.


Peter Pan - Todos Podemos Voar

Credicard Hall (3.043 lug.). Av. das Nações Unidas, 17.955.5ª e 6ª, 20h; sáb. e dom., 11h, 14h e 17h. Ticketmaster 6846-6000. De R$ 50 a R$ 150. Estréia prevista para 12/7.


Rádio Nacional -

As Ondas Que Conquistaram o Brasil
Teatro Shopping Frei Caneca (592 lug.). R. Frei Caneca, 569, 6ª andar, Cerq. César, 3472-2226. 6ª e sáb., 21h; dom., 18h30. De R$ 50 a R$ 80. Até domingo (1).


Sassaricando - E o Rio Inventou a Marchinha

Tom Brasil-Nações Unidas (1.800 lug.). R. Bragança Paulista, 1.281, 2163-2000. 5ª, 21h; 6ª e sáb., 22h; dom., 20h. De R$ 50 a R$ 120. Até 15/7. Estréia 5/7.


A Sessão da Tarde ou Você Não Soube Me Amar

Centro Cultural São Paulo - Sala Adoniran Barbosa. R. Vergueiro, 1.000, Paraíso, 3383-3400. 3ª e 4ª, 19h. R$ 10. Até 1/8. YouTube.