Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa
Tata Amaral participa de debate após a exibição de “Antônia”
Promovido pela Spcine, encontro acontece dia 30 na Biblioteca Álvares de Azevedo

“Antônia” conta a história de quatro mulheres que moram na Vila Brasilândia, bairro periférico da Zona Norte de São Paulo (Foto: Marcelo Vigneron)
Por Gabriel Fabri
“Vejo que o filme continua atual no que diz respeito ao sonho de mulheres em viver de sua arte”. É assim que a cineasta paulistana Tata Amaral enxerga o terceiro longa-metragem de sua carreira, “Antônia”, lançado há quase nove anos. Após exibição gratuita do filme, a diretora participa de um debate na Biblioteca Álvares de Azevedo, no dia 30 de setembro. O evento faz parte do projeto “Encontro com o Realizador”, promovido pela Spcine, em parceria com a Revista de Cinema.
“Antônia” conta a história de quatro mulheres que moram na Vila Brasilândia, bairro periférico da Zona Norte de São Paulo, e que têm um sonho em comum: viver cantando rap. Juntas, elas formam o grupo que dá nome ao filme. Os revezes do cotidiano, entretanto, acabam ameaçando o futuro do grupo. Para atuar nos papéis principais, foram selecionadas quatro rappers paulistas (Negra Li, Leila Moreno, Quelynah e MC Cindy). O rapper Thaíde integra o elenco no papel do empresário das jovens.
A diretora acredita que “Antônia” foi um filme importante por representar de maneira mais digna e mais real a mulher negra da periferia. “Ele veio preencher uma lacuna que era rediscutir a imagem do jovem negro da periferia, em especial a da jovem negra”, explica. No longa-metragem, Tata retrata a periferia de maneira positiva. “Iluminando os personagens dessa forma, o filme contribuiu um pouco para diminuir o preconceito de classe e cor que assola nossa sociedade”, afirma.
Na época do lançamento, Tata viu o seu filme provocar uma revolução cultural. “O que mais me emocionava era ver mulheres brancas de classe média querendo imitar o cabelo das meninas negras da periferia, que sempre tiveram que engolir o estereótipo de beleza da mulher branca e loira”, explica. Entretanto, a cineasta acredita que houve, com o passar do tempo, um retrocesso com relação à percepção das pessoas a respeito da periferia. “Com o aumento do acesso a bens culturais e de consumo por parte de pessoas de origem mais pobre, a televisão vem martelando o preconceito contra o jovem negro. Além disso, a política está cada vez mais violenta e os índices de assassinatos são absurdamente assustadores”, pontua.
Após “Antônia”, Tata lançou o longa-metragem “Hoje”, em 2011 e dirigiu a série “Trago Comigo”, para a TV Cultura. Essa última virou um longa-metragem, exibido na última edição do Festival de Cinema Latino-Americano, em agosto de 2015, e tem previsão de estreia para abril de 2016.
Tanto “Hoje” quanto “Trago Comigo” discutem questões a respeito das heranças da ditadura militar. Tata diz que sua busca é por uma representação cinematográfica para a falta de memória da sociedade brasileira, que releva os crimes de tortura praticados no passado. “Esta conivência que nós temos com estes crimes faz com que, até hoje, permitamos os crimes de tortura que são cometidos diariamente nas cadeias e prisões do país e não nos horrorizemos”, explica.
Atualmente, Tata está desenvolvendo um road movie, cujo título provisório é “O Sequestro Relâmpago”. “Trata-se de uma noite na vida de uma menina que é vítima de um sequestro e fica rodando de carro com os sequestradores pela cidade”, revela a cineasta.
Serviço: Biblioteca Álvares de Azevedo. Pça Joaquim José da Nova, s/nº, Vila Maria. Zona Norte. | tel. 2954-2813. Dia 30, 14h30. Grátis.
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