Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência

Segunda-feira, 27 de Junho de 2022 | Horário: 18:08
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Dia Internacional das Pessoas Surdocegas: direitos e as diversas formas de comunicação

A data faz referência ao nascimento de Helen Keller, primeira pessoa surdocega a conquistar um bacharelado

Hoje, 27 de junho, é comemorado o Dia Internacional das Pessoas Surdocegas. A data foi escolhida por marcar o nascimento da escritora norte-americana Helen Keller, primeira pessoa surdocega a conquistar um bacharelado. Sem poder enxergar ou ouvir, Helen foi alfabetizada por meio da língua de sinais tátil. A escritora aprendeu a ler e escrever através do toque e desenvolveu a sua própria forma de se comunicar. A norte-americana escreveu diversos livros, se formou em filosofia no Radcliffe College e foi uma importante militante na defesa das mulheres e das pessoas com deficiência.
 
A surdocegueira é a perda múltipla da audição e da visão. Pode ser classificada como congênita, quando a pessoa nasce com ambas às deficiências, ou adquirida, quando a pessoa nasce com uma delas e adquira a outra ao longo da vida.  Uma das causas da surdocegueira é a síndrome de Usher, cuja origem é genética. Este foi o caso da Claúdia Sofia, ativista dos direitos das pessoas com surdocegueira no Brasil, e do seu marido Carlos Jorge, Conselheiro Municipal da Pessoa com Deficiência da Cidade de São Paulo.
 
Ela conta que estudou em uma escola de ouvintes e possui surdocegueira adquirida, por isso se comunica através do Tadoma, que é quando, por intermédio das mãos, sente-se a vibração das cordas vocais. Já Carlos Jorge se comunica por Libras Tátil, uma adaptação da Língua Brasileira de Sinais. Os profissionais que trabalham com as pessoas surdocegas são os guias-interpretes.
 
Cláudia Sofia é presidente do Grupo Brasil de Apoio ao Surdocego e, de acordo com ela, há muitos desafios para a inclusão das pessoas com deficiência múltipla. “Ainda é preciso provar para a sociedade e as famílias que a pessoa surdocega é capaz de ter independência e autonomia. Temos que ter todos os nossos direitos reconhecidos, acesso a trabalho, qualidade de vida, saúde e oportunidades iguais”, avaliou.
 
EMEBS Helen Keller e Atende+

A Escola Municipal de Educação Bilíngue para Surdos Helen Keller foi pioneira na educação de surdos e surdocegos dentro da educação pública de São Paulo. Ela funciona desde 1952. O atendimento aos alunos é realizado com base na Pedagogia Visual, que faz uso de materiais visuais, da língua de sinais, da imagem, do letramento visual ou leitura visual.

Segundo a Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (Feneis), a EMEBS Helen Keller é a primeira escola pública bilíngue para surdos a oferecer todas as etapas e modalidade da educação básica, ou seja: Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio e EJA.

A Prefeitura Municipal de São Paulo oferece escolas bilíngues e escolas-polo com atendimento especializado. As unidades educacionais contam com professores surdos que atuam como modelos linguísticos, intérpretes de Libras e guias-intérpretes, proporcionando acessibilidade linguística aos alunos. A Escola Municipal de Educação Bilíngue para Surdos Helen Keller foi pioneira na educação de surdos e surdocegos dentro da educação pública de São Paulo. Informações sobre o programa.

Outro serviço também para pessoas com surdocegueira é o Atende+. Modalidade de transporte gratuito. Saiba mais: www.sptrans.com.br/atende/.
 
Conheça algumas curiosidades sobre a comunicação com pessoas surdocegas

As pessoas surdocegas usam línguas de sinais de seu país. A Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) é só no Brasil. O principal recurso de acessibilidade para a pessoa com surdocegueira é o “guia-intérprete”.

Tipos de Surdocegueira: Cegueira Congênita e Surdez Adquirida; Cegueira e Surdez Adquiridas; Surdez Congênita e Cegueira Adquirida; Baixa visão com Surdez Congênita ou Adquirida; Cegueira e Surdez Congênita.
 
Comunicação: Existem casos em que a pessoa adquire uma língua antes de se tornar surdocega; neste caso, dizemos que é um surdocego pós-linguístico. É o que ocorre se uma pessoa, por exemplo, nasceu surda e aprendeu a língua de sinais (LIBRAS, aqui no Brasil) como primeira língua. No caso de pessoas que fazem uso de Língua de Sinais e têm o campo da visão reduzido, o guia-intérprete fará os sinais em um determinado campo limitado onde este surdocego consiga visualizar.

Braille: É um recurso utilizado por pessoas com cegueira ou deficiência visual para desenvolver a escrita e a leitura pelo tato. Para tanto, são usados recursos materiais, como reglete, punção, máquinas Braille, soroban e, atualmente, a tecnologia da Linha Braille.
 
Alfabeto Dactilológico: É o uso do alfabeto manual utilizado pelos surdos. O interlocutor faz a letra na palma da mão da pessoa surdocega.
 
Tablitas de comunicação: É um meio de comunicação feito de plástico resistente com letras em relevo, números ordinários e caracteres em braille. A pessoa com surdocegueira coloca o dedo indicador nas letras, assim estabelecendo a comunicação.
 
CCTV:  É um ampliador de imagens que visa auxiliar, na leitura e na escrita, uma pessoa que tem um resíduo visual muito pobre. O CCTV amplia em até sessenta vezes o tamanho da figura.
 
Teletouch: Este aparelho tem um teclado de uma máquina braille e um teclado normal. Tanto o teclado Braille como o teclado normal levantam, na parte de trás do aparelho, uma pequena chapa de metal, a cela braille, contendo uma letra de cada vez. Ao interlocutor do surdocego, basta saber ler. Este interlocutor, então, pressionará as teclas normais da teletouch como se estivesse redigindo um texto escrito qualquer.
 
Escrita em letras de forma: Neste caso, é preciso que o interlocutor conheça as letras maiúsculas do alfabeto. O dedo indicador funciona como uma caneta, e o interlocutor escreve na palma da mão do surdocego.
 
Tadoma: A pessoa surdocega deve ter conhecimento da língua oral. Ele coloca uma das mãos na face do interlocutor, próximo à boca, para então fazer a “leitura” da articulação das palavras e sentir também a vibração dos sons. É preciso muito treino e prática da pessoa surdocega para estabelecer comunicação utilizando este método. Ele também é chamado como "leitura labial tátil", na qual a pessoa surdocega sente o movimento dos lábios, bem como as vibrações das cordas vocais, o movimento das bochechas e o ar quente expelido pelo nariz para a produção de sons nasais ? como 'N' e 'M'. Foi criado pela professora norte-americana Sophia Alcorn.

Saiba como se comunicar com a pessoa surdocega

É muito importante que, para melhor locomoção e segurança, o surdocego passe por treinamentos chamados de Programas de Orientação e Mobilidade (O.M.), que também são válidos para pessoas com cegueira congênita ou adquirida. Esse programa tem como principal característica o uso da bengala. Pergunte como se comunicar com uma pessoa surdocega ao seu guia ou acompanhante.

Ao chegar perto de uma pessoa com surdocegueira, toque-o levemente nas mãos para sinalizar que está ao seu lado ou espere ser anunciado. Para muitas vezes, a principal barreira é a atitude em relação às pessoas com deficiência. Por isso, tenha paciência para lidar com as particularidades de se comunicar com uma pessoa surdocega.

Dicas: Fonte: Ministério da Educação e da Cultura. Saberes e Práticas da Inclusão. Dificuldades de comunicação e sinalização: Surdocegueira / múltipla deficiência sensorial Secretaria de Educação Especial – Brasília: MEC/SEESP – 2006

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