Secretaria Municipal da Saúde

Sexta-feira, 26 de Setembro de 2025 | Horário: 11:00
Compartilhe:

Atendimento a pessoas com perda auditiva vai do diagnóstico à reabilitação

Saúde municipal conta com 21 serviços voltados para a deficiência auditiva; nas maternidades, é realizada a triagem auditiva logo após o nascimento, permitindo diagnóstico e tratamento precoces
A imagem mostra uma profissional de saúde em atendimento com um paciente.  Ela está de jaleco branco e conversa com um homem de barba, que veste uma camisa camuflada em tons de verde. A profissional utiliza um modelo anatômico de ouvido humano para explicar algo ao paciente, indicando que se trata de uma consulta voltada para a área de otorrinolaringologia ou fonoaudiologia.  O cenário é um consultório iluminado, com uma impressora ao fundo, transmitindo a ideia de atendimento especializado e orientações médicas.

A fonoaudióloga Clissa Neri Daniel atende José Paulo Borba Albuquerque no CER IV M'Boi Mirim, na zona sul (Acervo/SMS)

No Dia Nacional do Surdo, celebrado em 26 de setembro, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) destaca a importância da rede de serviços oferecida pelo município para o atendimento desse público.

As causas da perda auditiva podem ser congênitas, presentes desde o nascimento, (como fatores hereditários, infecções durante a gestação, complicações no parto ou malformações do ouvido) ou adquiridas ao longo da vida (como a exposição a sons intensos, infecções de ouvido, uso de medicamentos ototóxicos, traumatismos na cabeça ou no ouvido, além de algumas doenças infecciosas, crônicas, inflamatórias e degenerativas), incluindo o envelhecimento.

A perda auditiva pode apresentar diferentes graus de comprometimento, variando de leve a profunda, podendo, em alguns casos, chegar à perda auditiva total.

A rede municipal de saúde conta com 35 Centros Especializados em Reabilitação (CERs); destes 20 são voltados ao atendimento em saúde auditiva, além de um Núcleo Integrado de Saúde Auditiva (Nisa). De janeiro a julho de 2025, foram dispensados 9.934 aparelhos auditivos nestes serviços. Estes realizam o diagnóstico, a dispensação e adaptação de aparelhos auditivos e a reabilitação para pessoas das diversas idades, desde bebês até idosos.

O acesso aos CERs se dá por meio das 479 Unidades Básicas de Saúde (UBSs). No caso dos recém-nascidos, o acesso também ocorre a partir das maternidades municipais que realizam a triagem auditiva, conhecida como “teste da orelhinha”. 

Intervenção precoce
A fonoaudióloga Jaiede Nicácio Montenegro, que atua há 17 anos com reabilitação auditiva no CER III Penha, destaca a evolução dos serviços de diagnóstico.

Ela explica que o programa de triagem para recém-nascidos permite que bebês com falha no exame sejam encaminhados diretamente das maternidades municipais para o CER. Quando o bebê chega, são realizados exames de diagnóstico, como o BERA, para confirmar a perda de audição. Se a perda permanente for identificada, a criança passa pela adaptação de aparelhos e, em seguida, pela reabilitação, com acompanhamento semanal de fonoaudiólogos e outros profissionais, se necessário, como psicólogos.

Jaiede ressalta que a maioria dos atendimentos no CER III Penha é de adultos, principalmente com casos de presbiacusia (perda auditiva relacionada ao envelhecimento). O tratamento para adultos inclui atendimento médico e fonoaudiológico para a seleção e adaptação dos aparelhos. O paciente também pode ter acesso a serviço social e apoio psicológico, quando necessário. Diferentemente dos bebês, o acompanhamento para adultos é anual.
Em 2025 foram dispensados uma média de 95 aparelhos auditivos por mês no CER Penha.

Superando o preconceito
No CER IV M’Boi Mirim, na zona sul da capital, José Paulo Borba Albuquerque, 32 anos, condutor e professor na área de enfermagem, recebe atendimento desde o ano passado. Em 2015, quando trabalhava como inspetor de tráfego, presenciou a explosão de um pneu durante um socorro e a partir daí, começou a perceber perda auditiva. Após diagnóstico no ano passado, recebeu o aparelho auditivo em outubro de 2024 e hoje faz acompanhamento com fonoaudióloga e otorrinolaringologista.

“Fui perdendo a audição gradativamente e não percebia. Ouvia tudo cortado, ficava exausto ao tentar entender as palavras”, conta José Paulo. Ele admite que superar o preconceito de usar aparelho foi difícil, mas agora comemora: “Nos primeiros dias foi complicado, mas hoje minha audição, que estava em menos de 41%, voltou a 100%. Só tiro o aparelho para dormir.”

A fonoaudióloga Clissa Neri Daniel destaca que o acompanhamento após a entrega dos aparelhos é fundamental para o sucesso da adaptação. Segundo ela, a unidade realiza exames como avaliação audiológica e, quando necessário, testes complementares para definir a necessidade a perda auditiva e a necessidade do dispositivo.

Prevenção pela vacinação
A imunização é uma das formas de prevenir as perdas auditivas evitáveis. A rede municipal segue o Calendário Nacional de Vacinação, que inclui vacinas contra doenças como a rubéola, caxumba e sarampo.

Comunicação acessível
Muitas pessoas com perda de audição utilizam a Língua Brasileira de Sinais – Libras para se comunicar. Para facilitar esta comunicação, a SMS disponibiliza curso para os profissionais. Além disto, outro avanço é a Central de Intermediação em Libras (CIL), que em 2025 alcançou centenas de serviços de saúde. O sistema garante atendimento em Libras por videoconferência, permitindo que pessoas com deficiência auditiva sejam atendidas sem depender de acompanhantes. O serviço está disponível em UBSs, AMAs, UPAs, CERs e hospitais.

Em caso de suspeita de perda de audição, agende uma consulta na UBS mais próxima da sua casa. Os endereços podem ser consultados na página Busca Saúde. https://buscasaude.prefeitura.sp.gov.br/

collections
Galeria de imagens