Secretaria Municipal da Saúde

Domingo, 21 de Setembro de 2025 | Horário: 10:30
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CER IV devolve sentido à vida de pacientes

Este tipo de Centro Especializado em Reabilitação é voltado a pacientes com os quatro tipos de deficiência: física, auditiva, visual e intelectual
A imagem mostra um ambiente acolhedor de atendimento infantil em saúde.  No centro, há uma mesa amarela com brinquedos de massinha, utensílios de plástico (pratinhos, talheres, xícara) e um pote transparente identificado com a placa “BRINQUEDOS PARA UTILIZAÇÃO”, cheio de pequenos bonecos e objetos coloridos.  À esquerda, uma profissional de saúde com jaleco branco do SUS sorri enquanto observa a interação. À direita, outra profissional, também de jaleco, segura um menino pequeno de óculos azuis, que sorri enquanto brinca com uma peça de brinquedo roxa. Ambos parecem se divertir no momento.

O pequeno Lorenzo com a terapeuta ocupacional Vivian Ogawa e a psicóloga Ana Paula Ribeiro Hirakawa (Acervo/SMS)

Neste Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, 21 de setembro, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) lembra que, para além do atendimento para recuperação da mobilidade, da dispensação e acompanhamento de órteses e próteses, o Centro Especializado em Reabilitação IV (CER IV), equipamento da rede pública municipal, atende os quatro tipos de deficiência - física, auditiva, visual e intelectual – e, mais do que isso, devolve sentido à vida de pacientes de todas as idades.

Com atendimento humanizado, o CER IV dispõe de equipe multidisciplinar composta por fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, médicos, psicólogos, assistentes sociais e enfermeiros para atender pacientes encaminhados pelas Unidades Básicas de Saúde. 

Na capital, são 35 CERs, sendo quatro do tipo IV: Flávio Gianotti, no Ipiranga, M’Boi Mirim, Jardim Herculano, Milton Aldred, no Grajaú, e São Miguel, no bairro de mesmo nome. A seguir, relatamos algumas histórias de pacientes no CER IV M’Boi Mirim, na zona sul, onde alguns pacientes recebem acompanhamento ao longo de toda a vida, caso do jovem José Wallison, de 19 anos, que teve paralisia cerebral e mudou do Piauí com a mãe em busca de tratamento.

Uma jornada para recuperar a audição
Em 2015, José Paulo Borba Albuquerque, 32, um condutor e professor de enfermagem de 32 anos, sofreu um acidente de trabalho que o levou a uma perda auditiva progressiva, resultado de uma doença chamada otosclerose. Ele buscou ajuda no CER IV M'Boi Mirim, onde iniciou o diagnóstico e recebeu um aparelho auditivo.

O maior desafio para ele, foi quebrar o preconceito consigo mesmo por usar o aparelho, especialmente por trabalhar com o público. Ele conta que, no início, ficou exausto e ansioso por tentar decifrar o que as pessoas falavam, mas, com o acompanhamento da fonoaudióloga, sua audição, que estava a menos de 41%, hoje está em 100%. 

A fonoaudióloga Clissa Neri Daniel destaca a importância do acompanhamento pós-aparelho para o sucesso da adaptação. No CER M'Boi Mirim, 70% dos pacientes de saúde auditiva são idosos que buscam manter a qualidade de vida.

A imagem mostra uma cena de atendimento em saúde.  Um homem com camisa camuflada, barba e cabelo curto está sentado em uma cadeira. Ele usa um crachá com a palavra “VISITANTE”. Uma profissional de saúde, vestindo jaleco branco com o símbolo do SUS no braço, está examinando o ouvido dele com o auxílio de um otoscópio.  O ambiente parece ser de uma unidade de saúde, com paredes claras, uma mesa ao lado e uma porta ao fundo. O clima é de cuidado e atenção, típico de um atendimento clínico de rotina.
José Paulo e a fonoaudióloga Clissa Neri Daniel (Acervo/SMS)

Baixa Visão e Grandes Conquistas
Lorenzo, de apenas 3 anos, tem baixa visão em ambos os olhos, uma condição descoberta após uma internação. Sua mãe, Caroline, conta que a baixa visão é genética e que, embora o filho enxergue apenas formas grandes, ele desenvolveu o olfato e outras percepções.

Encaminhado pela UBS, Lorenzo começou o tratamento no CER M'Boi Mirim. A terapia ocupacional foi fundamental para seu desenvolvimento, já que ele não sentava nem tinha equilíbrio. Com a ajuda dos terapeutas, ele se tornou uma criança mais independente, que adora brincar com massinha, peças de madeira e, inclusive, aprendeu a ler em braile. Sua mãe destaca o acolhimento da equipe, que a ajudou a entender a condição do filho, transformando a terapia em algo que ele espera com ansiedade. A terapeuta ocupacional Vivian Ogawa e a psicóloga Ana Paula Ribeiro Hirakawa celebram as conquistas diárias do menino, que agora sobe escadas e se movimenta sozinho.

A Luta pela Autonomia com a Perda de Visão
Duas outras pacientes, Diany e Suellen, enfrentaram a perda de visão de forma súbita e transformadora. Diany Luany de Oliveira Cardoso, uma ex-manicure de 27 anos, perdeu a visão repentinamente em setembro de 2020. Ela, que tem diabetes, convive com uma retina descolada e usa uma bengala branca e verde para baixa visão. Embora ainda tenha alguma visão periférica, sua vida mudou completamente. No CER, ela aprendeu a usar aplicativos de celular adaptados e treina com a bengala, o que a ajuda a se mover com autonomia. O fisioterapeuta Eduardo Luís Moreira ressalta a importância da bengala como uma ferramenta de referência e a necessidade de quebrar preconceitos da sociedade, que muitas vezes duvida da deficiência por conta do uso de tecnologias.

Suellen Sales dos Santos, de 37 anos, perdeu a visão após uma hipertensão intracraniana idiopática. Para ela, a cegueira total foi um choque que a fez perder a vontade de viver, até que o CER a ajudou a resgatar sua autoestima. Atualmente, Suellen faz exercícios e cuida da casa e dos filhos sozinha. O fisioterapeuta Eduardo destaca que o trabalho de reabilitação com Suellen foi focado na autonomia e reinserção no mercado de trabalho. Suellen afirma que o maior desafio de sua nova vida é a falta de empatia das pessoas, mas ressalta que o CER a ajudou a entender que a vida continua, apenas de forma diferente.

A imagem mostra a entrada do Centro Especializado em Reabilitação IV M’Boi Mirim (CER IV).  Em primeiro plano, um profissional de saúde, vestindo jaleco branco com o símbolo do SUS na manga, acompanha uma mulher com deficiência visual que utiliza uma bengala. Ele sorri enquanto orienta a paciente a atravessar a faixa tátil em frente à unidade. A mulher também demonstra confiança e tranquilidade durante o atendimento.  Ao fundo, vê-se a fachada do prédio com placas de identificação do serviço, cadeiras de espera do lado de fora e outras pessoas dentro da unidade. A cena transmite acolhimento, acessibilidade e cuidado no atendimento em saúde pública.
Suellen com o fisioterapeuta Eduardo Luís Moreira (Acervo/SMS)

A Evolução da Infância à Adolescência
José Wallison Vieira de Sousa, um estudante de 19 anos com paralisia cerebral, é um dos pacientes mais antigos do CER, tendo chegado à unidade ainda criança, há 15 anos, vindo do Piauí com a mãe e o irmão. Ele era uma criança "molinha" que não falava e não interagia.

Com o apoio incansável da mãe e da equipe do CER M'Boi Mirim, José Wallison evoluiu de um estado de dependência para a independência, dando os primeiros passos e desenvolvendo-se. 

A fonoaudióloga Clissa Neri Daniel, que o acompanhou desde o início, Quando chegou do  relata que ele passou por diversas terapias, aprendeu Libras e foi encaminhado para um Centro Educacional Unificado (CEU), onde seguiu com sua vida escolar. Hoje, Wallison faz apenas acompanhamento auditivo e participa de oficinas de culinária, mas sua mãe, Maria de Lourdes, destaca que ele adora ir ao CER e que o tratamento mudou completamente a vida de ambos.

“Ele passou por todas as terapias oferecidas aqui, aprendeu Libras também na rede da Prefeitura; em 2015 já estava tão bem que eu comecei a trabalhar fora. Esse lugar é melhor coisa que alguém já inventou”, diz a mãe.

No centro, um jovem com touca descartável corta tomates em uma tábua, concentrado na tarefa. Ao lado dele, uma profissional de saúde ou educadora, também usando touca e jaleco branco com o logotipo do CEJAM e o brasão da Prefeitura de São Paulo, acompanha atentamente o processo, orientando e garantindo segurança.  Na bancada, além dos tomates cortados, há uma cebola dentro de um saco plástico. Ao fundo, é possível ver um micro-ondas, utensílios de cozinha e janelas que iluminam o ambiente.  A cena transmite ensino de autonomia, reabilitação e inclusão por meio de atividades do dia a dia, como o preparo de alimentos.
José Wallison e a terapeuta ocupacional Vivian Ogawa (Acervo/SMS)

A lista completa dos equipamentos pode ser consultada na página da Área Técnica da Saúde da Pessoa com Deficiência.

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