Secretaria Municipal da Saúde

Sexta-feira, 22 de Agosto de 2025 | Horário: 14:00
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Doença crônica e progressiva, esclerose múltipla tem tratamento e reabilitação

Objetivo é retardar progressão e manter funcionalidade dos pacientes com o transtorno neurológico, que se manifesta normalmente em mulheres entre os 20 e os 40 anos 

Doença autoimune crônica e rara, a esclerose múltipla afeta o sistema nervoso central, o cérebro e a medula espinhal.  A campanha Agosto Laranja tem o objetivo de conscientizar sobre a doença que faz com que as defesas do próprio corpo ataquem a bainha de mielina, substância responsável pela proteção dos impulsos nervosos dos neurônios, gerando incapacitações neurológicas gradativas.

Dor, fadiga, perda de visão e de força nos braços e pernas, tonturas, formigamentos, incontinência ou retenção urinária e fecal, e perda de coordenação motora são sintomas do transtorno neurológico que surgem normalmente entre os 20 e 40 anos, sendo mais comum em mulheres do que em homens. 
A causa da doença não é bem conhecida, porém envolve fatores genéticos e ambientais, sendo que as interações entre esses vários fatores parece ser a principal razão para diferentes apresentações da EM, bem como diferentes respostas aos medicamentos.

A esclerose múltipla não tem cura e a progressão da doença leva ao acúmulo de sequelas, desde a redução das capacidades visuais, o comprometimento do raciocínio até paraplegia.

A doença é classificada em três formas de acordo com a evolução da incapacidade e da frequência dos surtos: esclerose múltipla remitente-recorrente (EM-RR), a mais comum, que representa 85% de todos os casos da doença; esclerose primariamente progressiva (EM-PP) e esclerose secundariamente progressiva (EM-SP).

Fisioterapia e medicamentos que suprimem o sistema imunológico podem ajudar a combater os sintomas da esclerose múltipla e retardar a progressão da doença. O tratamento e acompanhamento adequados permitem a melhora da qualidade de vida dos pacientes.

Na capital, o atendimento inicial é oferecido nas 479 Unidades Básicas de Saúde (UBSs). O município possui ainda 35 Centros Especializados em Reabilitação (CERs), sendo que 33 deles contemplam a modalidade de reabilitação física. Neles, a equipe de amparo é formada por neurologistas, fisiatras, ortopedistas, enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicólogos e assistentes sociais.

Os CERs são importantes para garantir que as pessoas com deficiência tenham acesso a serviços de saúde especializados e de qualidade, que atendam às suas necessidades específicas e promovam sua inclusão social. Somente no ano passado, 324 mil pacientes foram atendidos nos CERs da capital. 

Na trajetória da esclerose múltipla, especialmente nas fases avançadas, o Programa Melhor em Casa pode ser acionado para garantir o cuidado domiciliar multiprofissional, fortalecendo o suporte ao paciente e à família no ambiente de casa. Atualmente, o município conta com 63 Serviços de Atenção Domiciliar (SAD) e 88 equipes multiprofissionais – entre Equipes Multiprofissionais de Atenção Domiciliar (Emad) e Equipes Multiprofissionais de Apoio (Emap). Além da assistência clínica, essas equipes desenvolvem ações voltadas à adaptação no domicílio e à preservação da funcionalidade possível, favorecendo maior conforto e segurança. O programa oferece também a abordagem de cuidados paliativos, que contribui para o controle de sintomas, o acolhimento emocional e o suporte social e espiritual, assegurando qualidade de vida e dignidade ao paciente e sua família diante dos desafios da doença.

Mudança de paradigma na reabilitação
“A reabilitação é muito importante para garantir a manutenção da funcionalidade dos pacientes acometidos pelo transtorno. O tratamento é individualizado, cada pessoa manifesta sinais e sintomas diferentes, alguns com maior perda funcional, outros com menor”, explica a fisioterapeuta Angelina Valéria Santos Silva Paganini, que atua no CER IV São Miguel 15, onde nos últimos quatro anos foram atendidos 15 pacientes com EM, seja em crise e/ou no pós-crise com perda funcional.  

Angelina explica que o objetivo do tratamento é otimizar a força muscular, a coordenação, a mobilidade, o equilíbrio, diminuir fadiga e a dor. “A intervenção vai depender das queixas relatadas pelo paciente, no geral, tem como objetivo melhorar a mobilidade globalmente; no passado os exercícios físicos eram evitados por pessoas com esclerose múltipla com receio de ocasionar fadiga, e por isso muitos acabavam apresentado agravos da doença de forma mais rápida, como quedas, por estarem descondicionados; porém, após estudos, ficou evidente que atividade física e programas de reabilitação são fundamentais para o tratamento”, ressalta.

Existem exercícios para cada fase da doença, desde o início do diagnóstico, e até para aquelas pessoas que estejam sem disfunções no momento. Angelina conta que no momento acompanha uma paciente jovem, que acabou de descobrir a EM e tem dificuldade para fazer coisas simples como pentear os cabelos mas que, apesar de ainda viver o luto da doença, não falta às atividades. 

A imagem mostra um atendimento de fisioterapia em uma clínica ou unidade de saúde.  No centro, uma paciente de cabelos longos soltos está de pé, com os braços abertos em posição de exercício. Ela é acompanhada por uma profissional de saúde que veste jaleco branco com o logotipo do SUS na manga. A fisioterapeuta orienta e apoia a paciente, posicionando uma das mãos em suas costas e a outra no braço, garantindo correção postural durante a atividade.  O ambiente é equipado com aparelhos e recursos de reabilitação, como uma maca, bicicleta ergométrica, escada terapêutica e outros equipamentos ao fundo. A cena transmite um momento de reabilitação, cuidado especializado e acompanhamento próximo do profissional de saúde, reforçando a importância da fisioterapia no fortalecimento físico e na recuperação funcional.
Angelina realiza atendimento no CER IV São Miguel (Acervo/SMS)

A fisioterapeuta lembra ainda que os pacientes sem perda funcional também se beneficiam de atividades aeróbicas, programa de fortalecimento e alterações no estilo de vida, com estratégias para diminuir o gasto energético no dia a dia ao desempenhar as atividades cotidianas.  “Esse tipo de fisioterapia geral não precisa ser necessariamente em um CER, o acompanhamento pode ser realizado pelo educador físico ou fisioterapeuta da UBS de referência do paciente”, comenta.

Saiba mais sobre os múltiplos sintomas da EM
• Ataxia: falta de coordenação dos movimentos ou para andar, tonturas e desequilíbrios.
• Cognitivos: problemas de memória, déficit de atenção e do processamento de informações (lentificação).
• Esfincterianos: dificuldade de controle da bexiga (retenção ou perda de urina) ou intestino.
• Fadiga: cansaço excessivo ou fraqueza.
• Mentais: alterações de humor, depressão e ansiedade.
• Motores: perda da força e rigidez muscular, dificuldade para andar.
• Sensitivos: dormências, formigamentos, dor ou queimação na face.
• Visuais: visão borrada, mancha escura no centro da visão de um olho, embaçamento ou perda visual e visão dupla.

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