Secretaria Municipal da Saúde

Sexta-feira, 6 de Maio de 2016 | Horário: 15:39
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Mães de Coração: as motivações e dificuldades de adotar um filho

Para quem assume o verdadeiro desejo de ser mãe não importa a forma, importa a vontade de se tornar mãe

Por: Anderson Peixoto e Piero Caíque
Fotos: Anderson Peixoto

Rosana Momente, é mãe de Samuel, garoto com deficiência intelectual.

Não raramente encontramos casos de adoção por trabalhadores de saúde, porém tal caso pode diminuir bastante quando tratamos da adoção de crianças acima de dez anos, e com problemas de deficiência intelectual. Encontramos um desses raros casos na Coordenadoria Regional de Saúde Oeste, onde Rosana Momente, Assistente de Políticas Públicas, trabalha. Momente é mãe adotiva de Samuel, garoto de 18 anos que é portador de deficiência intelectual não especificada.

Rosana adotou Samuel em 2009, quando este já tinha 10 anos. Segundo ela, o processo de adoção correu com maiores facilidades devido à menor fila para crianças especiais e mais velhas, já que a maioria das pessoas que optam pela adoção procuram crianças recém-nascidas.

A decisão de adotar partiu após um período em que a profissional trabalhava no abrigo em que a criança estava, “No caso do Samuel, ele só tinha dificuldade de aprendizado, eles não tinham como dar atenção de tratamentos pra ele”, disse, “ele precisava de atenção e ficava muito isolado, as crianças não entendiam ele, eu procurava dar atenção pra quem tinha dificuldade”, concluiu.

Desenho feito por Samuel.

O garoto adaptou-se rapidamente à nova mãe, que é solteira, e relata que Samuel hoje já consegue se comunicar facilmente com outras pessoas, o que não ocorria nos tempos de abrigo, “ele está bem esperto, lê, escreve, faz as contas”, disse a profissional.

Segundo Rosana, para adotar uma criança, “a gente tem que se ver no lugar da pessoa, é difícil viver sem a família, se você vai lá, visite a criança, dê atenção para as outras”, afirmou “todas precisam de atenção, eu sempre tenho vontade de adotar mais um”, finalizou a profissional.


“Ser mãe”

João, o filho de Sandra, demonstrando seu carinho pela mãe.

Na Escola Municipal de Saúde (EMS), também encontramos uma história de amor e maternidade. A pedagoga e Analista em Desenvolvimento Social, Sandra Aparecida dos Santos, conta que resolveu ter mais um filho e esse foi o único motivo que a levou a adotar um menino de 10 meses. “A adoção nada mais é que uma das formas de se tornar mãe. Descobri nesse processo que a biologia nada tem a ver com a maternidade. Ser mãe é uma decisão e uma condição da alma, do coração”, revela.

Sandra que já tinha duas filhas relembra que elas foram preparadas para ganhar um irmãozinho. Como em qualquer processo de família que resolve aumentar, os pais preparam seus filhos para a chegada do novo irmão e foi exatamente assim que aconteceu. “Saíamos para comprar coisas para o bebê, para o quartinho, roupinhas, brinquedos e deixávamos que elas escolhessem. Inclusive o nome”, cita.

Quando questionada sobre o sentimento pelo filho caçula ela se emociona e conta que desde que chegou ele já era muito amado e esperado, e que até hoje, mesmo homem feito, continua sendo o bebê da casa. “Como se pode definir o sentimento de uma mãe em relação ao seu filho? Só há uma forma, tenho três filhos e pelos três eu daria até minha última gota de sangue, daria a minha vida. Por todos, sem nenhuma diferença”, confessa.

Trabalhando na Prefeitura Municipal de São Paulo há 35 anos, Sandra explica que decidiu falar sobre a sua experiência como parte das comemorações do Mês das Mães para mostrar para as pessoas que adotar é ter um filho que nasceu de sua alma, fundamental é o amor, a decisão de trazer mais um filho ao mundo, de tê-lo, de amá-lo com todas as forças que seu coração conseguir.

“A biologia e o útero são totalmente dispensáveis nessa relação de maternidade. Para quem assume o verdadeiro desejo de ser mãe não importa a forma, importa a vontade de se tornar mãe. Escolhi ter três filhos e os tenho. E me sinto a mãe mais feliz e mais realizada do mundo. Dois nasceram do meu útero e os três de minha alma. A Adoção é um mero detalhe e confesso que só me lembro disso quando alguém toca no assunto, do contrário, é um detalhe totalmente descartável e inexistente. Eu os amo mais que a mim mesma. Não existem palavras que definam o amor que uma mãe tem por seus filhos. É maior que qualquer coisa. Um sentimento inexplicável”, finaliza.

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