Secretaria Municipal da Saúde
Cordão BiBiTanTã agita Ibirapuera
Por Karina Mendes
O Parque Ibirapuera vibrou, na terça-feira (2), com a folia do cordão BiBiTanTã, que desfilou suas marchinhas em meio ao verde do parque e seus frequentadores. O cordão reuniu usuários e funcionários dos CAPS Itaim Bibi, Butantã, Lapa e também dos Centros de Convivência e Cooperativa (CECCO) Ibirapuera, Campo Limpo e Previdência. O cordão, que este ano já passou pelas ruas do Centro no dia 31/01 e pelo Parque Ibirapuera no dia 02/02, se juntou ao bloco Mais Saúde, nesta quinta-feira (4), para desfilar pela Praça da Republica o seu samba que cura.
Com dez anos de vida, o cordão BiBiTanTã surgiu após atividade desenvolvida com um grupo de samba no CAPS Itaim, em 2006. Depois de a alegria ter tomado conta dos usuários, que sofrem de transtornos mentais, os funcionários se uniram a equipe do CAPS Butantã e fundaram o bloco carnavalesco, que levaria mais tarde para o standard do cordão, a junção nos nomes de seus respectivos bairros, Itaim Bibi e Butantã, nascendo assim, o BiBiTanTã.
Apesar de parecer apenas uma folia de carnaval, o bloco vai além. As unidades envolvidas trabalham o ano todo para desenvolver o canto, a composição, a dança e a confecção das fantasias. O desenvolvimento dessas tarefas traz aos pacientes a sensação de pertencimento na sociedade. “Acho que eles se sentem muito mais inseridos na sociedade quando desenvolvem essas atividades, pois estão fazendo tudo o que as outras pessoas fazem” diz Ana Galuzi, terapeuta ocupacional do CECCO Ibirapuera.
‘O samba sara’
Com mestre de bateria, ritmistas e até mesmo aulas de dança durante o decorrer do ano, o cordão traz, para muitos, uma energia que os pacientes do CAPS e os usuários do CECCO agarram para viver. O samba enredo deste ano retrata exatamente o que o este estilo musical representa na vida dessas pessoas: “Eu sei que o samba sara. Eu sei que o samba cura. Estamos todos juntos, na festa e na mistura”.
A inspiração do bloco e do tema desse ano vem de muitos séculos atrás. Vem do povo africano, que tem uma história regada de luta e sofrimento mas que, apesar de todas as dificuldades, sempre foi persistente e fez de suas rodas de samba uma força de resistência. Assim como os africanos, muitos dos pacientes com transtornos mentais também têm uma vida cercada de sofrimento e preconceito e fizeram do BiBiTanTã uma razão para ser persistente.
“A vida dos africanos foi muito dura e sofrida, mas eles resistiram. Os pacientes também têm essa dor na carne e fizeram da alegria que o batuque traz pra alma, sua força de resistência”, diz Magda Gebrim, psicóloga do CECCO Ibirapuera e idealizadora do cordão.
O cordão, que começou na parceria entre o CAPS Itaim e o CAPS Butantã, busca mais foliões. O BiBiTanTã não é apenas um carnaval dentro de uma unidade fechada, é um bloco que busca fazer a diferença ocupando espaços públicos. Aberto a todos, sem que haja distinção. Irene de Lourdes, usuária e conselheira gestora do CECCO Ibirapuera, diz que no cordão todos se juntam, os iguais e os diferentes. “O BiBiTanTã é alegria. Me sinto feliz de estar aqui. Aqui todos se juntam, sejam os iguais ou os diferentes. Aqui tem igualdade e liberdade”, diz Irene.
HAND TALK
Clique neste componente para ter acesso as configurações do plugin Hand Talk