Secretaria Municipal da Saúde
Programa de atenção à pessoa idosa ajuda no combate a violência e abandono
Texto: Keyla Santos e colaboração de Felipe Aires
Foto: Felipe Aires
Em 15 de junho comemora-se o Dia Mundial de Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa. Todavia, essa data serve de alerta para evidenciar uma realidade que não merece ser lembrada: de acordo com um recorte feito pela área de Doenças e Agravos Não Transmissíveis (Dant) da Coordenação de Vigilância em Saúde (Covisa) do município de São Paulo, em 2009 foram notificados 551 casos de agressão de terceiros contra pessoas da faixa etária de 60 anos ou mais. Esse número cresceu ao longo de cinco anos e, em 2014, 1.023 casos foram registrados, o que representa um aumento de 86%. E para combater isso, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) dispõe de uma Linha de Cuidado para Atenção Integral à Pessoa em Situação de Violência no Município de São Paulo, que tem o objetivo de cuidar da saúde das pessoas em situação de violência de forma ininterrupta e resolutiva.
No Brasil, são consideradas idosas pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, conforme estabelecido pela Política Nacional do Idoso (Lei nº 8.842, de 4 de janeiro de 1994) e pelo Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003).
Outra causa externa que chama atenção nos casos de violência contra idosos é a categoria “outros acidentes”, na qual é possível observar crescimento de 447%, passando de 2.055, em 2009, para 11.250, em 2014. Na categoria “acidente de trânsito”, o aumento é de 137%, passando de 313 casos notificados em 2009, para 742 em 2014.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as projeções para 2050 no Brasil seguem dão conta que haverá no país duas vezes mais idosos do que crianças. Na população da cidade de São Paulo, as pessoas com mais de 60 anos já representam mais de 10%. É uma tendência brasileira e mundial.
Para ajudar a reduzir os casos de violência contra idosos é importante que a sociedade atue em rede, identificando e notificando os casos, a fim de que os agressores sejam punidos. Os profissionais da área da Saúde também devem ficar atentos e notificar esses casos. Segundo a Lei Federal nº 12.461, de 26 de julho de 2011, os casos de suspeita ou confirmação de violência praticada contra idosos devem ser notificados compulsoriamente à autoridade sanitária pelos serviços de saúde públicos e privados à autoridade sanitária. Os casos também devem ser informados aos seguintes órgãos: autoridade policial; Ministério Público; Conselho Municipal do Idoso; Conselho Estadual do Idoso; e Conselho Nacional do Idoso.
Programa Acompanhante de Idosos (PAI)
A rede de atenção à saúde do idoso começa na Unidade Básica de Saúde (UBS). Visando recuperar a autoestima das pessoas idosas a SMS desenvolveu o Programa Acompanhante de Idosos (PAI), composto por uma equipe multiprofissional que realiza visitas, auxilia os idosos em suas atividades, organiza os remédios e orienta atividades físicas a fim de proporcionar bem-estar e identificar as dificuldades de cada idoso.
Os acompanhantes vão até a casa dos idosos participantes do programa e realizam atividades como: mutirão de limpeza; reabilitação por meio de exercícios físicos; e mudanças de hábitos que podem levá-los a risco de quedas. São realizadas festas durante o ano a fim de proporcionar integração dos idosos e a socialização na comunidade; visitas aos museus do Futebol e do Ipiranga, ao Zoológico, entre outros. Há também oficinas de Arte e Terapia, como pintura em pano, entre outros.
Os objetivos do PAI são desenvolver o autocuidado, autonomia, independência e melhoria do estado de saúde desse público; evitar ou adiar a institucionalização; promover a quebra do isolamento e exclusão social; formar, acompanhar e dar suporte técnico a acompanhantes de idosos; integrar as redes formais e informais de atenção à pessoa idosa para fortalecimento de parcerias e obtenção de alternativas de atendimento das demandas.
Airton Feo, de 91 anos, é um dos beneficiados pelo PAI Cidade Dutra (zona Sul). Feo mora com a filha mais velha desde que sua mulher morreu há um ano. Foi nessa época também, que passou a ser atendido pela equipe do PAI. “É muito gratificante o apoio do PAI, porque eles me levam onde preciso, pegam os remédios pra mim e me tratam com muita educação, o que é muito difícil de achar hoje em dia”, disse.
Lúcido, o idoso relatou que já conheceu mais de 1.000 cidades brasileiras. Amante de boa música, pescaria, viagens e poesias, acredita que o grande segredo para a longevidade está no amor, na vida vivida com prazer.
“Sempre fui muito feliz. Tive um casamento muito bom. Foi pequeno [o casamento]. Foram apenas 67 anos casados e dois anos de namoro e eu fui muito feliz”, finalizou Feo.
Unidade de Referência à Saúde do Idoso (URSI)
As URSIs são unidades especializadas para atender ao idoso na sua área de abrangência. O objetivo desse serviço é garantir a promoção e atenção integral à saúde do idoso mais fragilizado no nível secundário da assistência do Sistema Único de Saúde (SUS).
As sete unidades espalhadas pelas regiões da cidade de São Paulo prestam atendimento aos idosos portadores de problemas específicos do envelhecimento e das complicações das doenças mais prevalentes. A equipe é composta por profissionais com especialização em Gerontologia ou Geriatria como: assistente social, enfermeiro, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, médico geriatra, nutricionista, psicólogo e terapeuta ocupacional. Outros profissionais fundamentais são: auxiliar técnico administrativo e auxiliar de enfermagem.
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