Secretaria Municipal da Saúde
A história da Ana Marta merece ser contada
Toda história merece ser contada. Cada mulher carrega consigo uma vivência de superação e resistência, não importa quão simples pareça sua trajetória.
Passam pela vida das trabalhadoras do SUS as histórias de muita gente, não é verdade? Agora, é a hora da gente conhecer as histórias delas.
Queremos compartilhar com a cidade a sua visão de mundo, trajetória pessoal, profissional e aquilo que as faz ser quem são dentro e fora das unidades de saúde.
A série #MulheresDoSUS acontecerá ao longo do mês de março no facebook, twitter, instagram (@saudeprefsp), youtube e portal da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo.
Venha conhecer as histórias incríveis dessas mulheres que constroem o SUS e a saúde pública em toda a cidade.
Fotos: Edson Hatakeyama
Trabalhando no SUS – Sistema Único de Saúde há 25 anos, Ana Marta já deixou a marca do seu trabalho na UBS Jardim Ladeira Rosa e UBS Vila Espanhola e na SAE Santana. E coleciona histórias marcantes na profissão, algumas das quais divide, aqui, com o leitor. “Sou tocoginecologista e, sem dúvida, o momento mais marcante da minha carreira foi o primeiro parto que fiz, pois estava me especializando”, ressalta ela. “Mas ao longo destes 25 anos de SUS, tive muitos momentos alegres, tristes e emocionantes. No SAE Santana, por exemplo, aprendi a trabalhar com uma doença nova, assustadora e desafiante, a AIDS. Mudei conceitos e preconceitos. Convivi com pacientes de classes sociais distintas, profissionais do sexo, usuários de drogas e mulheres que descobriram serem portadoras do HIV no momento da gravidez. Tive, então, a oportunidade de ter um crescimento profissional que acabou me levando à Maternidade Cachoeirinha onde estou há 15 anos”, completa.
O começo de tudo
Os primeiros dias de trabalho no SUS deixaram Marta um pouco apreensiva, como ela mesma conta: “Meu primeiro local de trabalho foi na UBS Jardim Ladeira Rosa, na região da Brasilândia, onde a população é bem carente. Foi um susto ver o lugar onde fui parar. Era praticamente recém-formada. Mas como as aparências em geral costumam enganar, Marta afirma ter encontrado um ambiente de trabalho muito bom, além de ter feito grandes amigos na UBS. “Lá”, conta ela, também ocupei meu primeiro cargo de chefia, tendo chefiado o posto por dois anos”, orgulha-se, que assegura conhecer o SUS e tudo o que poderia ter feito para melhorar o sistema.
Entre o Rio e Sampa
Carioca, a médica acabou morando em São Paulo por diferentes motivos. “Sou carioca da gema”, exclama a doutora. “Quando prestei o concurso, não tinha intenção de morar aqui”, afirma. Inicialmente, nem o fato do salário em São Paulo sempre ter sido maior que em outros lugares do Brasil, a faria mudar de ideia. “Pensei que poderia dar plantão e ficar indo e vindo do Rio de Janeiro para São Paulo e vice-versa, como outros colegas do Rio já faziam. Mas na época da escolha só havia vaga para UBS. Então, resolvi tentar e ver no que isso ia dar, e lá se vão 25 anos”, reflete. O fato de já conhecer a cidade parece também ter ajudado. “Eu já conhecia a cidade, o irmão da minha mãe morava aqui e quando era criança às vezes vinha passar uns dias nas férias”.
A escolha da profissão, a referência
Algumas razões levaram Ana Marta a se decidir pela medicina. “Queria ser médica”, conta ela, “porque sou asmática e quando estava em crise e ia a um pronto socorro, achava fantástico o médico saber exatamente o que fazer para eu ficar bem. Então pensava, também quero ajudar as pessoas a ficarem boas. Já a escolha pela Ginecologia foi por ser mulher. Nada como uma mulher para entender os problemas da outra, só que nem sempre é assim”, diverte-se a ginecologista. Mas havia também outro motivo – tão ou mais forte que os referidos por ela acima – que também seria determinante para sua escolha. “Meu pai tinha uma prima médica. Veja bem, uma mulher negra, médica e mulher”, frisa ela, “nos anos 40, no Brasil. Para mim, ela foi pioneiríssima. Meu pai até conta que ela foi uma das primeiras mulheres a ter carro no Rio de Janeiro. Ela foi minha referência”, afirma.
Ela por ela / revendo o mundo
Solteira, sem filhos e morando sozinha, Ana Marta conta que sua família mora no Rio, que é a mais velha e única descendente do sexo feminino de uma família de três filhos, e que os pais estão vivos. Por isso, sempre que pode vai visitá-los na cidade maravilhosa. Perguntada sobre algo que a tenha feito mudar sua visão de mundo, ela menciona uma viagem que fez à Nova York, “um verdadeiro choque cultural pra mim”, avalia ela. Lá, eu vi como os negros americanos tinham uma autoestima que nós nunca tivemos. Mexeu totalmente com minha autoestima, meu amor-próprio”, completa. Determinada e incansável batalhadora pelas suas conquistas, ela se diz “forte, sem perder a ternura”, parafraseando Che Guevara.
Pedra de toque
Para finalizar, ela deixa uma mensagem para as leitoras refletirem: “Apesar de todas as conquistas obtidas pelas mulheres ao longo do tempo, muitos homens ainda se sentem mais poderosos, mais fortes e mais capazes. “Portanto, a mulher deve continuar a estudar e trabalhar para ocupar todos os espaços na sociedade. Queremos parceiros, não inimigos”, finaliza a médica, confidente e ponte entre o sexo feminino e todas as outras áreas da medicina.
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