Secretaria Municipal da Saúde
Luta pelo bem-estar animal é a motivação da médica veterinária Solange
Solange e sua amada cachorra de estimação Pit (Foto: Arquivo Pessoal)
Nascida em uma família de raízes interioranas, a paulistana Solange Germano cresceu cercada por bichos e desenvolveu um amor incondicional por eles, o que a fez escolher a medicina veterinária como profissão. O sentimento despertado por seu primeiro amigo de estimação - Nico, um cachorro doente que seu pai acolheu - a moveu durante toda a carreira na luta pelo bem-estar animal.
Agora, aos 63 anos de idade, 33 anos de trabalho na administração municipal e com a sensação de dever cumprido, se prepara para a aposentadoria e a despedida dos colegas da Coordenadoria de Saúde e Proteção ao Animal Doméstico (Cosap), onde coordena as demandas de assistência aos animais abandonados em aldeias indígenas, terminais e parques da cidade. “Vou sentir muita falta dos amigos que fiz na Cosap, eles são como uma segunda família para mim”, diz a médica veterinária, que se aposenta em 2021.
Solange iniciou a carreira em 1979, após concluir a graduação, como clínica de pequenos animais, função que desempenha até hoje em estabelecimentos privados. Em 1987, prestou concurso e começou a atuar na vistoria sanitária do Centro de Zoonoses da Prefeitura de São Paulo. “Lembro de muitas histórias chocantes dessa época, como um casal de idosos que tinha transformado a residência em um pombal e vivia no abandono. Outra vez fomos até a casa de uma família acumuladora, que mantinha 100 animais dentro do ambiente. Tudo isso me fez ficar forte na profissão e motivada para auxiliar os animais e as pessoas.”
Em 2000, Solange passou a atuar no setor de adoção de cães e gatos e iniciou o trabalho de triagem de animais para adoção. A partir desse período, ela conta ter vivido a parte mais gratificante de sua carreira, pois pôde ajudar os animais abandonados a conseguirem uma família e um lar amoroso. Desde 2014, compõe o setor de ações especiais, que promove a saúde e o bem-estar de animais abandonados em locais públicos e nas aldeias indígenas de São Paulo.
Todas as vidas importam
Incomodada com o trato dispensado antigamente aos animais que eram resgatados, como a eutanásia, por exemplo, ela resolveu lutar para que eles tivessem mais qualidade de vida e formou com alguns colegas, em outubro de 1999, a Comissão de Bem-estar Animal e Posse Responsável do Centro de Controle de Zoonoses para debater possíveis melhorias. “Isso tomou força e participamos de seminários, conseguimos atingir o poder público e discutir mudanças reais, inclusive contribuímos para a elaboração de leis de bem-estar animal. A gente pensava na segurança dos funcionários e no cuidado com os animais, pois não existia uma estrutura de adoção e os animais também não eram castrados. Esse cenário melhorou muito com a atuação da comissão, que promoveu modificações no Centro de Zoonoses, com reformas nos canis, serviços de castração e adoção estruturados. Depois, com a criação da Cosap, em 2017, todo esse trabalho foi intensificado”, relata.
Hoje, com a estrutura da Cosap consolidada, ela diz se sentir tranquila para se aposentar. “Sempre batalhei por isso, eu costumava dizer: ‘a saúde não é só do ser humano, a saúde é única, é para todos, inclusive dos bichos’. Com a conquista de uma coordenadoria específica para acolher os animais domésticos, eu me sinto segura hoje para me aposentar e realizada em saber que minha luta rendeu bons frutos.”
A médica veterinária (de costas) com colegas da Cosap vacinando animais na Aldeia do Jaraguá (Foto: Arquivo Pessoal)
Para a vida pós-aposentadoria deseja principalmente relaxar e aproveitar o tempo com sua família. “Trabalhar com animais é maravilhoso, mas também estressante, tenho que lidar com demandas constantes de socorro de animais machucados ou abandonados e isso não faz o meu dia a dia fácil. Minha mãe é idosa e chegou o momento de passar mais tempo com ela e descansar”, conta ela, que mora com a mãe Alzira, a irmã Seomara e três bichinhos de estimação.
Solange também quer aproveitar a aposentadoria para realizar algumas coisas para as quais, segundo ela, nunca teve tempo suficiente, como viagens e trabalho voluntário. Afirma, contudo, não ter vontade de parar completamente de trabalhar e diz que vai continuar atendendo como clínica de pequenos animais, mas não com a mesma frequência.
As maiores paixões de Solange são viajar, ir ao cinema e passar tempo com a sua família e seus pets, a cachorra Pit, a gata Sofia e o gato Guarani. Com a aposentadoria, ela diz que pretende apreciar muito mais esses momentos e explorar novas experiências.
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