Secretaria Municipal da Saúde
Perfil – Leanndru Sussmann une psicologia, Pics e estímulo à alegria no enfretamento à pandemia
A pandemia impactou a vida profissional de muitas pessoas, fez com que se vissem diante de uma desafiadora reinvenção. Com o psicólogo Leanndru Guilherme Pires Reis Sussmann foi assim. Aos 34 anos de idade, com os atendimentos presenciais na Unidade Básica de Saúde (UBS) Jd. Julieta suspensos na pandemia, ele foi atuar voluntariamente no Hospital Municipal Dr. José Soares Hungria, mais conhecido como Hospital de Pirituba. Lá encontrou a oportunidade de realizar um ideal que fez seu trabalho ser reconhecido no Prêmio Cidade de São Paulo, em abril.
Psicólogo no Centro de Apoio Psicossocial Infantojuvenil da Vila Maria (Caps IJ da Vila), Leanndru chegou a esta unidade em novembro de 2020, após trabalhar, desde 2014, na UBS Jd. Julieta, na zona norte. “Foram seis anos dos quais me recordo com muito carinho, porque amadureci profissionalmente e isso foi crucial para o momento que eu viveria no Hospital de Pirituba”, afirma.
Na UBS, Leanndru promovia grupos de meditação e rodas de conversa para fortalecer a comunidade local, além de tratar os casos de saúde mental que chegavam à unidade. E foi assim, conhecendo melhor o Sistema Único de Saúde (SUS), que o psicólogo compreendeu a importância da construção e do fortalecimento da rede nas comunidades. “Eu buscava me aproximar das pessoas e trabalhar por este objetivo. Com o início da pandemia, percebi que os grupos mais fortalecidos permaneceram unidos, mesmo que distantes uns dos outros”, conta.
Leanndru Sussmann, (à esq.) com a equipe de trabalho no Hospital Pirituba. (Foto: Arquivo Pessoal)
Com a pandemia, o Hospital Municipal Dr. José Soares Hungria abriu espaço para voluntários e pediu à Organização Social de Saúde (OSS) Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), gestora da unidade, que divulgasse entre os funcionários a possibilidade de se candidatarem ao trabalho. Após se apresentar para o serviço, a equipe formada por Leanndru e outros três psicólogos tratou de fazer um reconhecimento de campo.
Compreenderam as estruturas do local, o que era área para o atendimento de pacientes com Covid-19 e quais eram as demandas ali. Apresentaram, então, um plano de atuação com grupos de profissionais de saúde da linha de frente, pacientes com Covid-19 e de familiares dos internados.
O primeiro grupo a receber o atendimento da equipe foi o de profissionais de saúde que lidava com a doença de forma indireta, encaminhando corpos de vítimas da doença para a funerária, por exemplo. “O medo de infecção era constante e a gente trabalhava esse medo com os profissionais, enquanto fortalecia a saúde mental deles”, explica.
Leanndru, que tem formação em acupuntura, aplicava a auriculoterapia, uma técnica de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (Pics) que promove a harmonização física e emocional pelo estímulo de pontos da orelha. Foram quatro meses de experiências agradáveis e de momentos tristes. “Assim que chegamos, uma paciente internada há um bom tempo e sem ver os familiares, pois seu quadro nunca ficava 100% para receber alta da área Covid, precisava de ajuda. Fizemos uma videochamada para ela rever seus parentes e, três ou quatro dias depois, ela recebeu alta. A gente recebia mensagens de agradecimento diariamente, e foi assim até o nosso último dia de trabalho no hospital”, recorda. A “hora mais difícil do dia” era quando ao subir para ver um paciente, o leito já estava vazio ou ocupado por outra pessoa, relembra o psicólogo.
Em 2019, o psicólogo (na frente, à esq.) e os colegas do trabalho voluntário levaram a alegria do carnaval aos pacientes
Se no começo os profissionais de saúde estanhavam a presença dos voluntários no hospital durante a pandemia, o tempo os fez admirar o trabalho deles e até a multiplicar os conhecimentos aprendidos. “Os enfermeiros mesmo faziam o que nós começamos, soltavam as músicas que os pacientes gostavam”, orgulha-se o psicólogo formado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus da cidade de Assis. “Eu costumo dizer que entro nos lugares para me tornar desnecessário, temos de construir coisas que não dependam da gente”, opina.
Depois que o trabalho voluntário no hospital municipal terminou, os assistentes sociais da unidade deram continuidade ao serviço de videochamadas para pacientes internados e familiares.
Além de trabalhar no SUS, Leanndru é dançarino de forró e, claro, sente falta dessa atividade impedida pela pandemia. A leitura e a corrida de rua também estão na lista do que o psicólogo gosta de fazer. Entusiasta da música, Leanndru arrisca acordes em violão e ukulele. Recentemente descobriu uma nova paixão, o mergulho. Desde 2018, visitou o fundo do mar em quatro oportunidades.
Você também pode conferir um vídeo da conversa com o entrevistado. Como medida de proteção e enfretamento à Covid-19, a gravação foi feita remotamente.
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