Secretaria Municipal da Saúde
Psiquiatra defende abordagem integrada na promoção da saúde mental

Neste dia 13 de agosto, Dia do Médico Psiquiatra, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) homenageia os profissionais atuantes na rede municipal e que, juntamente com psicólogos e outros profissionais, integram os cuidados em saúde mental, que, cada vez mais, adotam uma abordagem integral, que leva em conta a condição biopsicossocial do indivíduo.
Vanessa Junger é um dos quase mil psiquiatras que atuam na capital. Formada pela Faculdade de Medicina do ABC, com residência em psiquiatria no Hospital do Servidor Público Estadual e na Faculdade de Medicina da USP, ela tem formação complementar em Terapia Cognitivo-Comportamental, Psicossomática, Psiquiatria da Infância e Adolescência e Psicologia Perinatal.
Nestes mais de 20 anos, atuou em Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e hospitais da rede pública de São Paulo, como o Hospital Municipal do Campo Limpo e a UBS Parelheiros, no Caps Adulto III Largo 13, e desde 2024 integra, com o psicólogo Allan Mattos, a gestão da Coordenação Regional Sul na Saúde Mental, acompanhando os mais de 50 serviços da Rede de Atenção Psicossocial (Raps) na região, o que inclui desde as UBSs e os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) até unidades de acolhimento, serviços residenciais terapêuticos e leitos psiquiátricos da rede de urgência.
Em sua prática em saúde pública, onde cada vez mais a saúde mental é tema prioritário, a profissional afirma em primeiro lugar valorizar justamente a integração entre médicos psiquiatras, psicólogos e equipes multiprofissionais. Outro aspecto importante é o uso criterioso de medicamentos, sempre associado à psicoterapia e a ajustes progressivos na rotina, e não como uma resposta imediata a queixas que podem ter múltiplas raízes. “A tristeza faz parte da vida; medicá-la indiscriminadamente é mascarar a origem do sofrimento”, pondera a médica.
Vanessa lembra que, embora quadros mais graves, como psicoses e transtorno bipolar, exijam uso contínuo de medicação, casos leves podem se beneficiar de uma abordagem mais gradual e integrativa, que enfoque aspectos como sono, alimentação, atividade física, espiritualidade e vínculos sociais, pilares que inclusive são a base de tratamento da medicina do estilo de vida. O ideal, diz a psiquiatra, é que o próprio paciente escolha por onde começar.
A profissional é defensora do uso das Práticas Integrativas e Complementares (Pics), como ferramentas acessíveis dentro da rede, além de eficazes para o autocuidado. “Elas funcionam como alternativas importantes para quem busca mais qualidade de vida”, afirma. No entanto, reconhece que ainda há um desafio cultural no uso adequado dos serviços do SUS. “Você prescreve o remédio, encaminha para o Caps ou para uma atividade como uma Pic, mas o paciente nem sempre segue, e então fica preso no ciclo da medicação.”
A psiquiatra propõe ainda uma visão mais integrada do corpo, com destaque para a saúde intestinal, tema que considera promissor na interface com a saúde mental. “Já sabemos que o intestino é quase tão importante quanto o cérebro e o coração, e a forma como nos alimentamos afeta diretamente o humor”, afirma, citando a disbiose (desequilíbrio da microbiota intestinal) e a permeabilidade intestinal como fatores associados a inflamações e transtornos emocionais. “Estudos mostram que, ao tratar a disbiose junto ao uso de antidepressivos, há melhora mais rápida dos sintomas. É um futuro promissor para a medicina.”
A abordagem preferida de Vanessa para a promoção da saúde mental passa, portanto, por escolhas cotidianas: alimentação equilibrada, prática regular de atividade física, relações saudáveis, controle de substâncias de risco como cigarro e álcool, e ainda o uso consciente de medicamentos. “Sempre com apoio técnico, empatia e tempo para escuta”, reitera.
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