Secretaria Municipal da Saúde
São Paulo é pioneira na oferta de Programa de Residência Multiprofissional em Pics

A Prefeitura de São Paulo, por meio Comissão de Residência Multiprofissional em Saúde da Secretaria Municipal da Saúde (Coremu/SMS) é pioneira, no Brasil, na oferta do Programa de Residência Multiprofissional em Práticas Integrativas e Complementares em Saúde, as Pics. O programa é autorizado pela Comissão Nacional de Residência Multiprofissional do Ministério da Educação.
Reconhecidas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde, as Pics são grandes aliadas da promoção em saúde, ao colocar terapias tradicionais como acupuntura, terapia comunitária Integrativa, yoga e práticas corporais chinesas, entre outras, dentro das atividades cotidianas de equipamentos como as Unidades Básicas de Saúde (UBSs).
O programa, criado em 2016, é o primeiro no cenário brasileiro, e até fevereiro de 2025 havia formado 103 profissionais. A duração é de dois anos, com carga horária mínima de 5.760 horas, o que representa 60 horas semanais com dedicação exclusiva. O objetivo é promover a qualificação de profissionais em Pics, nas competências básicas e necessárias para atuação no contexto da assistência, educação e gestão no SUS.
As atividades práticas da formação ocorrem na rede primária de atenção à saúde, ou seja, em locais como as Unidades Básicas de Saúde (UBSs), os Centros de Referência em Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (CRPICS), Centros de Convivência e Cooperativa (CECCO), Atenção especializada e hospitalar
As categorias que ingressam na Residência Multiprofissional são enfermeiros, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, psicólogos, biólogos, fonoaudiólogos, nutricionistas, farmacêuticos e profissionais de educação física.
Marcos Veltri, pedagogo e coordenador titular do PMRPICS, ratifica o ineditismo do programa, que possui uma abordagem totalmente voltada à realidade de saúde pública, com foco em oferecer acesso ao maior número de pessoas, muitas vezes por meio de atividades em grupo.
“Pics é coisa séria”, resume a enfermeira e coordenadora suplente do PRMPICS, Patrícia Luna, para quem a formação representa um diferencial na qualificação dos profissionais. “A proposta é prepará-los para agregar estas terapias complementares à sua prática”.
Marcelo Spiandon, preceptor do programa e gestor do CRPICS São Mateus, um dos cenários de prática do PRMPICS, concorda. “A pós-graduação fortalece os profissionais para atuarem de forma ética, técnica e sensível, promovendo o cuidado integral”. Em sua avaliação, o fato do programa ser voltado à área pública proporciona o desenvolvimento de uma visão ampliada da saúde, com habilidades como escuta ativa, competências em diversas práticas terapêuticas e capacidade de articular as Pics com as linhas de cuidado da atenção primária. “Além disso, tem impacto direto na disseminação e expansão destas práticas na rede, pois os profissionais formados tornam-se multiplicadores e referências nos seus territórios.”
A coordenadora da Coremu/SMS, Valnice Nogueira, aponta a importância da formação dos residentes no e para o SUS, “dando à população o acesso às Práticas Integrativas e Complementares em Saúde e, por fim, garantindo a qualificação dos residentes, futuros profissionais da rede municipal, de forma ética, científica, segura e humanizada, comprometida com a renovação dos modos de aprender e praticar a produção do cuidado em saúde.”
Para o coordenador Área Técnica de Saúde Integrativa – Pics da SMS, Adalberto Kiochi Aguemi, a oferta de uma pós-graduação dentro da rede municipal contribui de forma relevante para a disseminação das Pics nos serviços públicos de saúde, e, em consequência, um cuidado integral, qualificado e sustentável na promoção de saúde. “Mais ações de promoção, ao longo do tempo, podem implicar em menos tratamentos especializados, exames e medicamentos”, resume o coordenador, que também é médico acupunturista.
Terapeuta ocupacional incorpora as Pics em sua atuação
Lara Teixeira Rosan, 25, é formada em Terapia Ocupacional (TO) há quatro anos pela Unifesp Campus Baixada Santista, e desde a graduação tem contato com as Pics como auriculoterapia, aromaterapia, reiki e meditação. Ela conta que, ao buscar uma pós-graduação, queria um programa que a colocasse em contato com a atenção básica, sua área de interesse na saúde. “Foi então que me falaram da residência em Pics em São Paulo, disseram que era a minha cara, e era verdade”. Lara não apenas cursou a residência, entre 2022 e 2024, como foi contratada imediatamente após a conclusão, ainda em 2024, para atuar na equipe Multi da UBS Vila Gumercindo, na Supervisão Técnica de Saúde do Ipiranga.
Como parte desta equipe, Lara atende todos os públicos: crianças, adolescentes, adultos e idosos, com as mais variadas queixas, tanto de forma individual quanto em grupos. E, a partir da base recebida na residência, além de outras formações, passou a utilizar as Pics rotineiramente em seu atendimento. “Uma das minhas funções como terapeuta ocupacional é identificar e auxiliar nos motivos pelos quais as pessoas não conseguem exercer sua autonomia e independência nas atividades de vida diária”, explica.
E acrescenta: “Tenho usado as práticas integrativas para compor o meu olhar da TO; hoje elas são grandes aliadas; com a prática do xian gong, por exemplo, vejo cada vez mais as pessoas conseguindo trabalhar a questão da presença, com redução do estresse, além de muitos relatos de redução da dor e aumento da mobilidade; na aromaterapia tenho um paciente com TEA com uma queixa importante de sono agitado, e conseguimos tanto sucesso que a terapia entrou nos cuidados de toda a família”, relata a terapeuta, que, a partir das suas vivências na UBS, tornou-se preceptora da mesma residência em Pics na qual se formou, acompanhando agora os novos residentes.
Sobre a experiência de trabalhar no SUS, Lara diz que o que considera mais impressionante “é ver, a partir do momento em que você consegue entender a necessidade de um território, o quanto todo o cuidado proposto pode ser potente e o quanto a população o abraça; as Pics falam disso, elas são outra maneira de olharmos para nós enquanto seres humanos, dentro da lógica de que saúde engloba tudo, o contexto social, mental, físico, tudo junto, são fatores que se atravessam, e cada prática vai atingir uma pessoa de maneiras diferentes.”
Foto: A terapeuta ocupacional Lara aplica auriculoterapia em paciente da UBS Vila Gumercindo (Acervo/SMS)
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