Secretaria Municipal da Saúde

Quinta-feira, 16 de Outubro de 2025 | Horário: 10:00
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Serviços em saúde da zona norte promovem 18ª Grande Roda de terapia comunitária integrativa

Prática integrativa, presente em UBSs, funciona por meio de grupos de conversa nos quais todos têm voz para compartilhar questões, problemas e desassossegos
A imagem mostra um grupo grande de pessoas reunidas em um espaço ao ar livre, provavelmente um jardim ou pátio, cercado por árvores e vegetação. A cena tem um clima de convivência e alegria.  As pessoas estão sentadas em cadeiras dispostas em formato circular, participando de uma atividade coletiva. A maioria dos participantes são idosos, e duas mulheres em pé, vestindo camisetas azuis, parecem conduzir a dinâmica ou conversar com o grupo.  Ao fundo, vê-se mais pessoas observando ou participando, além de um prédio com grandes janelas e murais coloridos, que pode ser uma unidade de saúde ou centro comunitário. O ambiente transmite integração, cuidado e convivência social entre os participantes.

Na última terça-feira (14), pelo 18º ano consecutivo, as Supervisões Técnicas de Saúde (STSs) da Vila Maria/Vila Guilherme e Santana/Jaçanã/Tremembé promoveram a “Grande Roda de Terapia Comunitária Integrativa”.

Com o tema “Mundança: Quando eu mudo, o mundo muda!”, o evento, realizado na Biblioteca Álvares Azevedo, na Vila Maria, reuniu terapeutas comunitários e pacientes das unidades de saúde da região, que puderam exercitar a escuta e o compartilhamento de suas vivências por meio da TCI.
Inserida no conjunto de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (Pics), a Terapia Comunitária Integrativa está presente há duas décadas nos equipamentos de saúde da cidade de São Paulo. Em 2003, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) articulou a primeira formação em TCI voltada aos profissionais da rede, seguida de outras em 2006, 2022, 2023, 2024 e 2025, visando o suporte conceitual, metodológico e de autocuidado aos terapeutas comunitários.

A TCI proporciona acolhimento aos participantes, incentivando o compartilhamento de questões do dia a dia que os incomodam, processo no qual surgem as percepções e identificações que ajudam na resolução das queixas relatadas. Como aponta o psicólogo, terapeuta comunitário e musicoterapeuta do Centro de Convivência e Cooperativa (Cecco) Trote, Marcel de Lima, “A TCI possibilita a expressão de emoções e sentimentos, quando o participante se sente acolhido na comunidade que se forma”. 

Dentro deste contexto, desde 2007 a “Grande Roda” proporciona um espaço de reflexão, motivação e troca entre terapeutas comunitários (uma equipe multiprofissional das áreas da psicologia, nutrição, enfermagem, dentre outras, todos capacitados em TCI) e pacientes.

Ao longo desses 18 anos, diversas histórias de superação foram construídas. Pacientes relatam que a “Grande Roda” transformou suas vidas e que se sentem em um ambiente familiar. “É muito satisfatório ver pessoas que inicialmente tinham resistência a aderir, talvez pela presença da palavra ‘terapia’ no nome, estão aqui hoje participando da Grande Roda”, comenta a nutricionista Juliana Santos de Carvalho, que se formou como terapeuta em 2022. Ela acrescenta que a TCI também impactou sua vida. “Quando comecei a formação eu não conseguia sequer falar o meu nome em voz alta; hoje considero que sou outra pessoa, pois durante a formação a gente aprende a cantar, dançar, fazer dinâmicas com os participantes; isso mudou a minha vida”, diz. 

Horizontalidade
Em 2024, os equipamentos da rede municipal, em especial das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) conduziram mais de 10 mil sessões de TCI, que é uma das 29 práticas integrativas complementares disponíveis atualmente. Além disso, a TCI é 100% brasileira, criada pelo psiquiatra e antropólogo Adalberto de Paula Barreto, autor da frase "Quando a boca cala, o corpo fala. E quando a boca fala, o corpo sara". 

A TCI funciona por meio de grupos abertos, que se reúnem semanalmente, em rodas de conversa nas quais todos – pacientes da unidade, pessoas da comunidade, têm voz e podem compartilhar questões, problemas, desassossegos e dores da alma. Cabe ao mediador, que pode ser qualquer profissional da unidade com formação em Terapia Comunitária Integrativa, atuar como um facilitador deste processo. Nessa perspectiva, os próprios usuários da TCI tornam-se protagonistas, ao criarem laços sociais, enquanto os profissionais atuam como mediadores.

O ponto fundamental da Terapia Comunitária Integrativa, no entanto, está na horizontalidade, sem relação de poder entre os atores, com o objetivo de criar e fortalecer os laços sociais, em uma dinâmica na qual cada participante é corresponsável pelo processo terapêutico individual e coletivo, ao partilhar suas experiências e vivências com todos na roda. Neste processo, pode ocorrer identificação, insights para o encaminhamento de questões e até mesmo um resgate da identidade e da autoestima. 

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