Secretaria Municipal da Saúde
UBS aplica auriculoterapia em idosos e para tratar sintomas de crianças com TEA

Há mais de quatro anos, a UBS Jardim Colombo, na zona oeste da capital, colocou as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (Pics) em sua rotina. Uma das práticas oferecidas na unidade é a auriculoterapia, que desde o início faz sucesso entre o público adulto. A novidade é que, mais recentemente, a auriculoterapia vem sendo usada também em um público bem específico, o de crianças com transtorno do espectro autista (TEA), com sucesso.
“Nós temos dois grupos de auriculoterapia, um na segunda-feira, para um público misto, e um na quinta-feira, para pessoas com dor crônica e questões de saúde mental, e foi a partir dos resultados alcançados com este segundo grupo que a equipe de saúde mental que atende na UBS sugeriu que tentássemos aplicar a prática nas crianças com TEA”, relata a gestora da unidade, Paula de Oliveira Castro Teruel.
Foi assim que a responsável pela aplicação da auriculoterapia na unidade, a enfermeira Iraí Gomes dos Santos, criou um grupo voltado a crianças com TEA em julho de 2024. Ao longo de 10 semanas, oito crianças com idades variadas realizaram sessões semanais de auriculoterapia, com bons resultados especialmente no que diz respeito à melhora na qualidade do sono e na agitação. “Foi surpreendente”, diz a profissional, que realizou sua formação depois de recorrer ela mesma à prática, para amenizar suas crises de enxaqueca.
A partir dessa primeira experiência, a enfermeira decidiu implementar atendimentos semanais individuais com as crianças, para trabalhar a redução dos sintomas. Atualmente estão em atendimento continuado com Iraí três crianças, de 4, 5 e 12 anos.
Antes e depois
Uma dessas crianças é Leonardo, 12, que chegou à UBS com diagnóstico de TEA e transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH). “A psicóloga indicou a auriculoterapia, e eu lembro que na primeira sessão a Iraí teve que aplicar as sementes na orelha do Leo com ele andando”, conta a mãe, Ana Paula Penilha. “Conforme ele foi fazendo a auriculoterapia, foi acalmando, foi reduzindo a agitação, a agressividade, a ansiedade”.
Com disso, diz Ana Paula, a interação social também melhorou muito. Leo, como é chamado, passou a ser convidado para festinhas que antes não frequentava, pois a família e os amigos não sabiam como lidar com os episódios de agitação e agressividade.
Sentado calmamente ao lado da mãe, o próprio Leo relata: “Antes eu ficava muito agitado, não conseguia me controlar direito, com a auriculoterapia eu me sinto mais calmo, me ajudou até nas provas da escola, minhas notas melhoraram”, diz o menino, enquanto a mãe enxuga as lágrimas. “Eu falo que tenho um Leo antes e um depois da auriculoterapia.”
Pensando na saúde mental das mães e responsáveis, sempre que uma criança recebe auriculoterapia, Iraí também aplica a técnica nos adultos. Ela conta que aos poucos, com a familiaridade trazida pelas sessões semanais, as crianças vão aprendendo, elas mesmas, a tocar os pontos auriculares quando sentem-se agitadas ou ansiosas.
No caso dos adultos, em especial os idosos que participam do grupo de quinta-feira, que chega a reunir mais de 30 pessoas, para além da auriculoterapia, os encontros se transformaram em espaços de sociabilidade, que incluem muita conversa, troca, eventos organizados conjuntamente e relações que extrapolam o espaço da UBS. Com tanto sucesso, Paula conta que a unidade passou a contar com mais duas enfermeiras formadas em auriculoterapia para atender à demanda.
Liliane Cristiane, avó e responsável pelo pequeno Philip Brayan, 4, já fazia auriculoterapia na UBS quando Iraí sugeriu o uso da técnica também na criança, que tem TEA. “Eu achei que seria difícil funcionar, ele era muito agitado, por qualquer coisa se jogava no chão e chorava, e isso estava muito ruim para mim, para ele e também na escola”, diz a avó, que se surpreendeu com os resultados já a partir do primeiro dia. “Agora eu consigo conversar com ele, que está mais calmo, consegue ouvir; o resultado é tão bom que ele já aprendeu a pressionar os pontinhos na orelha quando sente que precisa”, comenta Liliane.
Sobre a auriculoterapia
Disponibilizada desde 2017 pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS) como terapia integrativa, a auriculoterapia é hoje a técnica com maior oferta e demanda entre todas as 22 Pics oferecidas pelos equipamentos: só em 2024, foram realizadas 346.829 sessões individuais da prática, em toda a rede.
Trata-se de uma técnica pouco invasiva, de eficácia comprovada, empregada para o alívio das dores em geral, estresse, ansiedade, insônia e equilíbrio dos órgãos internos, entre outras indicações. Geralmente são utilizadas sementes de mostarda aderidas a um esparadrapo e previamente preparadas; depois, estas são inseridas em locais da orelha correspondentes ao órgão que se tem por objetivo trabalhar.
Na visão da medicina tradicional chinesa o corpo humano apresenta vários microssistemas, ou seja, uma parte do corpo, nesse caso a orelha, representa todo o corpo humano.
Para ter acesso à terapia é necessário procurar a UBS mais próxima de sua residência, ou um dos Centros de Referência em Pics (CRPICS). Clique aqui para acessar a página de Pics no portal da SMS.
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