Secretaria Municipal da Saúde
UBS cria grupo mensal para enfrentar a obesidade e ampliar acesso à orientação nutricional

Desde julho, a população atendida pela UBS Vila Prel, na zona Sul da capital, passou a contar com o “Medida Certa, alimentar é cuidar”, grupo com quatro encontros mensais que combina educação alimentar e nutricional, metas realistas e acompanhamento por indicadores.
A iniciativa nasceu para ampliar o acesso ao serviço de nutrição da unidade, que é gerida pela organização social em saúde Einstein Hospital Israelita, reduzir a fila de espera por um atendimento individual nutricional e trazer para perto o acompanhamento nutricional de pacientes com obesidade.
“Minha agenda está repleta de pacientes com obesidade e, para evitar espera, além das consultas individuais, pensei em um atendimento coletivo para iniciar os processos. A partir daí, realizamos uma enquete na unidade com os pacientes e elaboramos uma lista com os interessados em participar”, relata o nutricionista Maurício Bonifácio, que organizou o acesso ao grupo por meio de uma triagem inicial com 50 pessoas, baseada na pesagem e na medição da circunferência abdominal.
“Expliquei aos pacientes que o objetivo era avaliar o perfil deles, conhecer seus hábitos e verificar se tinham disponibilidade e disposição para um trabalho em grupo”, conta o profissional, que atua há um ano e três meses no SUS paulistano.
Mudança de hábitos
O desenho do grupo é simples para facilitar a vida de quem trabalha: encontros mensais, às quartas-feiras, durante quatro meses. Cada encontro traz um tema e um desafio; no 1º, rotina alimentar e “comer com consciência”, usando como ferramenta o Guia Alimentar Brasileiro do Ministério da Saúde e o “prato modelo” idealmente composto por 50% de saladas e legumes, 25% de proteínas e 25% de carboidratos; no 2º encontro, a abordagem é a leitura de rótulos e o desafio da redução de açúcar. “Eles precisam saber o que estão comendo, e a maioria come muitos alimentos ultraprocessados, situação que precisamos reverter”, analisa o nutricionista.
Já o 3º encontro aborda o “comer emocional”, e a importância do controle da ansiedade e do estresse e das compensações com a comida; no 4º e último encontro, o grupo foca na reavaliação de cada pessoa e um planejamento para seguir aprendendo e mudando os hábitos. Neste último encontro, que acontecerá no próximo dia 29 de outubro, os indicadores peso e circunferência abdominal serão comparados, para que os participantes tenham noção de onde conseguiram chegar.
Segundo Maurício, as mudanças deste primeiro grupo apareceram já no primeiro mês, com muitos participantes iniciando atividade física. As sugestões preferidas foram as caminhadas no parque do bairro, o Murupi Sul, além da dança em casa e, em alguns casos, academia. “Eles dizem: ‘agora a gente olha o prato e tem noção se está demais’, conta o profissional.
O nutricionista pede para os participantes evitarem se pesar por ansiedade e focar na reeducação alimentar sem passar dietas rígidas ou plano alimentar personalizado. “Levo em conta a rotina e especificidades de cada um, o mais importante é que eles saibam que, uma vez que a regra é a alimentação saudável e se tem consciência, as exceções cabem; se antes alguém comia oito pedaços de pizza e agora se controla e come dois, está tudo bem”.
Perfis heterogêneos
O público do grupo “Medida Certa, alimentar é cuidar” é majoritariamente feminino, mas heterogêneo em idade e perfis de obesidade e sobrepeso. Dentre eles, está uma família inteira com dislipidemia (distúrbio caracterizado por níveis anormais de gorduras no sangue: lipídios, colesterol, triglicerídeos), sendo pai, mãe e filho de 10 anos; a filha de 13 anos não é obesa, mas faz questão de acompanhar os pais e o irmão caçula, para aprender a comer direito e “fiscalizar” os demais. Há ainda casos graves como uma paciente com IMC 53 (142 kg). “Ela não quer fazer a cirurgia bariátrica e diz que prefere educar-se nutricionalmente” conta Maurício. O grupo também acolhe adolescentes e idosos, com orientações ajustadas às necessidades e faixa etária.
A auxiliar de cozinha, Glaucia dos Santos Galvão, de 48 anos, revela que há três anos começou a ter problemas de sobrepeso. “Mas o mais importante é que aprendi a mudar o meu hábito alimentar; eu trabalho em cozinha de lanchonete, já tentei dieta antes mas não deu certo, só estou conseguindo agora, eu vou chegar lá”, diz.
Para ela, além do trabalho na cozinha, a grande dificuldade é o tempo que falta para fazer exercícios e os horários incertos para fazer as refeições, pois além do preparo dos pratos ela também atua no atendimento da lanchonete e, além da jornada de trabalho fora de casa, tem a rotina doméstica. Mesmo assim, garante que já percebeu uma folga nas roupas.
A ideia do nutricionista é abrir nova turma após o quarto encontro. “Em quatro meses dá para perder peso? Claro que dá, mas mesmo que a balança não acuse tanto num primeiro momento, o fundamental é mudar os hábitos alimentares; se eles seguirem as dicas e continuarem com a atividade física, já vai ser ótimo”, comemora.
HAND TALK
Clique neste componente para ter acesso as configurações do plugin Hand Talk