Secretaria Municipal da Saúde
UBS fortalece vínculo com pacientes para melhorar adesão ao programa de diabetes

Na véspera de seu atendimento para avaliação do índice glicêmico, o corretor imobiliário Douglas Nolberto Gomes, 45, espera ser parabenizado pelo seu desempenho ao longo do mês: “Esse mês eu só escorreguei umas duas ou três vezes. Vamos ver se vão puxar a minha orelha”, brinca.
Diabético, Douglas faz parte do Programa de Automonitoramento Glicêmico (Pamg) da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), que acontece em todas as 479 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) da capital. Em 2023, quando foi diagnosticado, ele recebeu o aparelho de verificação de glicemia capilar e tem acesso de forma contínua a insumos (tiras, lancetas e seringas) para o monitoramento glicêmico. Todos os meses, ele vai até a Assistência Médica Ambulatorial/Unidade Básica de Saúde (AMA/UBS) Integrada Jardim Elba Humberto Gastão Bodra, na zona leste da capital, para a equipe avaliar os níveis glicêmicos do mês.
O controle da glicemia e de outras condições clínicas é necessário para prevenir ou retardar a progressão do diabetes, que quando não controlado, pode evoluir para complicações crônicas. Por isso, com o Pamg, os pacientes recebem os insumos e são orientados a realizar a medição três vezes ao dia, algo que precisa se tornar um hábito.
Percebendo a dificuldade de adesão ao monitoramento constante, os profissionais da UBS viram a necessidade de fortalecer os vínculos com os pacientes. Então, o trabalho de conscientização e acompanhamento, além de incluir ações coletivas e visitas domiciliares, passou a contar com atendimento individual na unidade.
Feito por um profissional de farmácia, o atendimento consiste na avaliação dos índices glicêmicos registrados pelo indivíduo ao longo do mês, a explicação dos resultados e um momento de acolhimento, onde ele pode tirar dúvidas e até se sentir mais confortável para compartilhar situações que, de alguma forma, impactaram no resultado da medição. “O paciente não é só a doença dele. Ele é uma pessoa com uma vida, um trabalho, uma família... E como o diabetes está muito ligado a hábitos diários, todas essas questões impactam”, explica a farmacêutica da unidade, Christiane Zagni.
Com a abordagem individualizada integrada ao Pamg, a unidade viu a adesão ao programa, que estava em 55% em 2018, crescer para 69%. Além disso, os registros de glicemia dentro da normalidade aumentaram em 20%. “Eles dão uma bela atenção para a gente; a Christiane me explica tudo, e aí eu vou melhorando”, conta Douglas.
Por meio do suporte ao tratamento adequado, desde 2009 o Pamg já beneficiou mais de 394 mil pacientes desde que o seu início, em 2005. Atualmente, 139.539 pacientes são assistidos, sendo 85.472 mulheres e 54.067 homens.
Diabetes, a doença
Neste Dia Nacional de Combate ao Diabetes, 26 de junho, a SMS chama atenção para as estratégias de prevenção e programas de acompanhamento dos pacientes diabéticos. Um total de 652.811 foram acompanhados nos últimos anos nas 479 UBSs da cidade de São Paulo, sendo 178.610 deles com diabetes do tipo 1, de acordo com a área técnica de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) da pasta.
O cuidado às pessoas com diabetes é compartilhado por uma equipe multiprofissional, que vai além do médico e do enfermeiro. O trabalho conjunto de farmacêuticos, dentistas, nutricionistas e educadores físicos, garante um olhar integral sobre a saúde do paciente — desde o controle glicêmico, o uso correto de medicamentos e insulinas, até a saúde bucal e o estímulo à prática regular de atividade física.
Esse cuidado mostra a importância de ações contínuas de rastreamento e prevenção, com foco na mudança de estilo de vida, alimentação saudável, atividade física e controle de fatores de risco. As equipes de saúde da Atenção Básica estão na linha de frente desse enfrentamento, promovendo cuidados que previnem complicações e melhoram a qualidade de vida de milhares de paulistanos.
O diabetes ocorre quando o pâncreas não produz insulina (hormônio que controla a quantidade de glicose no sangue) ou quando não usa de forma eficaz a que produz. É uma doença caracterizada pelo comprometimento do metabolismo da glicose. O de tipo 1 ocorre quando o pâncreas produz pouca ou nenhuma insulina e, geralmente, surge na infância ou na adolescência, mas pode ser diagnosticado na fase adulta. Seu tratamento é com insulina, medicamentos, alimentação saudável, fracionada e adequada regular e regrada, e exercícios físicos para auxiliar no controle do nível da glicose.
O diabetes tipo 2 aparece mais nos adultos, na faixa dos 40 anos, pois o pâncreas já não produz insulina na quantidade que o corpo necessita. O tratamento é feito com atividades físicas e uma alimentação regular, podendo ou não incluir insulina e medicação para controlar a glicose. Vale lembrar que o diabetes tipo 2 é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) uma epidemia e é fortemente influenciado por fatores relacionados a hábitos de vida, como alimentação e sedentarismo.
Em estágios mais avançados, devido às altas taxas de glicose no sangue, a doença, quando não controlada, pode causar várias complicações, prejudicando partes do corpo e órgãos como rins, membros inferiores, os pés, os olhos (glaucoma, catarata/retinopatia diabética, cegueira), causando acidente vascular cerebral (AVC) e infarto. Já o diabetes gestacional (aumento dos níveis de açúcar no sangue na gravidez), quando não tratado, pode tornar-se crônico.
Imagens disponíveis em: https://we.tl/t-zO8yo1RqBb
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