Secretaria Municipal da Saúde

Terça-feira, 12 de Agosto de 2025 | Horário: 10:00
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Unidades de saúde da zona sul ofertam terapias antroposóficas

Modalidades das Práticas Integrativas e Complementares (Pics) destacam-se no tratamento de pacientes dependentes de álcool e drogas

O Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas III (Caps AD III) Jardim São Luiz e algumas Unidades Básicas de Saúde da zona sul, da Secretaria Municipal da Saúde (SMS),  oferecem terapias antroposóficas como parte das Práticas Integrativas e Complementares (Pics). Essas abordagens complementam o tratamento medicamentoso, cuidando do paciente de forma integral — física, vital e psíquica.

“Essas terapias permitem compreender e cuidar dos usuários de forma mais humanizada, promovendo reabilitação física, mental, emocional e social na rede pública”, afirma a gestora Roberta Frederico. Ela destaca que a adesão é um desafio, devido ao estigma enfrentado por pessoas que usam drogas. “Precisamos incentivar a participação ativa, para amenizar o sofrimento por meio do cuidado integral e holístico.”

Em 2024, o Caps AD III Jardim São Luiz realizou 1.840 procedimentos de Pics; entre janeiro e maio de 2025, já foram 1.628 atendimentos. 

Criada pelo filósofo austríaco Rudolf Steiner na década de 1920, a medicina antroposófica parte da ideia de que saúde e doença estão ligadas ao corpo, à mente e ao espírito. As práticas externas antroposóficas têm como base a utilização do calor em contato com a pele para centralizar e realinhar o paciente. “Quando o paciente não tem repertório verbal e não se adapta às práticas tradicionais, é por meio das sensações sentidas por meio dessas técnicas que transmite suas emoções”, explica a enfermeira Ana Paula Pereira de Araújo, especializada em medicina antroposófica.

Atualmente, fazem parte da agenda regular da unidade as técnicas do escalda-pés e do envoltório, como parte do projeto terapêutico singular (PTS) de alguns pacientes, de acordo com a avaliação da equipe multiprofissional. Para a oferta das práticas são disponibilizadas três salas confortáveis, com quadros nas paredes, macas e poltronas, além de tapetes, mantas e lençóis. Os espaços também são aquecidos e contam com um difusor para a aromaterapia e recursos para trabalhar a cromoterapia.

A imagem mostra o interior de uma sala identificada como “Sala de Grupo”, pertencente a um CAPS (Centro de Atenção Psicossocial). No canto direito, próximo à porta, há um mural colorido com mandalas de diferentes cores (vermelho, verde, amarelo, roxo e azul) pintadas sobre a parede branca. Mais ao fundo, vê-se uma parede decorada com desenhos de flores e formas geométricas, além de uma pintura artística com cores vivas (verde, amarelo, laranja, rosa e lilás) que cobre parte do canto esquerdo.  Dentro da sala, há um sofá bege de dois lugares, uma pia branca com dispenser de sabão fixado na parede e um cesto de lixo preto logo abaixo. À esquerda, aparece parcialmente uma maca coberta por lençóis. O ambiente é iluminado por luminárias retangulares de luz fria no teto, transmitindo uma atmosfera limpa e organizada, com decoração voltada para transmitir acolhimento e tranquilidade.
Uma das salas utilizadas para terapias no Caps Jardim São Luiz (Acervo/SMS)

Sessões duram 40 minutos
No escalda-pés, o paciente mergulha pés e panturrilhas em água quente (35 °C a 40 °C), com ou sem substâncias terapêuticas, por cerca de 20 minutos, seguido de igual tempo de descanso em maca coberta.

Ana Paula explica que a prática desloca processos de congestão da cabeça para o sistema metabólico-motor, ajudando em distúrbios do sono: “Manter os pés aquecidos equilibra o calor corporal, aumenta a circulação e reduz a atividade cerebral.” Óleos de lavanda e laranja doce são usados para relaxamento; limão, eucalipto e alecrim para ativar o metabolismo.

O paciente Sérgio Alves dos Santos, 41, relata: “Relaxei bastante e dormi. Reduzi o estresse, fiquei reflexivo e pedi perdão mentalmente. Aqui é o começo da minha vitória.”

Também com 40 minutos de duração, o envoltório utiliza lençóis aquecidos e embebidos em óleos essenciais para envolver o paciente de forma a redistribuir o calor e revitalizar o corpo. “Durante a sessão, o indivíduo acessa memórias e sensações, retornando lentamente à realidade”, diz Ana Paula.
Para o paciente Edno Alves de Paula, 32, a prática é um momento de acolhimento: “Me senti cuidado. Relaxei e dormi; pareceu muito mais tempo. Repensei a vida e quero continuar.”

As duas práticas são indicadas em ciclos de oito sessões semanais, totalizando 28 dias. Costuma-se realizar dois ciclos consecutivos, seguidos de um período de descanso e avaliação, podendo ser associadas a outras Pics.

Segundo o médico Adalberto Kiochi, coordenador das Pics na SMS, a tendência é ampliar a oferta das técnicas antroposóficas para outras regiões, conforme a demanda.

As unidades que ofertam essa práticas são gerenciadas pela Associação Comunitária Monte Azul, em parceria com a SMS.

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