Prefeitura de São Paulo

O prefeito de São Paulo inaugurou nesta segunda-feira (5/11), a réplica da escultura Emigrantes, do pintor, gravador, escultor e desenhista Lasar Segall. A escultura foi doada pelo Museu Lasar Segall, com sede na Vila Mariana. A obra original, de 1934, está exposta no museu dedicado a guardar o acervo e memória do autor.

“É importante destacar o benefício da preservação de sua memória, em especial de alguém que se dedicou muito ao Brasil, principalmente no aspecto cultural”, destacou o prefeito.

A produção da réplica é resultado de parceria entre a Secretaria Municipal de Cultura e a Associação Cultural Amigos do Museu Lasar Segall. Equipe do museu e profissionais especializados em fundição combinaram técnicas artesanais e industriais de moldagem em bronze fundido para fazê-la. Para reproduzir fielmente a obra de Segall, foi feito um molde de gesso com as dimensões originais. Depois disso, foi feito um molde em cera nas dimensões finais do molde de gesso – maior que a escultura original - , que foi preenchido com bronze fundido.

O secretário municipal de Cultura falou da relevância de expor uma obra do artista a céu aberto. “A cidade não tinha nenhum trabalho de Lasar Segall em seus parques. Tem várias obras de Victor Brecheret, que é outro grande escultor, mas não havia nenhuma dele”, comparou.

crédito das fotos - Fábio Arantes/Secom

Para o presidente do Conselho Deliberativo do Museu Lasar Segall e presidente da FAPESP, Celso Lafer, os usuários do Buenos Aires vão apreciar uma das mais importantes obras do artista. “É uma grande satisfação para o museu pode ver esta escultura num espaço público. Os usuários do parque terão o privilégio de ver uma grande obra”, concluiu.

Parque Buenos Aires

O Parque Buenos Aires era inicialmente uma praça, transformando-se em parque em 1987. Criado a partir de uma área desapropriada pela Prefeitura em 1912, com o intuito de preservar a vista sobre o Vale do Pacaembu, a praça foi projetada pelo paisagista francês Bouvard, e em seu projeto original concebia uma elevação central com mirante, onde foi instalado o telescópio e o espelho d’água que davam de frente para a Avenida Angélica.

Um grande destaque do parque são as esculturas: Veado Atacado e Leão Atacado, vindas da França e executadas em bronze; o busto do pensador argentino Rivadávia, inaugurado em 1945 em homenagem ao seu centenário, Há ainda a escultura Mãe, de Caetano Fracaroli, esculpida num só bloco de mármore que pesa cerca de 20 toneladas; Anfrite e Tritão (autor desconhecido); Tango, de Roberto Vivas e Milón de Crotona, uma cópia da obra de Pierre Puget. Cerca de 4 mil pessoas passam diariamente pelos seus 25 mil m².

O artista

De origem judaica, Lasar Segall iniciou os estudos de arte em 1905, na Academia de Desenho do mestre Antokolski, em Vilna, na Lituânia. Mudou-se para a Alemanha em 1906 e estudou na Escola de Artes Aplicadas e na Academia Imperial de Belas Artes, em Berlim. O artista também viajou para a cidade de Dresden, onde frequentou a Academia de Belas Artes. Ampliou seu contato com a pintura impressionista e realiza, em 1910, a primeira mostra individual na Galeria Gurlitt. No final de 1912, veio para o Brasil e, no ano seguinte, expôs em São Paulo e Campinas.

No mesmo ano retornou à Europa. Inicialmente, realizou uma pintura de derivação impressionista, com influência de Jozef Israël e de Paul Cézanne (1839-1906). A partir de 1914, passou a interessar-se pelo expressionismo, desenvolvendo-se plenamente nessa estética em 1917. Em 1919, em Dresden, fundou com Otto Dix (1891-1969), Conrad Felixmüller (1897-1977), Otto Lange (1879-1944) e outros, o Dresdner Sezession Gruppe 1919, grupo que agrega artistas expressionistas da cidade. Em 1921, publicou o álbum de litografias Bübüe e, em 1922, o Erinnerung an Wilna - 1917 com águas-fortes.

Voltou ao Brasil, onde fixou residência em São Paulo, no ano de 1923. Na capital paulista, Lasar Segall foi destaque no cenário da arte moderna, considerado um representante das vanguardas europeias. No ano seguinte, executou decoração para o Baile Futurista do Automóvel Clube e para o Pavilhão Modernista de Olívia Guedes Penteado (1872-1934). Foi um dos fundadores da Sociedade Pró-Arte Moderna - Spam, em 1932, da qual se tornou diretor até 1935. Dez anos após sua morte, em 1967, a casa onde morava, na Vila Mariana, em São Paulo, foi transformada no Museu Lasar Segall.