Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa
Fotos ganham mostras em SP
Exposições em museus e galerias trazem imagens realizadas por artistas brasileiros e internacionais
Com 200 trabalhos de 50 fotógrafos, coleção alemã em exibição no MAM é o principal destaque entre as mostras em cartaz na cidade
DA REPORTAGEM LOCAL
Este é um bom momento para ver fotografia em São Paulo. O principal destaque é a exposição que reúne trabalhos de 50 artistas, em sua maioria alemães, em cartaz no MAM, no parque Ibirapuera. "Mais do que os Olhos Captam - Deutsche Bank" reúne 200 imagens de uma coleção de medalhões.
Um deles é Andreas Gursky. O fotógrafo nascido em 1955 tem como marca a ampliação em grandes formatos. Aqui, ele apresenta um registro da bolsa de valores de Tóquio.
Gursky é uma sensação no mercado de arte. Em fevereiro passado, a casa de leilões Sotheby's vendeu uma foto do alemão por 1,7 milhão de libras (R$ 6,78 milhões).
"Ele trabalha com grandes obras que são como "frames" e contam uma história. É quase um filme. Há tanta informação em suas fotos que é possível fazer um retrato da sociedade contemporânea", analisa Rubens Fernandes Jr., professor da Faap e crítico de fotografia.
Para Fernandes, as fotos de Gursky funcionam como uma "síntese da visão contemporânea". "É a essência do mundo atual, ao mesmo tempo, que faz uma crítica muito forte e sutil mostrando repetição, mesmice e semelhança", aponta ele.
Na exibição em cartaz no MAM, é possível conhecer também a obra da dupla Hilla e Bernd Becher, que foram mestres de Gursky e tiveram muita influência no trabalho dele. O casal catalogou sistematicamente, na década de 70, maquinários industriais.
No começo dos anos 80, Gursky estudou na Staatliche Kunstakademie (uma escola de arte em Düsseldorf, cidade natal do artista), onde os Becher eram professores. Ele teve como colegas Sigmar Polke e Gerhard Richter -outros dois expoentes da arte contemporânea alemã presentes no MAM.
Boas surpresas
Dois fotógrafos brasileiros têm a obra elogiada por Fernandes. Christiana Carvalho, que expõe na galeria Millan, em Pinheiros, e Rogério Canella, em cartaz na galeria Vermelho, na Consolação.
"Fiquei surpreso com a qualidade do trabalho de Christiana", afirma Fernandes.
As fotos em preto-e-branco mostram edifícios encapados por plástico. "São imagens abstratas incríveis, só entendemos do que se trata porque ela denuncia ao espectador o que está fotografando", completa ele.
Segundo Fernandes, dentro das temáticas contemporâneas, a fotografia vem assumindo o papel de chamar a atenção para o banal. É justamente nesse nicho que se encaixam as fotografias de Canella.
A exposição "30 m" reúne registros de vários pontos da construção da linha 4 do metrô de São Paulo. "Canella é sempre uma ótima surpresa, traz em sua obra a banalidade da construção numa metrópole, algo que a gente não dá importância. Ele recorta fragmentos e faz composições surpreendentes", afirma o crítico.
Já o badalado Vik Muniz, cujo trabalho está em cartaz na galeria Fortes Vilaça e no Paço das Artes, não seduz Fernandes. "Ele está maneirista demais, me incomoda a repetição desse maneirismo. Seu índice de originalidade vem diminuindo a cada série", opina.
Em uma linha mais documental, a exposição "Cosmos: Três Olhares sobre a Rússia", na Pinacoteca, apresenta fotos dos brasileiros Maurício Nahas, Paulo Mancini e Ricardo Barcellos daquele país. As fotos enfocam sobretudo o cotidiano e escapam das imagens de apelo mais turístico.
(TEREZA NOVAES)
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