Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa

Entrevista

Fonte: Jornal da Tarde
Francisco Zorzete
>>ARQUITETO ESPECIALIZADO EM PATRIMÔNIO HISTÓRICO


Imóveis históricos da Capital estão ameaçados de desaparecer por causa da expansão imobiliária? O caso do Castelinho de Pirituba, na Zona Norte, chamou a atenção: o terreno da construção, que é de 1934 e está em processo de tombamento, foi comprado por uma construtora que fará ali um condomínio com duas torres residenciais. Pelo projeto, o castelinho se tornará uma área de lazer do condomínio, o que provocou a revolta dos moradores do bairro. Leia as explicações do arquiteto Francisco Zorzete, especialista no assunto:
Um imóvel tombado pode ser usado para fins privados, como neste caso do castelinho?
Pode. Muitas pessoas não compreendem, mas há uma diferença entre o tombado particular e o tombado público. Se o Conpresp (Conselho de Patrimônio Histórico) tombar a minha casa, por exemplo, posso fazer o que quiser com ela - desde que eu respeite as regras de tombamento, claro. É o caso do castelinho. Trata-se de uma propriedade com interesse cultural, porém particular.

Essas regras não prevêem, por exemplo, que o castelinho fique visível como uma referência para o bairro?
Sim, há várias regras de visibilidade. Mas se a construção das torres vizinhas dele foi autorizada pelo patrimônio histórico, os especialistas já estudaram essa questão do entorno. Não existe prédio histórico tombado que passe por esse tipo de projeto sem registro.

Existe fiscalização para que não ocorra a descaracterização de imóveis nesse caso?
Ainda falta infra-estrutura oficial. Temos casos na Capital em que arquitetos vão fazer vistorias com seus próprios carros, e departamentos que nem têm computador.

Não seria o caso de estes imóveis históricos serem assumidos pelo Estado e virarem centros culturais para a população, por exemplo?
Nem sempre . Muitos viram, mas depois falta dinheiro do Estado para mantê-los.