Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente

A parte pelo todo, ou o todo pela parte?

Aconteceu (abril/2016)

 

A primeira aula da 13ª Formação de Agentes Socioambientais Urbanos trouxe para o centro do debate da Educação Ambiental a importância da união das diferentes partes de um todo para se repensar novos meios de atuação coletiva.

 

A aula inicial, promovida pelo Programa Carta da Terra em Ação, teve como tema a Educação Ambiental na formação de coletivos. Os alunos refletiram sobre os desafios da Educação Ambiental, o que significa ser agente desta transformação e qual a melhor maneira para fazê-la em grupo.

A primeira parte da aula, a focalizadora de Danças Circulares Sagradas Estela Gomes convidou os alunos para participar de três danças, uma individual, outra coletiva em forma de espiral e outra também coletiva em forma de ciranda. Nesta última, o papel do individual se revelou ainda mais importante para a execução e aprimoramento dos passos, uma vez que o todo depende totalmente da sintonia de cada parte.

Além disso, nos colocarmos em roda, todos equidistantes do centro, é a oportunidade de nos olharmos no coletivo, o que é fundamental para a formação de agentes de transformação na cidade. “No começo, todos estávamos concentrados em nossos próprios passos. No final, passamos a olhar para o outro, a perceber e ajudar uns aos outros”, comentou um dos alunos. Conforme Estela, a partir do momento que a cautela e a atenção com o outro e com o todo aconteceu, cada parte ali se mostrou disposta a participar de um grande espiral de transformação da cidade.

A segunda parte da aula contou com a presença de Marcos Sorrentino, antigo amante da natureza, professor da ESALQ-USP, coordenador da OCA (Laboratório de Educação e Política Ambiental da ESALQ) e ex-integrante do Ministério do Meio Ambiente e da Educação. Hoje, Sorrentino é grande referência na área da Educação Ambiental dado a sua sensibilidade com o meio ambiente, com a vida e com a diversidade, e também devido a sua simplicidade de ser e atuar.
Segundo o professor, o primeiro passo para repensar as soluções e ações é nos descontruirmos. “Fomos formados por modos de produção e consumo que hierarquizaram e delegaram poder a poucos para definirem o rumo da nossa caminhada. Hoje, aumenta cada vez mais a necessidade e a possibilidade de construirmos outros modos de organização da sociedade, como a construção multicêntrica autogestionária que visa o bem coletivo, por exemplo”.

A partir dessa formação de todos os centros em um só centro, conforme Sorrentino, “torna-se possível convergir ideias diferentes e principalmente propor diálogos quanto ao que nos mobiliza e o que se pode apresentar como alternativa nessa jornada de transformação de nós próprios e da nossa forma de organização no planeta”.

O segundo passo é sempre encarar a educação como um eterno aprendizado. Quanto mais nos percebemos como aprendiz, maior é a possibilidade de aprender e promover transformações e de se aproximar dos outros. “Como diz o escritor Oswald de Andrade, para aprender é preciso devorar as culturas e os diferentes olhares”, revela o professor.

Em outras palavras, o professor sugere que a humanidade precisa deixar de se conformar e se tornar proativa por meio do autoquestionamento e compreensão com o próximo, “quem somos, como aprendemos, como tomamos decisões, como nos relacionamos e o que queremos enquanto humanidade neste planeta? Queremos nos empoderar? O que nos impulsiona? Esse autodescobrimento é o que leva à autoanálise e que possibilita a autogestão”.
Na questão ambiental, “não há como iniciarmos a autogestão se não trouxermos os problemas ambientais e sociais de forma aberta, sem dogma, preconceito e julgamento”, afirma Sorrentino, “e o maior desafio agora é como realizar coletivos capazes de colocar essas conversas no cotidiano da sociedade e como pensar nova gestão desse espaço coletivo”, completa.

Para ele, é fundamental, para além de aulas expositivas, que a gente tenha um estoque de repertório que possibilite as pessoas se aproximar do assunto de outras formas, “quando trazemos outras formas de expressão e manifestação, como dança, pintura, canto, etc., outras formas de liderança do assunto se apresentam. Cada parte nesse todo tem a sua forma de participação”.
Por fim, na tomada de decisão coletiva, não basta refletir sobre todos os assuntos. Assim como ele enfatiza, é preciso ouvir a opinião do outro e analisá-la, “é fundamental conversarmos sobre o nosso coletivo ouvindo a nós próprios, e isso reflete nossa opinião para tomada de decisão sobre o bem comum e sobre o interesse coletivo”.

E cabe ao espaço coletivo também ouvir os diferentes sonhos. “Nossa sociedade insiste em deixar nossas utopias à margem, mas são delas que surgem as grandes ideias”, comenta Sorrentino.

Ali, os participantes de todas as idades foram provocados a questionar seu papel no coletivo e entender que o grande desafio é proporcionar novos meios de se comunicar com toda a diversidade. Nessa dança, esses passos são fundamentais para a formação do grande espiral de transformação da (so)ci(e)dade.

Para saber mais, assista o vídeo completo na TV UMAPAZ.

 


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