Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa

Quarta-feira, 1 de Outubro de 2025 | Horário: 16:41
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Galã, jovem com lesão na coluna, treina capoeira na Casa de Cultura Itaim Paulista há cinco anos

Mestre Oreia garante que todos alunos independente de suas características físicas possam participar

São Paulo, 30 de setembro de 2025 No extremo leste da capital paulistana, na Casa de Cultura Itaim Paulista, todos podem praticar capoeira com o professor Oreia, às quartas e sábados, um desses alunos é Mateus Silva Lobato, jovem cadeirante de 18 anos. Conhecido na capoeira como Galã, nome dado por seu mestre, ele teve a oportunidade de praticar o esporte por cinco anos. Perto de sua residência, a Casa de Cultura consegue prover a sua prática de exercício físico assim como atividade cultural.

Eltina, sua mãe, sempre se atentou da lesão na coluna de seu filho e a partir do momento em que soube da condição, dedicou sua vida para cuidar de Mateus. Ela pensava: “Deus me mandou um filho maravilhoso e sabe que tenho forças para ampará-lo e torná-lo feliz. Vou fazer de tudo para que meu menino possa fazer o que ele gostaria de fazer e ser quem ele quiser na vida”

E é assim que hoje, com 18 de idade, Mateus Silva Lobato, cadeirante, é um dos mais aplicados praticantes de capoeira da Casa de Cultura Itaim Paulista. “Confesso que me encontrei nesta modalidade esportiva”, afirma Mateus. “A capoeira exige disciplina, entrega, dedicação e persistência, coisas que necessito aqui e em minha vida no geral. Desde de que, há cinco anos, cheguei nesta casa, me integrei com os mais de vinte participantes de grupo, independentemente de suas idades, sexo, tipo físico ou qualquer outra característica pessoal. Aqui é o meu segundo lar e aqui me sinto bem.”

Mateus atribui que grande parte desse ambiente harmonioso se deve ao trabalho do professor de capoeira, Cristiano Lima, chamado pelo seu nome de capoeira, Mestre Oreia, pelos alunos. “O esporte salva, o esporte te dá renovação todos os dias. Você faz esporte e se sente renovado todos os dias. Eu sou apenas um veículo de comunicação da capoeira para poder tentar formar cidadãos, né? Raro um aluno virar capoeirista profissional, o mais importante é formar cidadãos” explica Mestre Oreia.

É claro que Mateus não descarta a importância que dona Eltina tem tido em sua vida: “Desde o dia em que nasci, e em especial depois dos meus dois anos de idade, quando perdi meu pai, que faleceu de câncer, ela tem sido meu anjo da guarda. Ciente das minhas necessidades, ela não descuidou de mim um minuto sequer, informando-se com os médicos especialistas, realizando todos os procedimentos devidos e, principalmente seguindo as orientações do pessoal da AACD, que acompanha meu caso com todo o carinho e atenção.”

Mateus conta que desde quando ele ingressou no pré-primário, até hoje, a mãe o leva e traz da escola, bem como o transporta a todos os lugares que ele frequenta, inclusive aos treinos de capoeira, que ele pratica duas vezes por semana. “Não me importo com o trabalho que dá”, afirma dona Eltina “e faço tudo com prazer, pois fiz do conforto do Mateus minha meta de vida.”

A capoeira mudou a vida de seu filho e Eltina sabe disso mais que qualquer outra pessoa: “É bom mesmo, ele se desenvolveu bastante, antes ele era um menino muito preso, muito tímido e a capoeira soltou o Mateus”, apesar de seu filho ainda ser tímido, ele se abre com a prática capoeirista. “A Capoeira ajudou o Mateus muito. Sou muito grata por isso. O mestre dele trata ele com muito amor, faz questão de incluir ele em todos os exercícios e atividades”.

A história de Galã mostra como o acesso gratuito às atividades propostas nos diversos equipamentos públicos municipais, promovem a democratização da cultura, gerando inclusive melhorias de saúde e bem estar. A Casa de Cultura Itaim Paulista é um dos espaços mais afastados do centro da capital paulistana, a mais de 30 km de viagem de carro, no extremo leste.

Mateus é apenas um dos indivíduos dos milhares de frequentadores das Casas de Cultura e é muito grato a isso: “Posso dizer que a Casa de Cultura me ajudou a ser uma pessoa feliz e fazer um esporte. Sempre há um jeito de seguir em frente em busca de seus sonhos. Mesmo que eles sejam difíceis de serem alcançados, só o caminho em direção a eles já tem um grande valor.’”

 

Escrito por: Marcelo Lustosa | Revisado por: Suzane Rodrigues

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