Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa
'Vida loka' digital em exposição
Fonte: O Estado de S. Paulo
Quarta-feira, 14 de Março de 2007 | Horário: 10:29
Canal Motoboy mostra dificuldades da profissão em fotos e vídeos na web
:Filipe Serrano
:Filipe Serrano
Antes de começar a entrevista, Ronaldo Simão da Costa, de 34 anos, já explica: existem motoqueiros e motoboys. O primeiro tipo é aquele veterano nas entregas de moto, que está esperto quanto aos perigos do ofício. Já o 'motoboy é o molecão de 18 anos que comprou uma moto e gosta de disputar com carros e motos quem é mais rápido', afirma ele.
Diferenças sutis assim dificilmente são conhecidas por quem não faz parte do cotidiano 'vida loka'. Muito menos então os problemas enfrentados pelos motoqueiros de São Paulo. Mas a imagem negativa já começa a mudar pelo menos para Ronaldo e mais 11 motoboys. Eles se juntaram para publicar fotos, vídeos e gravações em áudio na internet e podem mostrar o dia-a-dia das correrias com o seu próprio ponto de vista.
O projeto, batizado de Canal Motoboy, foi idéia do artista espanhol Antoni Abad. Os motoqueiros receberam celulares com câmeras e a única proposta era que retratassem seu cotidiano e enviassem na hora para a internet. 'Quando as pessoas se organizam pela internet, estão mais próximas de criar uma nova realidade', afirma Abad.
O resultado, além de no site, está exposto no Centro Cultural São Paulo (Rua Vergueiro, 1.000) até o dia 5 de agosto.
Na prática, a idéia também funcionou. E para provar Ronaldo aceitou mostrar ao Link, da garupa de sua moto, como ele constrói todos os dias sua página no Canal Motoboy.
A avenida Paulista congestionada passa despercebida. A buzina não pára um segundo. Mas, se ela tanto incomoda os motoristas, para os motoqueiros é uma salvação. Em um quarteirão, um pedestre atravessa fora da faixa e, se não fosse o 'bé-bé-bé-bé' rouco da moto de Ronaldo, o risco se tonaria real. 'Não pode deixar a buzina quebrada de jeito nenhum. Não só os motoqueiros erram no trânsito. Todo mundo faz burradas. Motoristas, pedestres, ônibus... É com a buzina que a gente se salva', diz. Sempre que consegue sacar o celular a tempo, Ronaldo registra esse tipo de infração e manda para o site.
Ao chegar a um prédio de escritórios para buscar um documento, surge outro problema. 'Um predião chique e não tem lugar para estacionar a moto', mostra. Parar mesmo, só em um local a cerca de 100 metros dali.
Na portaria, Ronaldo pergunta ao recepcionista se não é permitido usar a garagem. O homem responde que depois que retrovisores de motos foram furtados e de incidentes com carros, o síndico baniu os motociclistas. Discretamente, antes de fazer a pergunta, Ronaldo já tinha colocado o celular para gravar a conversa, que seria depois enviada ao Canal Motoboy.
Ronaldo sobe pelo elevador principal, mas conta que existe discriminação com os motoqueiros. 'Tem um prédio na Faria Lima com sete elevadores. Mas, o motoboy é obrigado a descer de escada e pegar um elevador de serviço que está sempre lotado. E é o único que vai até o heliponto, então a gente tem que esperar o bacana descer', afirma.
Apesar de ter começado como um projeto artístico, o Canal Motoboy foi além. Os motoqueiros promoveram debates para discutir os problemas retratados nas fotos e fizeram uma audiência na Câmara de Vereadores para mostrar seus problemas aos representantes. Com os celulares, eles passaram por uma inclusão digital. Aprenderam a manusear as ferramentas do telefone e do computador. Agora, a idéia é transformar o projeto em uma ONG e, no futuro, até formar um canal de notícias da rua.
Diferenças sutis assim dificilmente são conhecidas por quem não faz parte do cotidiano 'vida loka'. Muito menos então os problemas enfrentados pelos motoqueiros de São Paulo. Mas a imagem negativa já começa a mudar pelo menos para Ronaldo e mais 11 motoboys. Eles se juntaram para publicar fotos, vídeos e gravações em áudio na internet e podem mostrar o dia-a-dia das correrias com o seu próprio ponto de vista.
O projeto, batizado de Canal Motoboy, foi idéia do artista espanhol Antoni Abad. Os motoqueiros receberam celulares com câmeras e a única proposta era que retratassem seu cotidiano e enviassem na hora para a internet. 'Quando as pessoas se organizam pela internet, estão mais próximas de criar uma nova realidade', afirma Abad.
O resultado, além de no site, está exposto no Centro Cultural São Paulo (Rua Vergueiro, 1.000) até o dia 5 de agosto.
Na prática, a idéia também funcionou. E para provar Ronaldo aceitou mostrar ao Link, da garupa de sua moto, como ele constrói todos os dias sua página no Canal Motoboy.
A avenida Paulista congestionada passa despercebida. A buzina não pára um segundo. Mas, se ela tanto incomoda os motoristas, para os motoqueiros é uma salvação. Em um quarteirão, um pedestre atravessa fora da faixa e, se não fosse o 'bé-bé-bé-bé' rouco da moto de Ronaldo, o risco se tonaria real. 'Não pode deixar a buzina quebrada de jeito nenhum. Não só os motoqueiros erram no trânsito. Todo mundo faz burradas. Motoristas, pedestres, ônibus... É com a buzina que a gente se salva', diz. Sempre que consegue sacar o celular a tempo, Ronaldo registra esse tipo de infração e manda para o site.
Ao chegar a um prédio de escritórios para buscar um documento, surge outro problema. 'Um predião chique e não tem lugar para estacionar a moto', mostra. Parar mesmo, só em um local a cerca de 100 metros dali.
Na portaria, Ronaldo pergunta ao recepcionista se não é permitido usar a garagem. O homem responde que depois que retrovisores de motos foram furtados e de incidentes com carros, o síndico baniu os motociclistas. Discretamente, antes de fazer a pergunta, Ronaldo já tinha colocado o celular para gravar a conversa, que seria depois enviada ao Canal Motoboy.
Ronaldo sobe pelo elevador principal, mas conta que existe discriminação com os motoqueiros. 'Tem um prédio na Faria Lima com sete elevadores. Mas, o motoboy é obrigado a descer de escada e pegar um elevador de serviço que está sempre lotado. E é o único que vai até o heliponto, então a gente tem que esperar o bacana descer', afirma.
Apesar de ter começado como um projeto artístico, o Canal Motoboy foi além. Os motoqueiros promoveram debates para discutir os problemas retratados nas fotos e fizeram uma audiência na Câmara de Vereadores para mostrar seus problemas aos representantes. Com os celulares, eles passaram por uma inclusão digital. Aprenderam a manusear as ferramentas do telefone e do computador. Agora, a idéia é transformar o projeto em uma ONG e, no futuro, até formar um canal de notícias da rua.
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