Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa

Morador de rua se instala ao redor da catedral da Sé

Fonte: Folha de S. Paulo
Moradias são improvisadas entre paredes e grades que circundam igreja

Após reurbanização da praça, com a eliminação de pontos que serviam de abrigo, moradores de rua encontraram novo espaço

FLÁVIO FERREIRA
DO "AGORA"

Cinco meses após a revitalização da praça da Sé, na região central de São Paulo, as laterais da catedral estão tomadas por moradias improvisadas entre as paredes e as grades que circundam a igreja. Os espaços, com tamanho de seis metros quadrados, são utilizados por moradores de rua, que os chamam de "malocas". As grades que os cercam têm cerca de dois metros de altura e um pequeno portão.
Segundo a secretaria da catedral da Sé, os espaços passaram a ser ocupados após as obras de reurbanização na praça, que eliminaram pontos que serviam de abrigo para os moradores de rua. A secretaria estima que cerca de 40 pessoas utilizem os locais para dormir.
Ontem, quatro mulheres ocupavam um dos compartimentos na lateral da catedral. Batizado por elas de "maloca das tigresas", o espaço tinha suas grades vedadas por cobertores e estava cheio de colchonetes e roupas.
Uma das mais velhas do grupo, Débora Bispo, 18, disse que começou a utilizar o local no início do ano, depois de deixar um abrigo municipal no bairro do M'Boi Mirim (zona sul da capital). "Abandonei minha casa muito cedo por problemas com meus pais", diz.
A reinauguração da Sé ocorreu em 25 de janeiro, após a recuperação dos monumentos da praça. Eles já voltaram, entretanto, a ser pichados.
Os canteiros com lama que foram instalados pela prefeitura ao redor dos espelhos d'água da praça -uma ação para desestimular a invasão por moradores de rua- estão secos. Com isso, os banhos e a lavagem de roupas por moradores de rua já se tornaram novamente uma rotina na praça.

Subprefeitura diz ter retirado material de áreas

DO "AGORA

A Subprefeitura da Sé diz que ontem pela manhã foi retirado um grande volume de material utilizado por moradores de rua para dormir ao redor da catedral da Sé -o suficiente para encher uma caminhão.
O órgão afirma também que não pode fazer a limpeza das áreas que estão dentro das grades da catedral, pois elas são de responsabilidade da igreja. A secretaria da catedral afirma que a direção da igreja já pediu providências à prefeitura.
Todos os dias assistentes sociais fazem um trabalho para que os moradores de rua da região dirijam-se a abrigos ou participem de programas sociais, mas eles não podem ser obrigados a deixar os locais, diz a subprefeitura.
Quanto aos canteiros da praça, a subprefeitura afirma que seus sistemas hidráulicos serão consertados em 30 dias e que o local passa por limpeza toda manhã. A Guarda Civil Metropolitana diz que ações preventivas contra pichações estão sendo intensificadas.