Viver com dor todos os dias muda a forma de andar, dormir e até de sonhar. Foi pensando em pessoas como essas que a Prefeitura de São Paulo criou os Centros de Referência da Dor (CR Dor) — serviços especializados que oferecem atendimento integral e humanizado a quem enfrenta dor crônica de diferentes origens, sejam musculoesqueléticas, neuropáticas, oncológicas ou pós-cirúrgicas.
Desde 2021, os CR Dor já somam mais de 570 mil atendimentos, distribuídos em seis unidades, nas regiões Leste, Sudeste, Norte, Sul, Oeste e Central. Cada centro recebeu investimento médio de R$ 860 mil e atua como suporte às Unidades Básicas de Saúde (UBS), oferecendo atenção especializada a casos de maior complexidade.
O que é dor crônica?
A dor crônica é aquela que persiste por mais de três meses e limita movimentos, compromete atividades rotineiras e afeta diretamente a saúde mental. Para evitar o incômodo, muitas pessoas deixam de realizar tarefas simples do dia a dia, o que gera sentimentos de dependência e incapacidade. É justamente nesse ponto que o trabalho dos Centros de Referência da Dor se torna essencial.
De acordo com a farmacêutica Sílvia Patrício Soares, que atua no CR Dor Vila Mariana há três anos, muitos pacientes chegam ao local sem perspectiva, enxergando o serviço como uma última esperança. A maioria retoma a vida após o tratamento.
Foto: Leon Rodrigues/SECOM
“Nunca vou me esquecer de uma paciente de 50 anos que, ao final do tratamento, mostrou à equipe médica uma foto dela andando de buggy com o filho durante uma viagem. Ela havia chegado ao CR Dor sem conseguir levantar da cadeira e saiu com a consciência de que ainda podia viajar e viver com qualidade”, relembra Sílvia.
O foco dos CRs é promover a retomada completa da qualidade de vida e, para isso, contam com equipes multiprofissionais. “Nosso foco está na reeducação, no autocuidado e no autoconhecimento, em entender os gatilhos da dor. A partir disso, trabalhamos na reorganização da rotina e na mudança de hábitos do paciente”, explica Sílvia. De acordo com ela, ao receber alta, o paciente é encaminhado para outros equipamentos da rede para poderem dar continuidade ao tratamento.
Equipe multiprofissional
Cada unidade conta com uma equipe multiprofissional altamente capacitada, composta por médicos especialistas (anestesiologistas, neurologistas ou fisiatras), além de enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, farmacêuticos e assistentes sociais.
O atendimento pode ser individual ou em grupo, e inclui práticas como fisioterapia, acupuntura, auriculoterapia, reeducação postural, meditação e outras terapias integrativas reconhecidas pelo SUS.
O plano terapêutico é sempre personalizado, construído junto ao paciente e voltado para recuperar autonomia, aliviar a dor e devolver qualidade de vida.
Serviço que transforma vidas
A aposentada Claudia Maria de Jesus, 52 anos, tratou dores na coluna no CR Dor Oeste e apresentou uma melhora de cerca de 70%. “Tudo o que fiz lá me ajudou bastante. Se eu não tivesse ido, acho que hoje não estaria andando como estou agora”, conta. “Quem tem dor crônica não melhora 100%, mas eu nunca mais travei.”
Na unidade da Vila Mariana, Elza de Souza, 68, faz tratamento para ligamentos rompidos e hérnia de disco. “Os profissionais são excelentes. Você sai aliviada. Recomendo para qualquer pessoa que precise, eles nos tratam muito bem.”
Para a podóloga Silvana Ribeiro, 61, que sofre com as dores da fibromialgia, o impacto é imediato. “Mesmo com pouco tempo, estou amando. É um serviço que faz muita diferença na vida da gente. Sou um exemplo vivo disso.”