Secretaria Municipal da Saúde
Grupo de Prevenção de Recaídas do CAPS Álcool e Drogas III Campo Limpo ajuda usuários a controlar o uso de drogas nos finais de semana
Por Taynara Carmo
Grupo de Prevenção de Recaídas em reunião no CAPS Campo Limpo.
O Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Álcool e Drogas III Campo Limpo promove semanalmente um encontro do Grupo de Prevenção de Recaídas para ajudar os usuários a evitar o uso de substâncias ilegais durante os finais de semana. Os encontros acontecem todas as sextas-feiras para debater fatores de uso, propor estratégias de prevenção contra recaídas e trocar experiências.
Para participar do grupo, o usuário é avaliado pelos profissionais do CAPS que elaboram o seu Projeto Terapêutico Singular (PTS) que é montado de acordo com a participação do usuário no Centro, tanto em atendimentos individuais quanto em consultas e depoimentos no “Grupo de Boas-vindas” e em outras turmas do equipamento.
Os participantes do Grupo de Recaídas são pessoas que conseguem identificar as perdas decorrentes do uso de drogas, e que buscam maneiras de reduzir o consumo. A enfermeira do CAPS, Alessandra Pereira, ministra o grupo desde o princípio – há três anos – e acompanhou de perto cada caso dos usuários que passaram pela turma. “Eles chegam aqui e não sabem o que é uma síndrome de abstinência. Chegam com muito preconceito um pelo outro. Então, o grupo trabalha também essa questão do estigma, a estratégia de prevenção, o fator de risco, de proteção, o relacionamento com a família, além da habilidade de comunicação e resolução de problema”, enumera Alessandra.
Buscando fazer com que os usuários conheçam mais a si mesmos e também a sua doença, os encontros discutem diversos temas para reforçar questões sobre comportamento e maneiras de reduzir o uso: “O CAPS trabalha na linha da redução de danos. Não podemos pode falar de abstinência total, mas há muito ganho”, afirma Alessandra.
Formado tanto por dependentes químicos quanto por alcoólatras, o grupo busca compreender o “gatilho” de cada um. “Gatilho é o que dispara o desejo de consumir. Pode ser interno, como questões sentimentais, problemas com as e coisas do cotidiano. ”, explica a enfermeira.
“A família que perdi lá fora, eu ganhei no CAPS”.
O CAPS Álcool e Drogas III Campo Limpo trabalha com uma equipe multidisciplinar capacitada para realizar cuidados referentes à demanda de álcool e drogas. Os tratamentos podem ser intensivo, semi-intensivo e não intensivo, por meio de consultas individuais ou em grupo e oficinas terapêuticas.
Usuária do CAPS e residente temporária do equipamento, Izabel Soares faz uso de crack há seis anos e encontrou no lugar um novo motivo para tentar reduzir o uso de drogas. “O grupo me ajuda bastante na prevenção do uso do crack, para na hora do ‘vamos ver’ eu parar para pensar. Aqui eu recebo muita ajuda. Eles ajudam a gente a se sentir humanizada de novo, a pensar em resolver problemas e colocar a vida no lugar. A família que eu perdi lá fora, eu ganhei no CAPS”.
Izabel que participa das atividades do Centro de Assistência Psicossocial e recebe a visita dos seus dois filhos que moram em um abrigo para crianças conta sobre o tratamento que recebe para controlar o vício: “Eles não nos cobram para parar de vez com a droga. Eles vão tentando de uma maneira mais sútil fazer a gente parar aos poucos com a substância”.
Luiz Fernando Maurício trabalhava como Agente Comunitário de Saúde, mas perdeu seu emprego por conta do uso de drogas. Participante do Grupo de Recaídas, ele divide com as pessoas da sua turma sua história e sua luta para diminuir o uso e conseguir largar o vício. Por ser usuário, Maurício explica que o preconceito das pessoas é algo presente em seu dia a dia: “Fora do CAPS nós lidamos muito com o pré-julgamento. Quando some dinheiro ou objetos, as pessoas nos acusam porque somos usuários de drogas. No mundo lá fora, não conseguimos pedir ajuda porque as pessoas não entendem; aqui, a gente consegue se abrir”, finaliza.
Serviço
CAPS Álcool e Drogas III Campo Limpo
Rua Domingo Bicudo, 385 – Campo Limpo
PTS – o que é e como funciona
"O Projeto Terapêutico Singular é um conjunto de propostas de condutas terapêuticas articuladas, para um sujeito individual ou coletivo, resultado da discussão coletiva de uma equipe interdisciplinar, com apoio matricial se necessário, composto de quatro momentos: diagnóstico; definição de metas; divisão de responsabilidades; e reavaliação. Trata-se de encontros em que as opiniões de todos os membros do grupo são importantes para ajudar a entender a pessoa com alguma demanda de cuidado em saúde e, consequentemente, para definir propostas de ações." (Fonte: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. Clínica ampliada, equipe de referência e projeto terapêutico singular– 2. ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2007).
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