Secretaria Municipal da Saúde
Um ano de Covid-19 no Brasil: veja as ações da gestão municipal no enfrentamento à pandemia
Hospital Municipal da Brasilândia, na zona norte da capital, é referência para o atendimento de pacientes com Covid-19 (Foto: Edson Hatakeyama)
No dia 26 de fevereiro de 2020, era confirmado pelo Ministério da Saúde o primeiro caso de Covid-19 no Brasil. Um homem de 61 anos, morador da capital paulista, que havia dado entrada no dia anterior no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, com histórico de viagem para a região da Lombardia, na Itália. Um ano se passou e o registro de contaminação da doença no país ultrapassa 10,4 milhões de casos e mais de 252 mil mortes.
Há 337 dias, a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo (SMS) divulga o status de enfrentamento da pandemia em boletins diários. Na capital paulista, até esta quinta-feira (25), 891.867 pessoas receberam alta após passar pelos hospitais da rede municipal, contratualizados e de campanha, ou pelo atendimento da Atenção Básica.
Por outro lado, dados informam 696.962 casos e 18.493 óbitos registrados na capital, e uma crescente taxa de ocupação de leitos de UTI na casa de 72%. A rede municipal se preparou para o enfrentamento e controle dessa grade crise sanitária, mas o descaso de parte da população com as medidas de segurança se reflete no agravamento da pandemia nas últimas semanas.
Números tristes e preocupantes
Em São Paulo não houve colapso da saúde durante a pandemia. Até o momento, a capital não deixou de atender ninguém e o trabalho de enfrentamento à doença realizado pela SMS foi exemplo para outras localidades do País.
Houve planejamento com a criação dos hospitais de campanha do Pacaembu e do Anhembi, com um total de dois mil leitos de baixa complexidade (200 deles no estádio municipal e 1.800 no pavilhão de eventos), que atenderam quase oito mil pessoas.
Os profissionais de saúde da rede foram devidamente treinados. A gestão colocou o plano de capacitação em prática antes mesmo da primeira confirmação de caso no Brasil e mais de mil trabalhadores tiveram aulas presenciais sobre fluxos de notificação e atendimento específicos aos casos suspeitos do novo coronavírus.
O enfrentamento da Covid-19 gerou um legado permanente para a cidade, com mais profissionais e equipamentos incorporados definitivamente à estrutura municipal.
Hospitais e equipamentos
Além dos dois hospitais de campanha, oito novos hospitais municipais foram inaugurados: Sorocabana, Brasilândia, Guarapiranga, Parelheiros, Capela do Socorro, Bela Vista, Santo Amaro e Brigadeiro, além de dois anexos hospitalares – M’Boi Mirim e Menino Jesus (Sé). Outra ação importante foi a reforma das instalações e estrutura do Hospital do Servidor Público Municipal (HSPM), além de reformas em quase todos os hospitais municipais. Só em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), a cidade passou de 507 para 1.340 no auge da pandemia. Hoje, são mais de mil leitos de UTI permanentes.
Em 2020, São Paulo ganhou ainda três novas Unidades de Pronto Atendimento. As UPAS Ermelino Matarazzo, Jaçanã e Tatuapé II já estão em funcionamento, desafogando os pronto-socorros dos hospitais além de otimizar e ampliar o atendimento de urgência e emergência no município.
Também foram inaugurados novos Centros de Apoio Psicossocial: Caps IJ II Cidade Tiradentes, Cangaíba e Jardim São Luiz; o Caps AD IV Redenção e o Caps IJ III Aricanduva. O Caps Adulto III Brasilândia foi reclassificado e existem mais três entregas previstas: os Caps IJ III Mooca e Cidade Ademar e o Caps IJ III Paraisópolis.
A rede de saúde mental do município conta com 94 Caps, sendo 30 deles Álcool e Drogas (AD), 32 Infantojuvenis (IJ) e 32 Adultos. Esses equipamentos serão fundamentais no apoio à recuperação da população no pós-pandemia.
Atuação nas ruas
Um trabalho incansável no enfrentamento da pandemia é realizado diariamente por agentes da rede municipal de saúde em ações lideradas pela Atenção Básica com visitas e orientações nas comunidades da cidade.
Além do acompanhamento médico, no auge da pandemia, as equipes também levaram alimentos e kits de higiene, doados pelo programa Cidade Solidária, principalmente para as pessoas em situação vulnerável.
SAMU
O ano de pandemia também marcou o reforço nas equipes e na frota do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgências). Até dezembro de 2020 foram contratados 372 profissionais: 65 médicos, 48 enfermeiros, 136 técnicos de enfermagem e 123 condutores.
De 70 veículos disponíveis no início do ano, o número de ambulâncias passou para 122, com modelos mais modernos e confortáveis com adaptações para obesos e pacientes de Covid-19. Com realocação das equipes, o número de bases subiu de 58 para 83 pontos de apoio.
Em outubro de 2020, a Central de Regulação do SAMU, que recebe todos os telefonemas do 192, mudou um prédio novo próximo à antiga Central. No novo endereço há mais 52 médicos plantonistas, três áreas de descompressão para relaxamento dos funcionários, refeitório e postos de trabalho amplificados.
Inovação e diagnóstico
Para garantir segurança de pacientes e profissionais, a gestão adotou a tecnologia como ferramenta de atendimento e criou o e-SaúdeSP. O aplicativo lançado em junho de 2020 permite a integração de prontuários dos pacientes do SUS deixando o histórico de consultas, exames e receituários na palma da mão e oferece um sistema de teletriagem específico para a Covid-19.
Durante a pandemia, a Prefeitura de São Paulo também colocou em prática um projeto de tecnologia desenvolvido pela SMS e inédito no SUS para a realização de tomografia computadorizada a distância em hospitais da rede pública de São Paulo. Cinco hospitais municipais (HM Prof. Dr. Waldomiro de Paula, HM Dr. José Soares Hungria, HM e Maternidade Mário Degni, HM Dr. Benedito Montenegro e HM Alexandre Zaio) receberam os contêineres com tomógrafos que começaram a fazer os exames em pacientes suspeitos de Covid-19 por um sistema automatizado.
Ainda no contexto do combate ao novo coronavírus, o Hospital do Campo Limpo recebeu dois novos tomógrafos. Em menos de um mês, 1.300 pacientes foram atendidos com a realização de exames complexos com tecnologia de ponta. Os funcionários da unidade passaram por treinamento técnico, a fim de utilizar todos os recursos disponíveis.
Estudos sorológicos
Em junho de 2020, a SMS deu início a um estudo analítico pioneiro: o Inquérito Sorológico Municipal para conhecer melhor a prevalência de Sars-COV-2 na população da capital.
A pesquisa aponta quantas pessoas na cidade tiveram contato com o novo coronavírus e norteia as ações da gestão municipal no controle da pandemia. Considerando a necessidade de desenhar estratégias para identificar a prevalência na infância e o percentual de transmissibilidade, também foi iniciado em 1º de outubro um Censo Sorológico entre menores de 18 anos de idade.
Em dezembro, a SMS deu início a um estudo inédito de sororreversão para mensurar os níveis de anticorpos presentes nos pacientes que testaram positivo para o novo coronavírus e participaram dos inquéritos anteriores.
Em janeiro de 2021 um novo Inquérito Sorológico foi iniciado e já se encontra em fase final de pesquisa, realizada em quatro etapas. Com índice de confiança de 95%, o resultado da terceira fase divulgado no dia 25 de fevereiro aponta 16% de prevalência da Covid-19 na população da capital contra os índices de 13,9% na segunda fase e 14,1% na primeira fase.
O estudo aponta também o relaxamento das medidas de distanciamento por uma parte da população, especialmente os mais jovens – 35,9% do total de testados admitem frequentar locais não essenciais (restaurantes, cafés, bares, hotéis, academias, atividades religiosas). Os assintomáticos são 43% - vale lembrar que apesar de não terem sintomas, esses pacientes dissipam o vírus em suas casas e locais de trabalho.
Vacinação
Em março de 2020, a capital paulista deu início à campanha de vacinação da gripe contra o vírus Influenza. A Secretaria Municipal da Saúde imunizou 93,4% do público-alvo e facilitou o diagnóstico por Covid-19.
No dia 19 de janeiro de 2021 teve início a campanha de vacinação contra o novo coronavírus na capital. Devido à escassez de doses disponibilizadas pelo Ministério da Saúde, a imunização é faseada por grupos prioritários e faixas etárias, e começou pelos profissionais da linha de frente no combate à Covid-19.
O número de doses da vacina contra a Covid-19 aplicadas na cidade de São Paulo passa de 644 mil. Dados da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa) apontam que até as 14h de quinta-feira (25), 495.778 pessoas receberam a primeira dose da vacina e 148.681 já tomaram também a segunda aplicação, totalizando 644.459 doses aplicadas na cidade.
Entre os idosos de 85 a 89 anos, já receberam a primeira dose 70.972 e, 3.621 a segunda dose. O público com mais de 90 anos totaliza 46.768 pessoas com a primeira aplicação realizada e 4.072 já com a segunda dose do imunizante.
Nos números totais também estão pessoas com 60 anos ou mais residentes em instituições de longa permanência (institucionalizadas); pessoas a partir de 18 anos de idade com deficiência, abrigadas em Residências Inclusivas (institucionalizadas); indígenas aldeados; profissionais sepultadores, veloristas, cremadores e condutores de veículos dos cemitérios públicos e privados do município de São Paulo.
A vacinação para mais de 140 mil idosos com idade entre 80 e 84 anos terá início neste sábado (27). A cidade disponibilizou postos de vacinação em todas as 468 UBS, mais três centros-escolas e cinco postos no sistema drive-thru no Anhembi, Pacaembu, Interlagos, Arena Corinthians e Igreja Boas Novas, na Vila Prudente.
Mesmo com tanto empenho e tantos avanços, os números deste ano de enfrentamento refletem que a falta de comprometimento de parte da população impacta negativamente na evolução da pandemia.
Se as simples medidas protetivas de uso correto de máscara, higienização das mãos e manutenção de distanciamento social não forem de fato respeitadas, o número de casos e mortes pode se agravar ainda mais em poucos dias, colocando em risco o pleno funcionamento do sistema de saúde.
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