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Equipe recebeu flores de idosa vacinada no posto drive-thru do Estádio do Pacaembu: gesto de carinho (Foto: Secretaria Municipal da Saúde) 

Aos 82 anos, ela ficou quatro horas na fila de espera da vacina na tarde de sábado (27), no posto drive-thru do Estádio do Pacaembu, em São Paulo. Mas dona Angelina de Andrade não se abalou. Pelo menos não com a espera. A filha Maria Lúcia Andrade Ramos, 62 anos, conta que dona Angelina passou boa parte do tempo comentando que estava preocupada com as equipes trabalhando, inclusive na chuva.

Nenhuma das duas teve Covid-19, mas os dois filhos de Maria Lúcia foram infectados pelo coronavírus e tiveram manifestações de sintomas leves, sem necessidade de internação. No último ano, devido à pandemia, mãe e filha saíram de casa muito eventualmente, para uma consulta médica, ida à farmácia ou ao mercado, e também para tomar a vacina da gripe na UBS Vila Madalena, na rua Purpurina. A família também não se reuniu para celebrar o Natal como costumava.

Passava das 19h quando avisaram que a imunização naquele dia estava encerrada. Com tranquilidade, mãe e filha voltaram para casa no bairro de Pinheiros dispostas a voltar na manhã deste domingo (28), para que dona Angelina tomasse a vacina e também entregasse o ramalhete de flores do campo e o bilhetinho de gratidão que fez questão de levar.

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“Vocês não têm que agradecer. A gente que tem. Foi uma coisa tão simples...”, comenta dona Angelina, também conhecida por Ângela, com a voz emocionada. “Eu sempre acho que médico, enfermeiro e as pessoas da saúde trabalham demais. Não custa fazer um carinho. Ontem (sábado) mesmo, a gente esperou quatro horas. Hoje (domingo), foi rápido, nem cinco minutos. Eles estavam todos lá. Uma beleza.”

Dona Angelina recebeu a primeira dose da vacina neste domingo (28), por volta das 10h, das mãos da enfermeira Célia Cristina Maranini Nogueira, responsável técnica na Unidade Básica de Saúde (UBS) Sé, que recebeu o agradecimento endereçado aos profissionais de saúde.

“Hoje é um dia muito especial para as muitas pessoas que estão recebendo a vacina e nós estamos aqui trabalhando, em meio a essa pandemia. Muitos profissionais pegaram a doença. Perdemos parentes, perdemos amigos, mas a cada dia temos que provar alguma coisa, que estamos fazendo o certo, apesar de estarmos fazendo a diferença na vida das pessoas, muita gente não acredita. Mas hoje, num gesto espontâneo, recebemos flores. Todos ficaram surpresos. A gente se emocionou e pensou no amor da dona Angelina”, contou a enfermeira Célia, complementando: “Que existam muitas Angelinas em nossas casas, no nosso trabalho, pelo Brasil e pelo mundo”.

No sábado, a caminho do posto de vacinação, Maria Lúcia comprou as flores a pedido da mãe, que ficou comovida ao ver no noticiário da TV uma idosa levar a um posto de vacinação, no Nordeste, um vaso de flores de papel crepom feito por ela.

“Minha mãe me disse ‘vamos levar umas flores também, algo bonito, mas que dê para levar pra casa no ônibus ou no trem, sem atrapalhar’”, conta a filha sobre o pedido e a preocupação da mãe, que fez questão de escrever o cartão: “Através de você agradeço a todos profissionais da saúde por cuidar de todos nós. Um abraço de alma, Angelina de Andrade”.