Secretaria Municipal da Saúde

Sexta-feira, 11 de Abril de 2025 | Horário: 11:00
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Saúde Municipal oferece reabilitação para pacientes com Parkinson

Centros Especializados Reabilitação são um dos pontos da rede de saúde que oferece tratamento para pacientes acometidos por essa doença
A imagem mostra uma cena de reabilitação ou terapia ocupacional com o uso de tecnologia interativa. Um homem em cadeira de rodas está interagindo com uma parede onde é projetada uma imagem digital colorida com o tema de lavanderia (laundry). Ele toca com a mão a projeção, que inclui ilustrações de roupas penduradas, uma máquina de lavar e armários. Ao lado dele, uma profissional de saúde — possivelmente uma terapeuta ocupacional ou fisioterapeuta — observa e o acompanha atentamente. Ambos estão vestindo jalecos brancos, o que indica um ambiente clínico ou hospitalar. A terapeuta segura a cadeira de rodas, demonstrando apoio ao paciente durante a atividade. A projeção parece ser parte de um sistema de reabilitação digital que estimula funções cognitivas e motoras, por meio de atividades do cotidiano em formato interativo. A cena transmite cuidado, inovação tecnológica na saúde e humanização no atendimento

A doença de Parkinson atinge entre 1% e 2% da população com mais de 65 anos, afetando os movimentos da pessoa, causando tremores, lentidão de movimentos, rigidez muscular e desequilíbrio. A Unidade Básica de Saúde (UBS) é o ponto de partida para o diagnóstico e acompanhamento inicial desta condição, além do encaminhamento para o neurologista e Centros Especializados em Reabilitação (CERs), equipamentos que integram a Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência.

Quanto mais cedo a pessoa com Parkinson receber o diagnóstico e iniciar o tratamento multidisciplinar, menor será o impacto na sua qualidade de vida. A maioria das pessoas tem os primeiros sintomas a partir dos 50 anos de idade. Mas pode também acontecer nas idades mais jovens, embora os casos sejam mais raros.

O diagnóstico da doença de Parkinson é clínico, feito com base nos sintomas do paciente e avaliação detalhada. Não existe um exame específico para confirmar a doença. É uma condição neurológica progressiva e atualmente não tem cura.

A progressão é desigual entre os indivíduos e, à medida que a doença progride, o paciente pode apresentar uma série de sintomas que afetam a mobilidade, a fala, a escrita, a deglutição e o equilíbrio, por exemplo.

Podem ainda apresentar outros sintomas que variam de pessoa para pessoa, tais como: diminuição do olfato, alterações do sono, mudanças de humor (com possíveis episódios de depressão e ansiedade), incontinência ou urgência urinária, dor no corpo e fadiga. Nos quadros clínicos mais avançados, a doença pode estar associada a quedas, infecções por broncoaspiração e até demência, condições que apresentam maiores riscos à saúde.

Já o tratamento do Parkinson é voltado para o controle dos sintomas, melhorar a qualidade de vida dos pacientes e retardar a progressão da doença. Pode incluir medicação, intervenções da equipe multidisciplinar e mudanças no estilo de vida, através de exercícios físicos regulares, alimentação saudável e sono adequado.

A importância da reabilitação

O atendimento da equipe multidisciplinar ao paciente com doença de Parkinson é fundamental para o manejo da doença, visto que ela afeta diferentes aspectos da saúde, tanto físicos quanto emocionais.

A abordagem multidisciplinar envolve uma série de profissionais que trabalham de forma integrada para melhorar a qualidade de vida do paciente e proporcionar cuidados específicos para cada necessidade

Nos CERs, os pacientes com Parkinson contam com uma equipe multiprofissional formada por psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, enfermeiros, médicos, dentre outros que oferecem tratamento integrado com o objetivo de gerenciar a evolução da doença e proporcionar qualidade de vida.

Um exemplo disso acontece no CER III Interlagos, que possui as modalidades de reabilitação física, intelectual e auditiva. Ali, como nos demais equipamentos da rede municipal, o cuidado para cada paciente tem como base o Projeto Terapêutico Singular (PTS), que é desenvolvido pela equipe multidisciplinar.

O CER III Interlagos oferece aos pacientes com Parkinson a possibilidade de participar de um grupo realizado semanalmente para os pacientes em acompanhamento.

“A maioria dos pacientes no grupo é de idosos com diagnóstico fechado”, explica Michele Clemente da Silva, gerente do CER III Interlagos. Segundo ela, além das sessões de reabilitação, é feito o esclarecimento do diagnóstico e dos sintomas tanto para os pacientes quanto para os familiares. “O CER tem um olhar holístico, fazemos uma análise de funcionalidade por meio de uma avaliação multiprofissional, que é a base da estratégia do Projeto terapêutico Singular (PTS); não tratamos a doença, e sim o ser humano em toda a sua complexidade”.

A fisioterapeuta Juliana Caetano Pinto reforça a importância do trabalho em conjunto “Não acreditamos no trabalho segregado”. Ela conta que a fisioterapia é muito importante para os pacientes com Parkinson, uma vez que os exercícios aplicados proporcionam a preservação da autonomia. “O objetivo das nossas atividades é postergar a perda das funções, pois com o avanço da doença, os pacientes perdem a capacidade e o ritmo motor”.

Realidade virtual integra arsenal de recursos

Nos CERs, as terapias acontecem com diferentes abordagens a cada sessão. Entre elas, está a Terapia virtual com o uso do recurso Nirvana para atividades motoras e intelectuais que contempla seis exercícios numa sessão de 45 minutos.

Por meio do Nirvana, dispositivo médico que usa realidade virtual para ajudar na reabilitação motora e cognitiva, são oferecidos estímulos visuais, treinamento de equilíbrio e coordenação motora, sempre encorajando o paciente a participar e opinar sobre as tarefas desempenhadas. “Mesmo para quem que está na cadeira de rodas, o exercício estimula o paciente a tomar uma decisão sobre qual movimento irá realizar para alcançar o desafio do jogo, que é proposto de forma lúdica”, reforça Juliana.

Como a rigidez na musculatura provocada pelo Parkinson interfere na deglutição e na comunicação, o trabalho de fonoaudiologia é outra frente importante para melhorar a comunicação. O objetivo é que o paciente consiga elaborar a fala, articular melhor e comer com segurança. “O resultado acontece a longo prazo, principalmente quando conseguem seguir as orientações e exercícios para fazer em casa; mesmo em casos avançados, com orientações é possível prevenir agravamentos”, explica a fonoaudióloga Beatriz Santana do Carmo.

O paciente Raimundo Carvalho Neves, 65, que há cinco anos sabe do diagnóstico de Parkinson, diz que se sente acolhido pela equipe do CER. “Meu filho me traz uma vez por semana. Gosto de participar de todas as atividades, inclusive do exercício do Nirvana. Sinto-me melhor, fisicamente, quando venho aqui, e ainda continuo com as atividades de pedal em casa”, relata.

Já Belino dos Santos Silva, que há dois anos é atendido no CER III Interlagos, embora enfrente dificuldade para andar e tenha a fala prejudicada, diz que gosta de fazer todas as atividades, e além disso fez amigos. “Sou bem acolhido e me sinto bem aqui”. 

Cuidar de quem cuida

Os profissionais do CER III Interlagos enfatizam que o êxito das terapias de reabilitação depende em grande parte da motivação do paciente e da sua rede de apoio, como amigos e familiares. Por isso, a assistente social Tamires da Silva acolhe os cuidadores dos pacientes com Parkinson. Para eles, são oferecidas dicas de autocuidado e rodas de conversa.

 

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